Transplantes são seguros e salvam vidas, dizem entidades
Claudio Cezar Alves da Silva recuperou sua qualidade de vida graças ao Sistema Nacional de Transplantes. Em 1994, ele foi diagnosticado com uma doença renal e passou a realizar sessões frequentes de hemodiálise — um tratamento que remove substâncias tóxicas do sangue, funcionando como um rim artificial — até conseguir um transplante. Hoje, aos 58 anos, é um defensor do sistema que já o salvou outras vezes e atualmente está na fila para receber o terceiro rim.
“Eu confio muito no sistema; ele tem credibilidade”, afirma Silva, que é presidente da Associação dos Renais e Transplantados do Estado do Rio de Janeiro. Ele se dedica a ajudar outros pacientes e suas famílias a confiarem nos tratamentos e, quando necessário, nos transplantes.
“A hemodiálise te mantém vivo. Graças a Deus, você tem uma máquina que, três vezes por semana, durante quatro horas, faz o que os rins não conseguem. Mas nada é melhor do que recuperar sua liberdade. Cuidar de si mesmo é fundamental para ter qualidade de vida e prolongar a durabilidade do órgão transplantado. Isso depende dos cuidados diários com alimentação e exercícios”, explica.
Silva ficou surpreso ao saber que alguns pacientes transplantados no Rio de Janeiro foram infectados por HIV. “Imagina, você está em expectativa e vem essa notícia. É um baque, mas não posso deixar isso me abalar. Foi um erro, e erros acontecem. Pode ter sido grave, mas vamos seguir em frente. Estou indo para o terceiro transplante porque acredito no sistema. Isso só me dá mais força para lutar e incentivar outros a saírem dessa fila”, defende.
O Sistema Nacional de Transplantes é o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, garantido a toda a população pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que financia cerca de 88% dos transplantes no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.
Os transplantes podem salvar vidas e melhorar a qualidade de vida, especialmente no caso de órgãos não vitais, como os rins. Com um transplante, é possível prolongar a expectativa de vida e retomar as atividades normais.
Segurança
O caso do Rio de Janeiro é inédito. Assim que a situação foi divulgada, entidades médicas, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES) e o Ministério da Saúde se mobilizaram em defesa do Sistema Nacional de Transplantes.
Entre as entidades está a Sociedade Brasileira de Córnea (SBC), que destaca que o sistema funciona há décadas, permitindo a recuperação da visão de milhares de pessoas. “O sistema de transplante de córnea é reconhecido como um dos melhores do mundo”, afirma o presidente da SBC, José Álvaro.
Ele explica que um dos pacientes recebeu transplante de córnea de um doador infectado por HIV, mas, como a córnea não é vascularizada, o paciente não contraiu o vírus.
A córnea é uma estrutura transparente na parte frontal do olho e pode ficar opaca devido a certas doenças, prejudicando a visão e levando à cegueira. O transplante oferece a chance de os pacientes recuperarem a visão.
Álvaro considera o caso do Rio de Janeiro “sério” e em investigação, mas enfatiza que isso não deve comprometer a confiança em um sistema que “salvou a vida de milhões e devolveu a visão a milhares”.
De acordo com o Ministério da Saúde, 44.777 pessoas aguardam por transplante no Brasil. A maioria, 41.395, está na fila por um rim, seguida por 2.320 pessoas que esperam por fígado e 431 por coração. São Paulo tem o maior número de pessoas na fila, com 21.564, enquanto o Rio de Janeiro ocupa o quinto lugar, com 2.167 na lista de espera.
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