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Combate à paralisia infantil

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No dia 24 de outubro é comemorado o Dia Mundial de Combate à Poliomielite. Apesar de o último caso da doença registrado no Brasil ter sido em 1989 e, em 1994, o País ter recebido o certificado de erradicação emitido pela Opas/OMS (Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial de Saúde), os dois organismos internacionais já declaram o risco alto de a poliomielite voltar, devido à baixa cobertura vacinal nos últimos anos.

“É muito assustador. Não podem, de forma alguma, deixar de vacinar. As mães têm que levar (as crianças) o mais rapidamente possível, porque as consequências são para a vida inteira. Pesam mais ainda com a idade”, alerta Cidinha Siqueira, ex-vereadora por Goiânia em dois mandatos, ex-superintendente da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e ex-secretária de Mobilidade Reduzida e Acessibilidade, e cadeirante em decorrência da pólio. 

Preocupada com as possíveis consequências da baixa na vacinação, Cidinha Siqueira alerta aos pais, para que esses tenham o comprometimento de oferecer as doses aos filhos. “Para mim, são gotinhas de amor”, ressalta. 

Cidinha contraiu pólio aos 9 meses de idade. Ela conta que, na época, em 1961, os pais vieram a Goiânia para vaciná-la. A família morava em Goiandira, município a cerca de 260 km da Capital, e esperou durante um mês para imunizar a bebê. Entretanto, apesar da espera, não foi possível ministrar o imunizante. “O médico disse aos meus pais que a gente podia ir embora para nossa cidade, que a vacina logo estaria lá. Uma semana após voltar para casa, fui contaminada.” 

“Meus pais me amaram muito. Entretanto, não foi possível me vacinar, apesar da tentativa”, relembra. Porém, atualmente, a situação é diferente. “À época os governantes não tinham o cuidado que possuem hoje. Eles disponibilizam as vacinas. Hoje, os pais são os responsáveis pela vacinação ou não”, afirma Cidinha. 

Outro alerta feito pela pedagoga e psicóloga é para as consequências irreversíveis da doença, a exemplo da síndrome pós-pólio (SPP). “Além de não haver tratamento para reverter as sequelas. À medida que ficamos mais velhos [hoje aos 61 anos] surgem outros problemas de saúde em decorrência da síndrome pós-pólio”, alerta. 

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Além das consequências físicas, Cidinha chama a atenção para outras dificuldades enfrentadas pelas pessoas que contraíram pólio e ficaram com sequelas. “A gente enfrenta várias barreiras físicas que trazemos no nosso corpo. E ainda, as de acessibilidade, e as barreiras do preconceito. Tudo isso é possível evitar com a vacina”, enuncia ao chamar os pais à consciência. 

Enquanto política, Cidinha trabalhou pela melhoria das condições de acessibilidade, e terminou o último mandato em 2012. “Deixei 69 leis sancionadas, voltadas à acessibilidade”, explica. Para ela, Goiânia caminha para ser uma cidade mais acessível, com rampas, piso tátil, inclusive, com acessibilidade nos ônibus. Entretanto, lembra que tantas outras cidades não possuem todo o aparato oferecido na Capital, o que aumenta as dificuldades para as pessoas deficientes. 

Baixa cobertura vacinal

A médica do trabalho Érica Paiva Braga, servidora da Alego, lembra que a poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada por vírus que pode infectar crianças e adultos, e, em casos graves pode acarretar paralisia nos membros inferiores. “A vacinação é a única forma de prevenção. Todas as crianças menores de 5 anos devem ser vacinadas.”

Érica ressalta ainda que, graças à vacinação, a pólio foi eliminada das Américas em 1994, sendo a primeira região do mundo a alcançar esse resultado. Entretanto, a médica salienta que essa conquista pode ser perdida se o índice de cobertura de vacinação continuar tão baixo quanto está hoje, em 69%, muito longe do ideal de 95% ou mais. 

Atualmente, o Brasil é um dos países das Américas com alto risco para reintrodução dessa doença, devido à baixa cobertura de vacinação no País, que tem caído a cada ano.

Por isso a necessidade de conscientizar a população sobre a necessidade de aumentar a cobertura vacinal contra a poliomielite.

Pólio 

O portal eletrônico do Ministério da Súde informa que a poliomielite ou pólio é uma doença contagiosa aguda causada por um vírus que vive no intestino, denominado poliovírus. O microorganismo pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas infectadas e provocar ou não paralisia.

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As más condições habitacionais, falta de saneamento e a higiene pessoal precária constituem fatores que favorecem a transmissão do vírus. A única forma de prevenção possível para a doença é a vacinação.

Até que a poliomielite seja erradicada no mundo (como ocorreu com a varíola), existe o risco de um país ou continente ter casos importados e o vírus voltar a circular em seu território. Para evitar isso, é importante manter as taxas de cobertura vacinal altas e fazer vigilância constante, além de outras medidas.

Existem duas vacinas contra a poliomielite: a VPO-Sabin, ou vacina da gotinha,  que faz parte do Calendário Nacional de Vacinação. Deve ser aplicada aos 2, 4, 6 e 15 meses de idade e até os 5 anos, as crianças devem receber doses de reforço anualmente. A outra é a vacina VIP ou Salk, administrada por via intramuscular, é indicada para pessoas expostas, com baixa imunidade, ou que viajarão para regiões onde o vírus ainda está ativo.

As vacinas contra a pólio foram desenvolvidas a partir do trabalho conjunto dos cientistas Jonas Salk e Albert Sabin, e dos que os antecederam nas primeiras pesquisas com vírus conduzidas a partir do início do século 20.

Síndrome pós-pólio

A síndrome pós-pólio (SPP) é uma desordem do sistema nervoso que se manifesta em indivíduos que tiveram poliomielite, após, em média, 15 anos ou mais. Os sintomas podem incluir:

  • Uma fadiga, cansaço muscular súbito, sensação generalizada de exaustão;
  • Novo enfraquecimento dos músculos, seja dos que foram originalmente afetados ou aqueles não afetados;
  • Dores nos músculos e/ou nas articulações;
  • Perturbações do sono;
  • Dificuldade de respiração;
  • Dificuldade de deglutição;
  • Diminuição da capacidade de tolerância de temperaturas baixas;
  • Redução na capacidade de efetuar as atividades diárias, tais como andar, tomar banho entre outras.

Fonte: Assembleia Legislativa de GO

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