Política

Bem-estar físico e mental

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“O que melhora o atendimento é o contato afetivo de uma pessoa com a outra. O que cura é a alegria, o que cura é a falta de preconceito.”

Essas afirmações são da notável psiquiatra e escritora brasileira Nise da Silveira (1905-1999), e traduzem bem o espírito que move as comemorações na data de hoje, o Dia Internacional da Medicina Integrativa. O movimento integra uma vasta diversidade de abordagens terapêuticas que, em seu conjunto, convergem para o que a Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças”.

Por oportuno, vale destacar que o mês de janeiro vem sendo também adotado como referência para o movimento em prol da cultura da saúde mental na humanidade, o chamado “Janeiro Branco”.

Na perspectiva de ter o paciente como um agente de seu próprio bem-estar, essas abordagens fazem ecoar o apelo de Nise ao promover uma atuação que, segundo o Ministério da Saúde, está focada “na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade”.

Em vigor desde 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPICs) garante, atualmente, a oferta, via Sistema Único de Saúde (SUS), de 29 procedimentos terapêuticos, com atendimentos individuais e coletivos. O Ministério da Saúde estima que, a cada ano, mais de 2 milhões de pessoas sejam beneficiadas por essas práticas, que integram a Atenção Básica de mais de 3 mil municípios.

Entre os 29 procedimentos terapêuticos, incluem-se: 1) Apiterapia, 2) Aromoterapia, 3) Arterapia, 4) Ayurveda, 5) Biodança, 6) Bioenergética, 7) Constelação Familiar, 8) Cromoterapia, 9) Dança Circular, 10) Geoterapia, 11) Hipnoterapia, 12) Homeopatia, 13) Imposição de Mãos, 14) Medicina Antroposófica, 15) Medicina Tradicional Chinesa (MTC), 16) Meditação, 17) Musicoterapia, 18) Naturopatia, 19) Osteopatia, 20) Ozonioterapia, 21) Fitoterapia/Plantas Medicinais, 22) Quiropraxia, 23) Reflexoterapia, 24) Reiki, 25) Shantala, 26) Terapia Comunitária Integrativa, 27) Terapia de Florais, 28) Termalismo Social/Crenoterapia e 29) Yoga. Para mais detalhes sobre a política e cada uma das modalidades listadas, clique aqui.  

Importante notar, que, ao se rebelar contra os agressivos tratamentos psiquiátricos da época, como o eletrochoque e a lobotomia, Nise da Silveira acabou sendo uma das pioneiras e mais ilustres defensoras da arteterapia como aliada da saúde mental. Ao usar a arte como uma forma de dar voz aos conflitos internos vivenciados por pacientes esquizofrênicos, a psiquiatra alagoana contribui para a humanização dos atendimentos na área, luta que culminou no fechamento dos chamados hospícios, a partir da promulgação da Lei Antimanicomial, em 2001.

Nise faleceu em 1999, aos 94 anos. Os resultados de seu trabalho estão reunidos no Museu de Imagens do Inconsciente, que foi fundado em 1952, no então Centro Psiquiátrico de Engenho de Dentro (Rio de Janeiro), onde a médica construiu seu legado. O espaço abriga atualmente cerca de 350 mil obras de pacientes com transtornos mentais, que ganharam exposições ao redor do mundo. Vale destacar que o mês de janeiro vem sendo, também, adotado como referência para o movimento em prol da cultura da Saúde Mental na humanidade.  

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Em Goiás 

Política correlata passou a integrar a rede estadual em 2009, por força de projeto do ex-deputado Luis Cesar Bueno (PT).  Mas experiências anteriores de Práticas Integrativas e Complementares (PICS) vêm sendo aplicadas desde 1986, com a fundação, em Goiânia, do antigo Hospital de Medicina Alternativa. A unidade integra a Rede Estadual de Saúde de Goiás (SES/GO), sendo referência nacional em tratamentos fitoterápicos e homeopáticos. Em 2015 a instituição passou a ser denominada Centro Estadual de Referência em Medicina Integrativa e Complementar (Cremic). 

Segundo informações disponibilizadas no site da SES, o Cremic atende, atualmente, em média, em seu ambulatório, 200 pacientes por dia, em consultas e serviços de medicina tradicional chinesa (acupuntura, auriculoterapia, ventosaterapia, moxabustão, práticas corporais chinesas), homeopatia, plantas medicinais e fitoterapia, meditação, osteopatia, reiki, terapia comunitária integrativa, aromaterapia, bioenergética, constelação familiar e terapia de florais. Mantém, ainda, em andamento, programa de produção de medicamentos fitoterápicos e homeopáticos, viabilizados em seu horto medicinal; projeto de enfrentamento da dengue pela homeopatia; e uma central de produção de alimentos alternativos, com horta de Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc’s). Essas últimas atividades corroboram, igualmente, com a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), também em vigor desde 2006.

Na Alego

Terapias integrativas foram destaque em ações sociais realizadas pelo Parlamento Goiano na 19ª Legislatura. Um exemplo especial desses atendimentos não convencionais em saúde ocorreu durante a 15ª edição do programa Alego Ativa, quando, em maio do ano passado, o evento itinerante, promovido para aproximar o Legislativo de Goiás dos municípios goianos, foi recebido pela cidade de Rio Verde. 

Até mesmo o presidente da Casa, deputado Lissauer Vieira (PSD), entrou para a fila dos atendimentos, experimentando, pela primeira vez, os serviços ofertados pelo Cremic, que foi parceiro do programa na ocasião. Após tomar a dose do medicamento homeopático contra a dengue, ele foi atendido pela servidora Maria de Fátima Almeida, a Fafá do Cremic, que aplicou a técnica da auriculoterapia, no anfitrião do evento. “Estou fazendo uma harmonização, pegando os pontos principais para essa finalidade”, explicou, enquanto ia grudando os grãozinhos de mostarda na orelha do chefe da Alego. 

Ela destacou os pontos do sono, da ansiedade, do relaxamento do músculo do ombro. “Ele é um cara que trabalha muito, carregando o peso que o povo não quer carregar. Isso aqui é a profilaxia da ansiedade, para prevenir que ele seja acometido por esse mal”, explicou Fafá. 

A presença em eventos como o Alego Ativa é, hoje, a principal forma da população do interior acessar os serviços do Cremic, cujas atividades estão concentradas em Goiânia. Para receber os atendimentos, na Capital, os usuários precisam solicitar encaminhamento no posto de saúde mais próximo de sua residência. 

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Medicina Tradicional Chinesa

A técnica aplicada em Lissauer constitui uma parte importante da chamada Medicina Tradicional Chinesa (MTC), mais popularmente conhecida pelo nome de acupuntura. A auriculoterapia, em particular, é uma terapia de microssistema que consiste na estimulação mecânica de pontos específicos do pavilhão auricular (orelha). É recomendada para o alívio de dores e para o tratamento de problemas físicos e psíquicos, ajudando a diagnosticar doenças através da observação de alterações nos pontos estimulados. Os estímulos são feitos, principalmente, com o auxílio de grãos de mostarda, mas outros materiais granulares, como miniesferas metálicas e até mesmo microagulhas, também podem ser igualmente utilizados. 

A MTC envolve um conjunto articulado de técnicas que, além da auriculoterapia e da acupuntura (aplicação de agulhas finas em pontos específicos do corpo), incluem, ainda, a ventosaterapia (sucção com copos), a moxabustão (estimulação de pontos por meio do calor), o Tui Na (massagem) e uma série de práticas corporais, como chi gong e tai chi chuan. Juntas, elas visam estimular certas partes do corpo para evocar os canais onde circulam a energia vital do organismo humano, ajustando o funcionamento fisiológico para curar doenças. 

Isso é o que explica o professor Zhang Xuanping, da Universidade de Medicina Chinesa de Hebei, na China. “Essas técnicas são aplicáveis em diversos tipos de doenças e adequam-se a necessidades terapêuticas na medicina interna, na cirurgia, na ginecologia e na medicina preventiva. Produzem curas rápidas e apreciáveis, aumentando a resistência às doenças e estimulando o alívio da dor. Geram leves efeitos colaterais, são geralmente seguros e podem ser aplicados juntamente com outras terapias”, enumera o especialista, que também ministra aulas de MTC no Instituto Confúcio da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Oficializada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a modalidade integra a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNICs), sendo uma das 29 abordagens terapêuticas atualmente reconhecidas pelo Ministério da Saúde. 

Em Rio Verde, tratamentos em MTC são disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde, que foi responsável pela oferta das sessões de acupuntura na 15ª edição do Alego Ativa. O acupunturista Wmarley Guimarães comandou os atendimentos. “É um trabalho maravilhoso. Já fiz mais de 10 mil atendimentos pelo SUS, beneficiando muita gente com esse tratamento”, comentou, entusiasmado. 

Wmarley, que também é fisioterapeuta e atua como acupunturista desde 2004, listou algumas das principais patologias já tratadas em seus atendimentos. Segundo ele, dor de cabeça e na coluna, depressão, ansiedade e estresse e fibromialgia são alguns dos tratamentos com melhores resultados alcançados ao longo desses anos.

Fonte: Assembleia Legislativa de GO

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