Política

04/02 – Dia Mundial do Câncer

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Uma doença agressiva, assustadora e de difícil cura, apesar de não significar mais uma sentença de morte, porém mesmo com tantos avanços surgidos no tratamento e no controle, o câncer ainda é uma enfermidade desafiadora.

A começar pela quantidade de tipos de câncer: são mais de 200 espécies de neoplasias já detectadas em todo o mundo. É uma doença que pode acometer qualquer parte do corpo e normalmente, os tumores são nomeados de acordo com essa região do corpo humano onde surge, como o câncer de mama, câncer de pulmão, câncer de próstata, câncer de ovário. Por vezes, ele pode também ser nomeado de acordo com o grupo de células e o tecido que ele atinge. É o caso dos linfomas, que acontecem quando o câncer atinge o sistema linfático, e dos sarcomas, um tumor no tecido conectivo.

Outra complicação que torna o câncer uma doença de difícil controle e tratamento, é a possibilidade de espalhamento para outras partes do corpo, além daquela em que teve início. Quando a chamada metástase acontece, as chances de cura se reduzem. Essas duas condições apontam para uma terceira marca e, talvez a mais assustadora, do câncer: o número de óbitos causados pela doença.

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o braço da OMS nas Américas, em 2018, 9,6 milhões de pessoas morreram em função de diversos tipos de cânceres em todo o globo terrestre, quantidade que o coloca na lista das maiores causas de mortes no mundo. Só no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer, no ano de 2020, mais de 626 mil pessoas perderam a vida em decorrência da enfermidade. Nas Américas,  o câncer já é a segunda causa mais frequente de morbidade e mortalidade, figurando atrás apenas das doenças cardiovasculares.  Em 2020, o cálculo é de que foram 1,4 milhão de mortes no continente e 4 milhões de pessoas diagnosticadas com câncer.

Mas o que é essa doença tão devastadora? O câncer nada mais é que uma condição causada pelo crescimento desordenado e acelerado de células consideradas “anormais”, dentro de uma determinada área do organismo, que é ocasionado por alguma alteração genética do paciente. A causa pode ser fatores externos (substâncias químicas, radiação e vírus) e internos (hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas). Os fatores causais podem agir em conjunto ou em sequência para iniciar ou promover o processo de formação do câncer. 

Apesar da possibilidade de ocorrência em qualquer parte do corpo, alguns tipos de câncer são mais comuns: Segundo o oncologista clínico Gabriel Felipe Santiago, no Brasil, o câncer de pele, o não melanoma, é o mais comum, seguido do câncer de mama, entre as mulheres e o de próstata entre os homens. O câncer colorretal é o segundo tipo mais comum no país em ambos os sexos.

Ação dos deputados

Pensando na prevenção do câncer de pele, cujo tipo não melanoma corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país, o deputado Virmondes Cruvinel (Cidadania)  apresentou o projeto de lei de número 3838/21, que propõe que as escolas da rede pública de Educação Básica do Estado de Goiás deverão possuir, pelo menos, uma quadra poliesportiva coberta. O PL prevê ainda que as escolas que já possuem quadras não cobertas devem providenciar a sua cobertura no prazo de 24 (vinte e quatro) meses. O objetivo é proporcionar mais conforto e preservar a saúde dos alunos, professores e funcionários de tais unidades durante as aulas de educação física.  

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O parlamentar justifica que “a exposição à radiação solar, em especial aos raios ultravioletas do sol, é reconhecidamente prejudicial para a saúde”. E cita ainda os dados do INCA que comprovam sua alegação.  Segundo estimativas do Instituto, o câncer de pele representa 33% do total dos casos de câncer e, a cada ano, são 180 mil novos casos. “Várias categorias profissionais trabalham diretamente expostas ao sol, como garis, professores de educação física, entregadores, policiais, guarda-vidas, além, também, de estudantes durante as aulas semanais de educação física”, anota o deputado. 

Virmondes aponta, ainda, que, conforme levantamento do Censo Escolar de 2018, no Brasil existem 48,5 milhões de estudantes na educação básica, sendo 39,5 milhões na rede pública. “Muitos não gostam das aulas de educação física, componente curricular obrigatório, devido ao ambiente e horário inadequados. Entre os fatores que fazem com que o estudante não queira praticar a educação física na escola estão espaços inapropriados, horário indevido e calor excessivo”, justifica. 

Por fim, o argumento do legislador ressalta que, nessas condições, estudantes e professores podem sofrer insolação, desidratação, desenvolver melasmas (manchas na pele em tom marrom, causadas pela exposição ao sol) entre outros problemas. “Além disso, profissionais de educação física que trabalham longos períodos expostos ao sol, como é o caso dos professores da Educação Básica, estão mais suscetíveis ao câncer de pele”, reitera. O projeto está sendo analisado pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR). O relator é o deputado Rubens Marques (Pros). 

Outro projeto em tramitação na Casa visa amparar as mulheres que passaram pela traumática experiência de uma mastectomia, depois de serem acometidas pelo tumor mais comum entre o sexo feminino. A matéria, do deputado Cairo Salim (Pros), propõe a criação da Política Estadual “Novo Começo Mulher Mastectomizada”. Trata-se de uma propositura que tem o objetivo de apoiar, orientar, tratar, reabilitar e reintegrar pacientes e ex-pacientes de baixa renda, afetadas pelo câncer de mama. 

Entre as estratégias previstas na Política, estão: oferecer acesso rápido ao oncologista proporcionando tratamento farmacêutico, quimioterápico e radioterápico imediato; estimular a realização de campanhas de doação de perucas, lenços, gorros às pacientes em tratamento quimioterápico e, ainda, estimular a realização de feiras expositivas a cada trimestre, onde serão expostos e colocados à venda os trabalhos manuais confeccionados nas oficinas, para auxílio à mulher mastectomizada carente. 

Segundo o parlamentar, a cirurgia de mastectomia, apesar de extirpar a neoplasia, gera transtornos psicológicos e físicos, como eventuais problemas de cicatrização, limitação dos movimentos do braço, disfunções dos músculos e do sistema linfático, entre outros. E completa: “Sensível a tais contextos, acredita-se que, com a criação da presente política, as mulheres em situação de baixa renda terão melhores condições de atendimento de suas necessidades, com a oferta de condições para que superem mais rapidamente o trauma causado pela cirurgia”. A matéria já está apta para primeira votação em plenário, após receber o aval da CCJR e da Comissão de Saúde e Promoção Social. 

Futuro sombrio 

Segundo a OPAS, as previsões sobre a doença para os próximos anos são alarmantes. Globalmente, a carga de câncer deve aumentar em aproximadamente 60% nas próximas duas décadas, sobrecarregando ainda mais os sistemas de saúde, as pessoas e as comunidades. No mundo todo, cerca de 30 milhões de novos casos de câncer devem surgir até 2040, com os maiores aumentos ocorrendo em países de baixa e média renda.

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No continente americano, o número de pessoas com diagnóstico de câncer deverá ter um acréscimo de 55%, aproximadamente 6,23 milhões de pessoas com previsão de diagnóstico de câncer até 2040. Porém a Organização faz uma ressalva: esses aumentos são previstos, caso “nenhuma ação adicional for tomada para prevenir e controlar o câncer”. 

Campanha

Uma das iniciativas que visa mudar esse cenário é justamente a campanha do Dia Mundial do Câncer, que no triênio 2022/2025 tem como tema a melhoria do acesso ao tratamento e a redução das barreiras que impedem as pessoas em todo o mundo de terem acesso aos cuidados fundamentais para o controle do câncer.  O primeiro ano da campanha apresentará e explicará como as desigualdades durante toda a linha do cuidado oncológico afetam o controle do câncer em todo o mundo: a falta de equidade no controle do câncer afeta a todos: pessoas que buscam atendimento oncológico encontram barreiras a cada passo; renda, educação, local de moradia e discriminação (por etnia, gênero, orientação sexual, idade, deficiência e estilo de vida) são apenas alguns dos fatores que podem afetar negativamente o atendimento a pacientes do câncer.

O oncologista clínico Gabriel Felipe Santiago entende que a principal barreira para os portadores de algum tipo de câncer reside na dificuldade de acesso aos novos tratamentos e novas tecnologias no diagnóstico da doença E essa falha ocorre em diversos níveis: “Países em desenvolvimento têm um acesso mais difícil a esses novos recursos devido a restrições financeiras”, explica o especialista.

Para o médico, a superação desses obstáculos é fundamental para as reduzir as desigualdades e, assim, promover uma melhoria no acesso aos tratamentos disponíveis para a doença. “Com a quebra dessas barreiras um maior número de pessoas passa a ter acesso a novos medicamentos e exames importantes para o tratamento e controle do câncer. Tentar disponibilizar novas terapias e métodos de diagnóstico para pacientes com menor poder aquisitivo tornou-se o grande desafio”, diz ele. 

Além da democratização dos métodos de controle e tratamento, através da incorporação de novos medicamentos, procedimentos cirúrgicos e métodos diagnósticos no sistema público de saúde, o médico lembra dos cuidados individuais que cada pessoas pode ter e que vão ajudar a prevenir o aparecimento do câncer e de diversas outras doenças: a prática regular de exercícios físicos, o controle de peso corporal, a adoção de uma dieta saudável, evitar o tabagismo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. 

Outra medida que pode contribuir para a efetividade no tratamento é a realização de exames de rotina de rastreamento do câncer, que podem detectar a doença na fase inicial. “Deve ser lembrado que o diagnóstico precoce é muito importante, uma vez que a doença em estágios mais avançados, na grande maioria das vezes não tem mais chances de cura. Além da possibilidade de sucesso no tratamento, o diagnóstico precoce concede maior probabilidade de manutenção da qualidade de vida. Então, para os homens, realização de exame de toque retal e coleta de PSA anuais a partir dos 50 anos de idade. Para as mulheres, realização de mamografia anual a partir dos 40 anos e coleta de papanicolau a partir dos 25 anos. Para ambos os sexos, a partir dos 45 anos realização de colonoscopia a cada 10 anos  e pesquisa anual de sangue oculto nas fezes” sentencia o oncologista. 

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