Campanha nas redes sociais da Alego revela quem foi o homem que dá nome ao Terminal Rodoviário de Goiânia

Campanha nas redes sociais da Alego revela quem foi o homem que dá nome ao Terminal Rodoviário de Goiânia

Campanha nas redes sociais da Alego revela quem foi o homem que dá nome ao Terminal Rodoviário de Goiânia

O religioso que empresta o nome ao Terminal Rodoviário de Goiânia foi o primeiro arcebispo de Goiânia, Dom Fernando Gomes dos Santos. Homem de muitas realizações, não somente no campo católico, mas em diversas outras áreas, com atuação destacada na luta social e na educação, sendo um dos responsáveis pela implementação da primeira Universidade do estado, a Universidade Católica de Goiás (UCG), hoje Pontifícia Universidade Católica (PUC Goiás).

Esse personagem marcante é quem estampa a série “Por trás do nome”, publicada sempre às quintas-feiras, nas redes sociais da Assembleia Legislativa. A intenção é desvendar a história dos homens e mulheres e as realizações deles que justificam a denominação de logradouros públicos ou mesmo de edificações particulares.

A denominação de Dom Fernando Gomes dos Santos ao principal terminal rodoviário da Capital talvez seja uma homenagem pequena, se comparada ao rol de realizações desse homem. Ele trabalhou incansavelmente pela religião que escolheu para guiar a sua vida espiritual, mas para muito além da Igreja, atuou em favor dos mais pobres, dos excluídos, dos movimentos sociais, da comunicação e da promoção da educação.    

Nascido na Paraíba, no fim da primeira década do século passado, foi lá que iniciou sua vida religiosa como auxiliar do padre na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, na cidade de Patos. Aos 11 anos de idade, já consciente de sua vocação para o sacerdócio, entrou para o Seminário Arquidiocesano da Paraíba, onde iniciou os estudos teológicos, concluídos em 1932 no Colégio Pioamericano, em Roma. Também na Cidade Eterna celebrou sua primeira missa no túmulo dos Apóstolos Pedro e Paulo, no dia 2 de novembro daquele ano.

De volta ao Brasil, foi enviado à cidade de Cajazeiras, no seu estado natal, município onde ele também começou sua jornada na educação, com a nomeação como diretor do Colégio Diocesano Padre Rolim. Ainda nessa época, o padre Fernando Gomes conheceu o valor da comunicação, na direção do semanário “O Rio do Peixe”, editado pela Diocese. 

No ano de 1936, retornou à cidade de origem e foi nomeado vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Guia, momento em que ele mesmo afirmava ser a “realização de um sonho e sua consagração como servo de Deus”.
Nessa época, o sertão paraibano sofreu com uma longa estiagem e os efeitos da seca foram agravados pelos reflexos da Segunda Guerra Mundial. Foi durante esse período que o religioso se firmou como um pastor esforçado e dedicado a ajudar seu povo a superar as dificuldades. 
 
Com uma longa lista de realizações na cidade, o trabalho virtuoso do padre foi reconhecido pela Igreja Católica, que concedeu a ele o título de Monsenhor, aos 31 anos de idade. Dois anos depois, em 1943, antes mesmo de completar 33 anos, Fernando Gomes dos Santos foi alçado ao episcopado, sendo nomeado bispo de Penedo, em Alagoas.  

História de Dom Fernando em Goiás

Em 1957, Dom Fernando desembarcou na capital de Goiás, com a missão de assumir como primeiro arcebispo da recém-criada Arquidiocese de Goiânia.  A nomeação dele foi assinada pelo Papa Pio XII. No mesmo ano, buscando difundir o Evangelho e se comunicar com o rebanho, o arcebispo fundou a Revista da Arquidiocese, que teve circulação ininterrupta até 1992. Após um intervalo, a publicação voltou a circular em 1995. Na mesma direção, também reativou o antigo jornal ‘O Brasil Central’, que passou a ser editado pela Arquidiocese, e que, durante muito tempo, teve circulação diária.

O projeto de comunicação do arcebispo Fernando Gomes dos Santos não parou por aí. Ainda no primeiro ano à frente da Igreja Católica de Goiânia criou o programa “A Arquidiocese Informa”, veiculado diariamente na Rádio Brasil Central (RBC). Mas pouco tempo depois o contrato com a Arquidiocese foi rescindido. Isso não foi motivo de desistência. Ao saber da venda de uma rádio na Capital, Dom Fernando, não mediu esforços e conseguiu adquirir, para Arquidiocese, a emissora, que passou a se chamar Rádio Difusora de Goiânia.

De olho na construção de Brasília, ainda em 1957, criou duas paróquias; a de São João Bosco, no Núcleo Bandeirante, e a de Santa Cruz, nos canteiros de obras do Plano Piloto. Foi ele também que celebrou uma grande missa campal, em Brasília, na inauguração do Palácio da Alvorada, na nova capital do Brasil, no dia 30 de junho de 1958.

Outro ponto alto da atuação do religioso foi o investimento na formação de padres. Percebendo a escassez de sacerdotes no estado, entre outras iniciativas, ele buscou a reativação do Seminário Santa Cruz e a criação da Obra de Vocações Sacerdotais, em cada paróquia. 

Em Goiás, Dom Fernando também deu sequência à sua luta pela promoção da educação. No seu primeiro ano de atuação em terras goianas, ele reuniu os bispos de Arquidiocese, quando foi aprovada uma carta pastoral, determinando a criação da Universidade Católica. No ano seguinte, ele organizou a Sociedade Goiana de Cultura (SGC), entidade que iria criar e gerir essa instituição de ensino superior. Em setembro de 1959, a Universidade Católica de Goiás se tornou realidade.

Fernando Gomes dos Santos ainda escreveu seu nome em vários momentos e em instituições e entidades, dentro e fora da Igreja, como a Comissão de Justiça e Paz e na criação da própria Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Teve, ainda, uma atuação firme de resistência à ditadura militar, fazendo, inclusive, da sua casa, no centro de Goiânia, abrigo e asilo para aqueles que fugiam das arbitrariedades e das perseguições políticas. Em dia 15 de setembro de 1968, viu a Catedral Metropolitana ser invadida pelos militares em busca de estudantes e ativistas. Mesmo assim seguiu na defesa dos ideais nos quais acreditava.

Dom Fernando morreu no dia 1º de junho de 1985. Foi velado com as honras que merecia. O corpo, em câmara ardente, foi exposto na Catedral Metropolitana de Goiânia, para visitação pública. Na tarde do dia seguinte, após uma missa de réquiem e dos rituais próprios da Igreja Católica, seu corpo foi sepultado no interior da catedral. 

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