Bolsonaro desautoriza Mourão e diz que governo não precisa de "palpiteiro"
O presidente Jair Bolsonaro desautorizou, nesta quinta-feira (28), o vice Hamilton Mourão que, no dia anterior, tornou pública a expectativa de uma reforma ministerial após as eleições no Congresso marcadas para a próxima segunda-feira.
Em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada nesta quinta-feira, Bolsonaro disse que só ele troca ministro e descartou uma ampla mudança no primeiro escalão. Sem esconder o incômodo, o presidente acrescentou ainda que tudo o que o governo não precisa neste momento é de " palpiteiro ".
"Se alguém quiser escolher ministro, se candidate em 22 e boa sorte em 23", disse.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Mourão falou de uma possível reorganização do governo e estimou que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pode ser um dos substituídos na reforma ministerial. Na declaração, no entanto, disse que o assunto não foi discutido com ele.
Primeiro, ao ser questionado por um apoiador se tinha informação sobre troca de ministros mencionada Mourão no dia anterior, Bolsonaro ironizou dizendo que não sabia das alterações no primeiro escalão, que já são discutidas nos bastidores do Planalto e por líderes partidários do Centrão.
"Não estou sabendo, não. Tem que perguntar pra ele. Mas obrigada pela pergunta aí", respondeu. Em seguida completou: "Quem troca ministro é presidente da República, certo? Agora é difícil governar o Brasil. Não é fácil, mas tudo bem. Não vou responder essa pergunta não."
Após um apoiador fazer uma oração de cinco minutos, Bolsonaro resolveu voltar ao tema, dizendo que a pergunta sobre troca dos ministros deveria ser levada a sério. O presidente, então, disse que dos atuais 23 ministros, há a expectativa de apenas uma troca , referindo ao subchefe de Assuntos Jurídicos, Pedro César Nunes, que assumiu interinamente a Secretaria-Geral da Presidência.
"O vice falou que eu estou para trocar o chefe do Itamaraty. Quero deixar uma coisa bem clara. Tenho 22 ministros efetivos e um que é interino. Aí que nós podemos ter realmente um nome diferente ou a efetivação do atual. Nada mais além disso", disse.
O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, é cotado para assumir o posto. Assim, a pasta que controla o Bolsa Família e pagou o auxílio emergencial fica disponível para ser entregue ao centrão.
Parlamentares de partidos aliados, incluindo o candidato do Planalto à presidência da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defendem a continuidade do benefício pago durante a pandemia- da Covid-19, o que turbinaria ainda mais a pasta. O Republicanos, ligado à Igreja Universal, já discute internamente a indicação de um nome para substituir Onyx.
Aos apoiadores, no entanto, o presidente disse que toda a semana recebe informações da mídia sobre mudança de ministro, mas disse que tudo não passa de tentativa de "semear a discórdia no governo."
"Eu lamento que gente do próprio governo passe a dar palpites no tocante a troca de ministros", disse o presidente.
Bolsonaro pediu que não acreditem em especulação , que, segundo ele, "só traz inquietações internas e levam incertezas para a população".
"O que nós menos precisamos é de palpiteiro no tocante a formação do meu ministério. Deixo bem claro: todos os 23 ministros eu que escolho e mais ninguém e ponto final."
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