Política

Instituído em 1992, o Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha é celebrado para dar visibilidade à causa desse grupo étnico

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A mulher negra é símbolo de resistência e luta contra a opressão de gênero,  o sexismo, a exploração e o racismo. Para dar visibilidade à causa das mulheres desse grupo étnico foi instituído, em 1992, o  Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha, como resultado de seu primeiro encontro na República Dominicana. No Brasil, a data homenageia a líder quilombola Tereza de Benguela, que ajudou comunidades negras e indígenas na resistência à escravidão no século XVIII, ficando conhecida por sua visão vanguardista e estratégica.

Existem marcos na trajetória das mulheres negras brasileiras quanto à defesa de seus interesses.  No século XIX, com a criação de associações e irmandades; em 1950, com a fundação do Conselho Nacional de Mulheres Negras no Rio de Janeiro; no  início na década de 1970, com o Movimento de Mulheres Negras (MMN), que surgiu com ideais feministas. 

Nas décadas de 80 e 90, as pensadoras, como Lélia Gonzalez e Sueli Carneiro, atuaram na consolidação das pautas das mulheres negras no meio acadêmico e político, durante a redemocratização do País.

Agora, na era da informação e advento das redes sociais, outros movimentos étnicos femininos emergiram, como a 1ª Marcha das Mulheres Negras, que, em 2015, mobilizou milhares  de mulheres à Brasília para reivindicar seus direitos. 

Estatísticas 

Conforme divulga o IBGE, os negros representam mais da metade da população brasileira negra, segundo dados do IBGE. Contudo, essa população, em especial as mulheres negras, protagonizam os piores indicadores sociais. 

Segundo o Atlas da Violência de 2019, 66% de todas as mulheres assassinadas no País naquele ano eram negras. Além disso, 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da linha da pobreza, de acordo com a última Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE.

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 Atualmente, os negros são maioria nas universidades públicas, como aponta uma pesquisa sobre desigualdades sociais em virtude da raça, do IBGE, mulheres negras ainda recebem menos da metade do salário de homens e mulheres brancas no Brasil, independente da escolaridade.

Legislação 

Durante sua gestão, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 12.987/2014, que institui o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, a ser comemorado, anualmente, em 25 de julho.

Na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), o projeto de lei n° 0925/22, que visa instituir políticas públicas por meio de campanhas de combate ao racismo nas escolas e nos eventos culturais e esportivos do estado. O autor da proposta é o deputado estadual, Karlos Cabral (PDT).

Na justifica da matéria, Karlos Cabral apresenta dados do Atlas da Violência, segundo o qual, em 2021, Goiás ficou em 14° lugar na federação como mais perigoso aos negros. “A escola não está isenta dos efeitos do racismo, vivemos uma nova lógica social com a qual a sociedade precisa se comprometer e, para isso são necessárias campanhas que objetivem levar os estudantes, bem como a sociedade em geral, a compreenderem o processo de formação étnico-cultural do Brasil. Precisamos, diariamente, combater o racismo, em qualquer lugar”, afirma Karlos.

Caso o projeto seja aprovado, o Estado poderá implementar medidas, como difusão de vídeos ou reprodução de áudios com conteúdo voltado para o combate ao racismo em folhetos, cartazes e informativos.  É sugerido, também, a veiculação de propagandas durante os intervalos dos eventos esportivos e culturais.

O projeto prevê, ainda, a divulgação dos telefones dos órgãos de denúncia, através de cartazes permanentes ou temporários, afixados de forma visível ao público das escolas e dos eventos.

A proposta foi encaminhada a Comissão de Constituição Justiça e Redação (CCJ), que aprovou o parecer favorável do relator, deputado Amilton Filho (MDB), e agora será encaminhada à apreciação da comissão de mérito e do Plenário da Casa de Leis.

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Representatividade na política 

A eleição e posse de Elenízia da Mata (PT), a primeira vereadora negra da cidade de Goiás nas eleições municipais de 2020, representa uma vitória para as mulheres afrodescendentes goianas, considerando que o percentual de mulheres eleitas nacionalmente ser muito baixo (15,80%). 

A 3ª edição do programa “Alego Mulher” trouxe uma entrevista inédita com ela, que é quilombola de São Félix, no município de Matrinchã, em Goiás. 

No programa, mulheres que têm papel de destaque em Goiás contam de perto os desafios e particularidades de suas trajetórias. Na oportunidade, Elenízia da Mata dividiu com os espectadores como foi o caminho desde seu despertar para as lutas sociais, passando pelo florescimento do espírito de participação popular, sua eleição em 2020 e atual trabalho como vereadora.

Segundo Elenízia, a representatividade corrente na política goiana não corresponde à realidade do setor social do estado. “Fico honrada com a oportunidade de construir uma narrativa feminina, negra e quilombola que vai além da subalternidade. Nossa sociedade não está acostumada a ver mulheres tendo destaque na história e muito menos em espaços de poder, por isso precisamos traçar novas referências”, explicou a entrevistada.

Durante o encontro, a vereadora reflete também sobre projetos que já colocou em prática, como a criação da “Semana da Amamentação Negra”, recepção dos colegas na Câmara Municipal de Goiás e seus planos para o futuro. “É preciso conhecer nossas amarras para poder rompê-las, quero trazer novos olhares para o povo preto e quilombola de Goiás”, prometeu.

Fonte: Assembleia Legislativa de GO

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