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Política

Dia de defender as florestas

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Não é novidade para ninguém que as florestas têm sido ameaçadas em todo o mundo pela degradação incontrolada. Isto acontece por terem desviado seu uso para necessidades crescentes do próprio homem e pela falta de um gerenciamento ambiental adequado. O engenheiro agrônomo e professor doutor, Antonio Pasqualetto, explica que os impactos do desmatamento da Amazônia e do Cerrado podem ser percebidos com a redução do número de dias chuvosos e da precipitação média anual.

Segundo ele, essa situação traz várias consequências como o aumento dos riscos da produção agrícola, custos, previsibilidade e produtividade; dificuldades de dessedentação animal; alterações na ocorrência de chuvas, duração, intensidade alterações de temperatura, com maior amplitude térmica. “Além disso, os impactos também podem ser notados com o racionamento no abastecimento público de água quando não interrupção do fornecimento, o comprometimento da expansão e operação da atividade industrial e comercial. E, ainda, o aumento dos casos de problemas de saúde pública, alterações no ecossistema e nas cadeias alimentares, com consequente aumento de pandemias”, enfatiza.

Pasqualetto também pontua que a degradação provoca a redução da biodiversidade animal e vegetal afetando, por exemplo, descobertas de novos medicamentos à humanidade. “Além do aumento dos custos de água e energia elétrica, com consequente aumento de poluição e encarecimento destes bens às famílias pela necessidade do uso de termoelétricas para complementação de energia”, esclarece.

Atuação parlamentar

As florestas são o ecossistema mais rico em espécies animais e vegetais. A sua destruição causa erosão dos solos, degradação das áreas de bacias hidrográficas, perdas na vida animal e perda de biodiversidade. Cuidar das florestas é papel de todos, do poder público e da população em geral. Na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), tramitam dois projetos de lei que preveem a preservação das florestas.  Entre eles, a propositura nº 3049/20, de autoria do deputado Rafael Gouveia (Progressistas), que institui diretrizes para um plano de desenvolvimento de florestas plantadas em Goiás.

O parlamentar observa que Goiás é o sétimo estado com maior extensão territorial do Brasil, com localização geográfica privilegiada. Apesar disso, o estado também apresenta considerável percentual de áreas degradadas, potencialmente aptas à recuperação com espécies florestais e condições ambientais favoráveis aos cultivos de florestas, como solo fértil, topografia de baixa declividade e terras planas e clima com estações bem definidas. 

Rafael Gouveia frisa que o início dos plantios florestais em solo goiano se deu na década de 1980, para atender às demandas das unidades fabris ligadas ao agronegócio e no processo de calcinação do níquel. “Entretanto, a silvicultura nunca foi abordada e considerada como estratégica, embora os produtos florestais estejam presentes no dia a dia da população de forma direta ou indireta”, ressalta.

Gouveia contabiliza números para ilustrar sua argumentação: 85.152.174 m3 de madeira para atendimento às demandas de polpação de celulose e produção de papel; 48.498.596 m3 para geração de produtos serrados, painéis de madeira, madeiras tratadas, dentre outros; 53.297.902 m3 para uso como lenha para suprimento de demandas do agronegócio e de atividades de beneficiamento de minérios; 4.957.238 toneladas para produção de carvão vegetal, com finalidade de suprir demandas siderúrgicas no processo de produção de ferro-gusa e aço, além do uso doméstico; e 315.629 toneladas de látex coagulado para atendimento às demandas para geração de vários produtos à base de borracha natural. “E esses números só tendem a crescer”, afirma.

Segundo o deputado, a probabilidade do aumento da demanda brasileira por produtos de florestas plantadas está alicerçada não só pela necessidade de disponibilização de madeira e produtos não madeiráveis em quantidade e qualidade para atender as indústrias, mas também pela necessidade da diversificação da matriz energética, com crescente incentivo ao uso de fontes renováveis de energias e redução da dependência dos combustíveis fósseis.

“Diante dessa realidade micro e macroeconômica, o Plano de Desenvolvimento de Florestas Plantadas em Goiás vem lançar o marco inicial no estabelecimento de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento de Goiás e de toda a cadeia produtiva, contemplando inclusive meios para atração de investimentos e melhoria do clima de negócios”, conclui o parlamentar. Aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da Alego, com parecer favorável do deputado Virmondes Cruvinel (Cidadania), a proposição está na pauta prévia do Plenário, em fase de primeira discussão e votação.

Eco Cultura

De autoria do deputado Amauri Ribeiro (Patriota), também tramita na Alego, o projeto de lei nº 4108/20, que propõe instituir o Dia da Eco Cultura, a ser comemorado no dia 21 de março, anualmente, em Goiás. “O projeto Eco Cultura é uma proposta que visa levar até às comunidades programas e ações em educação ambiental, cidadania e responsabilidade social, com intuito de conscientizar a população sobre sustentabilidade e melhorias socioambientais de forma participativa para o fomento de coletividades mais justas e harmoniosas com o meio ambiente”, destaca o parlamentar.

Amauri Ribeiro acredita que é preciso focar na educação como ferramenta transformadora, baseada na experiência compartilhada no meio social. “As mudanças almejadas para melhoria global devem começar com o envolvimento de agrupamentos sociais, construindo, então, responsabilidades partilhadas na busca do melhor para todos”, afirma. A matéria consta da pauta prévia do Plenário, em fase de primeira discussão e votação.

Preservar é papel de todos

Para o engenheiro agrônomo e professor doutor, Antonio Pasqualetto, inúmeras ações podem ser realizadas para preservação ambiental, como: a adesão aos compromissos internacionais; legislação nacional, estadual e municipal, órgãos de comando e controle relativos ao meio ambiente nas três esferas, estímulo aos princípios de “poluidor-pagador” e “preservador-recebedor”; restrições a produtos de origem de áreas de florestas desmatadas identificadas por rastreabilidade; pesquisas da biodiversidade e potencial de geração de receitas das florestas; integração lavoura pecuária floresta; conscientização da população, despertando para sensibilização por meio da educação ambiental e campanhas na rede formal e informal, dentre outras.

Pasqualetto afirma que a população também tem papel fundamental na conservação do ecossistema e tem o dever, enquanto cidadão, de fiscalizar e denunciar os crimes ambientais aos órgãos de meio ambiente, ao Ministério Público e às delegacias ambientais. “Além disso, cada um pode fazer sua parte, plantando árvores e cuidando das existentes. Pode também exigir dos candidatos, em diferentes níveis, planos de governo que possam ser registrados em cartório com compromissos na área ambiental e após eleito, fiscalizar. Deve ainda educar os filhos, concomitantemente com as escolas, na importância da preservação das florestas, pelos recursos naturais que são ofertados”, pontua.

O professor frisa, ainda, que na calçada de cada lote urbano deveria haver, no mínimo uma árvore, pois segundo ele, trata-se de direito difuso pelas vantagens que oferece à sociedade como oxigênio, sombra, equilíbrio térmico, alimento, despoluição do ar, saúde à população e refúgio à fauna, dentre outras vantagens. “Por isso, peça ao órgão ambiental para fazer o plantio, ou faça você mesmo”, esclarece. Ele finaliza com um recado: “Adote uma praça, se não puder adotar uma floresta, e a tenha como sua. Cuide-a e a preserve para as futuras gerações. Não espere que o poder público faça tudo! ”.

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