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Rio de Janeiro: esquema no TRT desviou recursos que seriam da saúde, afirma PGR

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Rio de Janeiro: Esquema no TRT desviou recursos que seriam da saúde, afirma PGR
Agência Brasil

Rio de Janeiro: Esquema no TRT desviou recursos que seriam da saúde, afirma PGR

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra quatro desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-1), do Rio de Janeiro,  narrando a existência de um esquema de corrupção que desviou recursos destinados ao pagamento do salário de trabalhadores da saúde do Estado do Rio e arrecadou propina junto a empresas de ônibus. Segundo a PGR, houve o pagamento de R$ 8,5 milhões de propina aos desembargadores, ao grupo do governador do Rio Wilson Witzel (PSC) e a advogados envolvidos no caso.

Foram denunciados sob acusação de corrupção e outros crimes os desembargadores do TRT-1 Marcos Pinto da Cruz, José da Fonseca Martins (ex-presidente do TRT), Fernando Antonio Zorzenon da Silva (ex-presidente do TRT) e Antonio Carlos de Azevedo Rodrigues. Entre os denunciados também estão Wilson Witzel, Pastor Everaldo, o empresário Mario Peixoto e advogados envolvidos no esquema.

Nesta terça-feira, a Polícia Federal e a PGR cumpriram 11 mandados de prisão preventiva, incluindo de quatro desembargadores, e 26 mandados de busca e apreensão no caso. Em conjunto com a operação, deflagrada para a obtenção de mais provas, a PGR já apresentou denúncia ao STJ a respeito do esquema.

A denúncia narra que, entre março e agosto de 2020, os desembargadores do TRT Marcos Pinto da Cruz e José da Fonseca Martins Junior, à época presidente do tribunal, em conjunto com o juiz do trabalho Múcio Nascimento Borges e com o governador do Rio Wilson Witzel, desviaram R$ 752 mil pagos pelo governo do Rio à organização social Pró-Saúde que deveriam ser usados para pagar salários dos trabalhadores da Saúde do Rio.

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“Marcos Pinto da Cruz, José da Fonseca Martins Júnior, Wilson José Witzel, Múcio Nascimento Borges, Eduarda Pinto da Cruz, Suzani Andrade Ferraro e Manoel Messias Peixinho praticaram, em 4 (quatro) oportunidades, o crime de peculato majorado, na medida em que contribuíram para desviar, em proveito próprio e alheio, valores depositados pelo Estado do Rio de Janeiro no processo judicial relativo ao plano especial de execução da organização social Pró-Saúde, que deveria ser utilizado para pagar os trabalhadores da organização social que ingressaram com reclamações trabalhistas e tiveram seus créditos reconhecidos judicialmente”, escreveu a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo.

Em uma mensagem de áudio apreendida pela PF, o advogado Marcello Zorzenon, filho do desembargador Fernando Antonio Zorzenon, relata que estava acertando um pagamento em dinheiro vivo referente a processo no tribunal. “As mensagens de áudio são estarrecedoras e evidenciam a atuação conjunta do grupo e sua força em conseguir decisões judiciais favoráveis e desfavoráveis às empresas de ônibus, conforme seus interesses”, afirma a PGR. A mensagem do advogado tem o seguinte teor:

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“Pessoal, acabei de ligar para o advogado, tá, ele só tá vendo, vai ligar agora lá para o empresário para ver a possibilidade de se realizar esse pagamento em, em cash, tá, tô só aguardando um retorno dele, tá, assim que tiver retorno, eu retorno pra vocês”, afirmou.

A peça de acusação, composta por 171 páginas, é composta pelo relato da delação premiada do ex-secretário de Saúde Edmar Santos, por transações bancárias dos alvos e até mesmo conversas entre os advogados sobre o recebimento de pagamentos das empresas interessadas em processos no TRT do Rio.

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Outros pagamentos

Além desse caso da Pró-Saúde, a PGR aponta que, entre junho de 2018 e agosto de 2020, o empresário Mario Peixoto, que atuava na área da saúde, pagou propina de R$ 2,2 milhões aos desembargadores Marcos Pinto da Cruz e Fernando Antonio Zorzenon da Silva, por intermédio da advogada Eduarda Pinto da Cruz.

Entre novembro de 2017 e julho de 2020, os desembargadores Marcos Pinto da Cruz e Fernando Antonio Zorzenon da Silva teriam recebido outro montante de propina, de R$ 2,6 milhões, para favorecer a empresa MPE Engenharia em uma decisão judicial autorizando sua adesão ao Plano Especial de Execução, que permitiria parcelar dívidas trabalhistas.

A denúncia ainda narra que, entre agosto de 2018 e março de 2019, os desembargadores Marcos Pinto da Cruz, Fernando Antonio Zorzenon da Silva e Antonio Carlos de Azevedo Rodrigues receberam propina de R$ 1,2 milhão pago por empresas de ônibus para autorizar a inclusão delas no programa especial de parcelamento de dívidas trabalhistas.

Ainda foi registrado o pagamento de propina de R$ 1,8 milhão aos desembargadores Marcos Pinto e José da Fonseca Martins Júnior por empresas de ônibus para suspender pagamentos de dívidas trabalhistas que elas deveriam realizar.

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