Distrito Federal
Vigilância Ambiental tem 570 agentes contra a dengue
A casa da contadora Ana Maria Pereira, 72 anos, em Sobradinho, passa por reformas. Alguns restos de construção, tijolos, ferragens se juntam na frente do imóvel. Uma pequena calha também começa acumular água. Essa semana, a dona de casa recebeu os servidores da Vigilância Ambiental e ouviu diversas instruções. Cuidados diários a serem tomados na luta contra a dengue.
Um produto foi jogado pelos técnicos na calha para evitar a reprodução do mosquito Aedes aegypti, que transmite também o zika vírus, a febre amarela e a chikungunya. Dentro da residência, localizada na Quadra 13, tudo sob controle.
Ana Maria reconhece a importância do trabalho realizado pela equipe da Vigilância. “Além de nos orientar, é importante verificar se tem alguma coisa errada. Ainda mais aqui em Sobradinho que chove muito, é preciso cuidar”, adianta a moradora.
Maria Conceição Soares ,72, a dona Conceição, também abriu suas portas para a inspeção do núcleo de vigilância na cidade. O quintal estava limpo e um tonel de plástico, usado para levar água, vazio. “Eu tomo todos os cuidados, fico de olhos nas plantas. Aqui não tem acúmulo de água”, garante a aposentada. “Tive dengue há dois anos e não quero pegar de novo. “, complementa.
O trabalho de combate à dengue no Distrito Federal é incansável. Diversas ações são tocadas diariamente pela Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival), da Secretaria de Saúde, com o apoio de outros órgãos, para eliminar o traiçoeiro transmissor da doença. Em época de chuvas, a incidência aumenta. Mas, o enfrentamento não para: de segunda a sexta-feira, 570 agentes estão em campo no combate à proliferação do Aedes Aegypti .
São visitas de casa em casa, feitas pelos 15 núcleos regionais espalhados pelas regiões administrativas (RAs). Entre eles o de Sobradinho, que somente nos dez primeiros dias do ano registrou 13 casos prováveis da doença.
Mais de 1,4 milhões de imóveis vistoriados
Ao longo de 2020, mais de 1,4 milhão de imóveis foram inspecionados em todo o DF. Desses, cerca de 144 mil localidades possuíam o foco da doença, e outras 46 mil foram tratadas pelas equipes de agentes de vigilância ambiental. Nesta luta, no entanto, é necessário um fator primordial: a conscientização.
“As pessoas precisam entender que é necessário fazer seu papel na ‘guerra’ contra o mosquito. Elas também são agentes de saúde dentro de suas residências”, explica Reginaldo Braga, da Gerência de Vetores e Ações da Campo da Dival. “É corrigir, eliminar objetos que possam se tornar criadouros do mosquito. Verificar garagem, jardins, plantas espalhadas pela casa”, acrescenta.
O uso do inseticida de Ultra Baixo Volume (UBV), conhecido como fumacê, também é usado pela Vigilância. Ele é aplicado em áreas onde é grande a presença do vetor da dengue, ou mais especificamente, para eliminar a fêmea do mosquito com vírus que circula na região.
“O mosquito se reproduz com muita facilidade na água limpa e parada. E a fêmea pode picar várias pessoas no mesmo dia e infectá-las. Portanto, estamos sempre orientando, conversando, para que sejam eliminados velhos hábitos de guardar água”, explica o chefe do núcleo de vigilância em Sobradinho, Roberto Soares.
Em 2020, segundo o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, o DF registrou cerca de 40.700 casos da doença. E a luta contra a proliferação do mosquito foi encorpada com a criação do programa Sanear Dengue.
Trata-se de uma força-tarefa com a participação de órgãos como o Corpo de Bombeiros, Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Detran, Administrações Regionais, entre outros. Uma ação em conjunto que passa pelas 33 RAs e fiscaliza o lixo, remove carcaças, recolhe entulhos, entre outros serviços.
Mais 500 novos profissionais
Medidas como o controle larvário, a parte educacional, controle da população de mosquitos, assistência aos casos prováveis e recuperação do imóvel contaminado também são executadas pela Secretaria.
E mais um reforço virá este ano: 500 novos profissionais da vigilância ambiental serão contratados mediante um processo seletivo simplificado autorizado pela Secretaria de Economia em janeiro. Um somatório de forças, que se aprimora a cada dia no combate à doença.
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