Procissão do Fogaréu

A equipe da Comissão de Turismo da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) prestigiou, na madrugada da Quinta-feira Santa, 13, a retomada da Procissão do Fogaréu, na cidade de Goiás, Patrimônio Histórico da Humanidade, situada a 140 km de Goiânia. O evento tradicional marcou uma nova fase da manifestação religiosa e cultural, suspensa desde 2020, em decorrência da pandemia da covid-19.

O retorno da celebração, de forma presencial, na qual milhares de pessoas se reuniram nas ruas de pedra da cidade histórica, foi comemorado pelo presidente do colegiado, deputado Coronel Adailton (PRTB), e pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), empenhados em retomar o evento. 

Adailton ressaltou a importância da retomada da celebração, como tradicional manifestação da cultura de Goiás. “Estamos prestigiando um momento especial. Resgatar a Procissão do Fogaréu e mostrar a cultura de Goiás”, sublinhou o parlamentar. Ele também falou do trabalho do colegiado no período em que a festividade esteve suspensa, a fim de manter a chama da importante tradição. 

Emocionado com o retorno das atividades da Semana Santa na antiga Capital, o chefe do Executivo salientou a importância da celebração. “Os dois anos sem a procissão foram de muita tristeza. Hoje, a cidade está motivada, pronta para receber os visitantes de casa aberta. É muito emocionante para nós”, frisou Caiado, assinalando a relevância das atividades para a geração de emprego e renda no município. 

O governador anunciou o empenho do Governo de Goiás pelo registro da Procissão do Fogaréu em patrimônio imaterial. “Já tomamos as providências necessárias para o reconhecimento”, afirmou. Outra novidade será o retorno da realização das Cavalhadas em Goiás, suspensas há 70 anos. 

De portas abertas

O prefeito Aderson Gouveia (PT), otimista com a retomada da cerimônia, ressaltou a importância da Procissão do Fogaréu para o município e disse que a cidade está em festa. Para o chefe do Executivo municipal a parceria com a Comissão de Turismo da Alego tem promovido uma maior visibilidade ao município. “As pessoas vêm, se encantam e levam a história de Goiás”, ressaltou. 

A secretária de Cultura da cidade de Goiás, Raíssa Coutinho, também comemorou a realização da cerimônia. Disse que é realmente tocante a emoção do reencontro dos vários farricocos nas rodas de conversa. “É uma noite muito especial para nós”, salientou.

Raíssa lembrou os preparativos da programação repleta de atividades especiais com a exposição fotográfica Cultura e Devoção, Expressão de Fé e lançamento do Programa “Nossa Gente, Nosso Patrimônio”, em homenagem à Semana Santa, no Auditório André Xavier Mundim, na sede da prefeitura; realização do Auto da Paixão “Memórias de uma Via Sacra”, na calçada da Praça do Coreto para o Largo do Palácio Conde dos Arcos; Lava-pés e Ceia do Senhor e as missas celebradas nas várias igrejas da cidade. E, ainda, atividades alusivas à Paixão e Morte do Senhor Jesus Cristo, além da cerimônia da Dramatização do Descendimento da Cruz, no Largo do Chafariz, e as vigílias e, para finalizar, missas à ressurreição.

Presidente da Organização Vilaboense de Artes de Tradições (Ovat), instituição responsável por realizar a procissão, Rodrigo Passarinho salientou a importância do repasse de R$ 260 mil, pelo governo estadual, por intermédio do Programa Estadual de Incentivo à Cultura – Goyazes. O recurso viabilizou o evento. Passarinho frisou a união como ensinamento da pandemia: “de mãos dadas podemos fazer melhor para todos”.

A coletiva da retomada da Procissão do Fogaréu foi prestigiada ainda por Allysson Cabral, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional (Iphan-GO), secretários de Estado Adriano da Rocha Lima (Governo), Cezar Moura (Retomada), Joel de Sant’Anna Braga Filho (Indústria, Comércio e Serviços), prefeito, Aderson Gouveia, a vice-prefeita Zilda Lobo.

Também os secretários municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Santana, e de Cultura, Raíssa Coutinho, Suzana Magalhães, diretora de Turismo, Rodrigo Passarinho, presidente da Ovat, entre outras autoridades.  

Memória da tradição

Coronel Adailton relembrou as diversas vezes em que esteve na cidade de Goiás durante o período pandêmico para levar seu apoio e encontrar, com as autoridades locais, alternativas para manter acesa a chama da tradição da Semana Santa. “Em 2020, o que se teve da procissão foi o que estava presente na memória e nas redes sociais, com a postagem de vídeos”, recordou.

Já em 2021, a comissão conseguiu junto com a TV Alego, Goiás Turismo e Secretaria de Cultura da cidade de Goiás, Organização Vilaboense de Arte e Cultura, preparar a realização de forma online, com imagens de bancos de arquivo, exibidos em locais públicos de Goiânia, a exemplo do Centro Cultural Oscar Niemeyer, com transmissão pela TV Brasil Central, TV Alego, canais oficiais das mesmas e redes sociais. 

O secretário Rodrigo Santana salientou a importância da Procissão do Fogaréu como marco da retomada das atividades no município. “É muito importante para Goiás, empresários e setor cultural, muito penalizados durante a pandemia.”

Santana ressaltou, ainda, a importância da parceria com a Comissão de Turismo mesmo durante o período de pandemia, com a transmissão da Semana Santa online. 

Perseguição e prisão de Jesus

A tradicional Procissão do Fogaréu é realizada há 277 anos, porém teve um período de interrupção, retomado nos anos 1960. A celebração trata da saída dos 45 homens, mascarados. Eles são os farricocos, representando os soldados romanos, com vestes coloridas, mascarados e descalços, a percorrerem a cidade em perseguição a Jesus para aprisioná-lo. 

Com a iluminação pública apagada, de tochas acesas, ao som de tambores, os farricocos saem da porta da Igreja da Boa Morte, na praça principal da cidade. O percurso de quase dois quilômetros é acompanhado por milhares de fiéis. 

Ao longo da caminhada, são realizadas algumas paradas. As encenações representam os últimos momentos de Jesus. Na última parada, o toque do clarim anuncia o fim da perseguição. O momento emocionante é a prisão de Jesus. O som do instrumento é o único a ser percebido na cidade por alguns segundos, silenciando toda multidão.