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Para ouvir melhor

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A audição é constituída, de acordo com a Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde (MS), por um sistema de canais que conduzem o som até o ouvido interno. Nesse local, as ondas são transformadas em estímulos  elétricos que são enviados ao cérebro, responsável por reconhecer e identificar o que ouvimos. A impossibilidade ou dificuldade neste processo de audição pode ser provocada por fatores genéticos, ambientais ou acidentais, como infecções, excesso de ruídos, perfuração do tímpano, dentre outros.

A surdez pode ser apresentada em diferentes graus e tipos e afetar pessoas de qualquer idade. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 5% da população brasileira é composta por pessoas surdas. A porcentagem corresponde a mais de 10 milhões de pessoas. Destas, 2,7 milhões possuem surdez profunda, em que não é possível escutar absolutamente nada. 

Tal condição pode, entretanto, ser prevenida. Isto porque a surdez pode ser desencadeada por fatores acidentais, como os mencionados no primeiro parágrafo e, ainda, por viroses, meningites e até mesmo infecções congênitas.

No Brasil, é celebrado, em 10 de novembro, o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez. A data foi instituída pela Portaria de Consolidação do Ministério da Saúde nº 1/2.017, artigo 527, como “símbolo de luta pela educação, conscientização e prevenção para os problemas advindos da surdez”. 

Segundo o Conselho Federal de Fonoaudiologia, algumas das medidas de prevenção essenciais são: cuidar da audição, com a utilização de fones de ouvido de forma segura, evitar sons altos, utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs) quando houver exposição a ruído intenso e manter um estilo de vida saudável. Outra forma de cuidado é a procura de um profissional capacitado, para, em casos suspeitos, realizar uma avaliação. Com o diagnóstico, o tratamento adequado é indicado.

Presidente da Comissão de Saúde no Parlamento goiano, o médico e deputado Gustavo Sebba (PSDB) destaca a relevância da data como forma de conscientização a respeito das medidas que podem ser tomadas para evitar a condição e, ainda, para que a população tenha conhecimento a respeito da doença.

“É uma data muito importante para conscientizar toda a sociedade sobre cuidados preventivos, mas também para educar sobre o respeito às pessoas com deficiência. Precisamos entender melhor as necessidades da pessoa surda para garantir a acessibilidade e igualdade de condições e oportunidades”, frisa Sebba. 

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Segundo o deputado, ainda existe muita ignorância a respeito do assunto. Muitas pessoas sequer sabem que a surdez tem diferentes gradações e causas. “Entender os detalhes garante que a gente lide com o tema com menos preconceito, garantindo políticas públicas de prevenção mais eficientes e mais dignidade para a pessoa surda”, acrescenta o parlamentar. 

Prevenção na primeira idade

De acordo com a fonoaudióloga especialista em audiologia Ana Beatriz Pinho, do sistema Hapvida, a prevenção deve ser feita desde os primeiros momentos da vida de uma pessoa. Além da realização do teste da orelhinha, os pais ou responsáveis devem ficar atentos a alguns sinais. “Se ele é uma criança que não chora muito, não balbucia, ou então quando está chorando e a mãe fala, ele não se acalma, pode ser um problema de surdez”, diz. 

A forma de análise primária pode ser feita, de acordo com a profissional, de algumas formas, tais como: observar se o bebê balbucia no tempo certo, com seis meses de vida. Além disso, brincadeiras sonoras podem ser feitas, alternadas entre os lados direito e esquerdo, com a finalidade de perceber se a criança irá olhar para a direção de onde vem o som. “Se essa criança não olhar, não apresentar isso, não pronunciar som quando a mãe conversa, ou pronunciar sem olhar, vá a um otorrino ou especialista e procure saber se essa criança tem algum problema auditivo”, salienta a especialista. 

Com a detecção precoce, é possível tratar da forma correta e até mesmo evitar maiores complicações. “Detectando logo cedo, a gente coloca um aparelho auditivo e vai estimulando os sons de fala”, diz Ana Beatriz, acrescentando que, se detectado logo cedo algum problema, a probabilidade de melhorar, de habilitar ou reabilitar essa fala fica mais fácil.

Prevenção durante a gestação

Para as grávidas, a realização do pré-natal é fundamental para esclarecimentos e orientação médica com relação à alimentação e utilização de medicamentos, em prol de uma gestação saudável, que venha a contribuir para o desenvolvimento geral do bebê. Além disso, todas as mulheres devem tomar a vacina contra a rubéola, caxumba, sarampo e meningite B e C, antes da gravidez, para que, no caso de uma futura gestação, possam estar protegidas. 

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Atuação parlamentar

Na atual Legislatura, tramitam diversos projetos que visam beneficiar pessoas com deficiência auditiva, bem como melhorar a acessibilidade geral a este público. Voltado ao combate e prevenção da surdez, está o projeto de lei nº 0990/20, de autoria do deputado Bruno Peixoto (MDB). A proposta visa instituir a política de Diagnóstico e Tratamento do Distúrbio do Processamento Auditivo Central nas redes públicas de saúde e educação de Goiás.

O objetivo é melhorar o diagnóstico precoce e tratamento do distúrbio do processamento auditivo central e seus efeitos, com identificação, cadastramento e acompanhamento de pacientes diagnosticados. A divulgação do tema como forma de disseminar as informações para tratamento adequado, também é citada na propositura, além da conscientização para que pessoas que desenvolvem atividades em unidades de saúde e instituições educacionais tenham conhecimento quanto às providências de prevenção e tratamento.

“Com os resultados dos testes de desempenho auditivo realizados, fica mais fácil identificar o tipo de alteração que precisa ser tratado. Com o tratamento e treinamento auditivo adequado, é possível minimizar e reverter os problemas causados pelo transtorno do processamento auditivo central”, frisa o autor da matéria, em sua justificativa. 

O texto reforça que a criação da política em questão fará com que haja informações para a identificação do distúrbio, de modo que o mesmo não venha a ser confundido com preguiça, déficit de atenção ou retardo mental. O deputado assinala que pessoas com esse distúrbio detectam sons, mas não conseguem interpretar as informações contidas neles, por isso o transtorno pode ser confundido com outras doenças de caráter neurológico. “Há exames para testar as habilidades preservadas e as com desempenho abaixo do esperado para idade”, esclarece.

Para Gustavo Sebba, ações e debates públicos acerca do tema são fundamentais para a garantia dos direitos e conhecimento a respeito das medidas preventivas. “Acredito que o principal papel do Poder Legislativo nesse assunto é fiscalizar a execução de políticas públicas de acessibilidade e prevenção e exigir, por meio de projetos de lei, a promoção de ações de prevenção e inclusão”, pontua.

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