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Política

Lobo-guará encerra série Eu Amo Cerrado, que vinha sendo veiculada às sextas-feiras, nas redes sociais da Assembleia Legislativa

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Depois de destacar, todas as sextas-feiras, por semanas seguidas, diversas espécies da fauna e da flora do nosso bioma, a campanha Eu Amo Cerrado, desenvolvida pela seção de Publicidade, Imagem e Identidade Corporativa da Assembleia Legislativa de Goiás, chega ao fim. E nada melhor que uma espécie das mais simbólicas do cerrado para fechar a série, que trouxe a público, a riqueza e a diversidade do bioma.  O lobo-guará, como tantas outras espécies mostradas na campanha, precisa ser cuidada para não acabar em extinção.

Velho conhecido do Cerrado brasileiro, também presente em regiões de Savana em outros países da América do Sul, o lobo-guará ficou famoso em todo o Brasil, no ano passado, quando foi escolhido para estampar a nota de R$ 200, lançada pelo Banco Central (BC). De acordo com a instituição, o lobo-guará foi escolhido para ilustrar a nota, com base em uma pesquisa feita em 2001 para escolha de animais para novas cédulas. Os dois mais votados, tartaruga-marinha e mico-leão-dourado, foram utilizados, respectivamente, nas cédulas de R$ 2 e de R$ 20. O terceiro mais votado foi o lobo-guará, que agora, além de ir parar na nota de R$200, também virou alvo de brincadeiras e “memes” nas redes sociais.

Na vida real, o lobo-guará corre o risco de ficar como a cédula que ele estampa: pouco visto pelas pessoas. Segundo a classificação da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o animal é considerado uma espécie “quase ameaçada”. 

Ele não é considerado uma espécie ameaçada de extinção pela entidade, por causa de sua ampla distribuição geográfica e pela capacidade de adaptação a ambientes modificados pelo homem. Mas o declínio de suas populações tem sido constantemente observado e a espécie pode estar em alguma categoria de ameaça em breve, por isso a classificação feita pela UICN. 

No Brasil, a lista do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que segue os mesmos critérios da União Internacional, considera o lobo como espécie “vulnerável”. Por esses mesmos critérios, as listas estaduais brasileiras também o consideram em situação mais problemática: é uma espécie vulnerável nas listas de São Paulo e Minas Gerais, enquanto que no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o lobo-guará é considerado como “em perigo” e “criticamente em perigo”. Além do Cerrado, o lobo-guará existe, atualmente, em áreas de Mata Atlântica já desmatadas, onde não ocorria originalmente. 

Mas mesmo a classificação como “vulnerável” já é preocupante, já que significa que ele está sob ameaça e, que, se nada for feito, pode deixar de existir. Uma ameaça não só para o lobo-guará, já que qualquer espécie extinta, provoca desequilíbrio na natureza. 

Para o Cerrado, a possibilidade de extinção do lobo-guará representa um perigo ainda maior. Por consumir grandes quantidades de frutos e, frequentemente eliminá-los intactos nas fezes, tem importante papel na dispersão de sementes de plantas. A lobeira é um exemplo: apesar de outros canídeos também se alimentarem das sementes da espécie, o lobo-guará é o principal dispersor das sementes dessa planta, porque deposita as fezes com sementes em sauveiros, locais em que as lobeiras se agregam.  

Um dos maiores especialistas em Cerrado, o professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Altair Sales Barbosa, explica ainda que algumas sementes, como a de araticum, só pode ter sua dormência quebrada no intestino delgado de um canídeo nativo do Cerrado, como o lobo guará ou a raposa. Se os animais entram em processo de extinção, outras espécies também estarão condenadas ao desaparecimento.

A maior ameaça à sobrevivência do lobo-guará vem da  transformação de áreas de vegetação nativa em campos cultivados, apesar da tolerância da espécie a ambientes alterados. Porém, a falta de ambientes adequados para a reprodução da espécie é um fator preponderante na alta mortalidade dos filhotes. Nessas áreas modificadas, os atropelamentos também são importante causa de mortalidade, principalmente de animais jovens. O contato com cães  é outro fator prejudicial ao lobo-guará, já que ele fica susceptível a contrair as doenças desses animais. 

Fica evidente a necessidade de preservação dessa espécie, como de todas as outras, presentes não só do Cerrado, mas também nos outros biomas, para o bom equilíbrio do meio ambiente e a garantia da continuidade da preservação da própria espécie humana. 

A campanha Eu Amo Cerrado chega ao fim, mas a importância de se conhecer e, mais importante, de se defender a fauna e a flora, deve continuar. A série cumpriu seu papel: de mostrar a riqueza e a relevância do bioma. Agora cabe a cada um de nós também assumirmos nossa parcela de contribuição.  

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