Entretenimento
Eva Wilma quase atuou em filme de Hitchcock nos anos 1960
Com uma extensa carreira no teatro e em produções de TV no Brasil, Eva Wilma, que morreu neste sábado em decorrência de um câncer de ovário, atraiu olhares de Hollywood quando jovem — e quase estrelou um filme de Alfred Hitchcock.
Em 1969, durante uma viagem com o marido John Herbert (1929-2011) em visita aos estúdios da Universal Pictures, nos EUA, a Eva foi fotografada por um agente que buscava uma atriz latino-americana para um novo longa de Hitchcock, nome por trás de sucessos como “Psicose” (1960) e “Janela indiscreta” (1954).
A produção em questão era “Topázio” (1969), título menos conhecido da filmografia do diretor, sobre conflitos entre espiões americanos, franceses e cubanos durante a Guerra Fria. E lá foi Eva Wilma , sozinha, para Hollywood, nos EUA, ao receber o convite do cineasta para realizar enfim um teste, meses depois de ter voltado ao Brasil.
“Nunca tinha viajado sozinha de avião, nem mesmo até a esquina. Foram nove dias de transformação geral, inclusive com seios postiços. E aí eu falava para o chefe de maquiagem (em Hollywood) : ‘Mas eu não preciso disso, está tudo bem’. E ele dizia: ‘Olha, a Audrey Hepburn levou dois anos para conseguir trabalhar sem o seio postiço’. Foi quando falei: ‘Então, tá bom'”, recordou ela, em entrevista para o programa Vídeo Show, da TV Globo.
Em outras entrevistas, a atriz relatou como ficou impressionada com a reverência com a qual tratavam Hitchcock. “Quando fui colocada no cenário para o primeiro teste, as pessoas (da produção) pararam o que estavam fazendo e começaram a aplaudir. Era o Hitchcock entrando no estúdio”, rememorou, em entrevista recente a Pedro Bial.
Na ocasião, Eva Wilma e Hitchcock chegaram a ter um pequeno desentendimento. É que o cineasta pediu para a atriz improvisar algumas falas diante da câmera, e a atriz se confundiu com a língua inglesa, que não dominava bem. “Me lembro que ele me disse: ‘Você está querendo me irritar falando em uma língua que não é a minha, fala na sua língua, fala em português'”, lembrou a atriz.
“Ele era genial, sádico, extremamente vaidoso, tinha muito talento e prazer na maldade, no suspense”, opinou Eva Wilma sobre o “Mestre do Suspense”, como o Hitchcock é chamado, em conversa com o jornalista Zeca Camargo, em 2014.
Quem ficou com o papel, ao final do processo de testes, foi a atriz alemã Karin Dor. “Meu único consolo é que ‘Topázio’ não foi um dos bons filmes dele do Hitchcock). Mas eu queria ter feito de qualquer jeito. Ah, eu queria ter feito o filme, mas depois eu teria voltado para o Brasil”, contou a atriz.
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