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Política

Dia Mundial da Energia

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O Dia Mundial da Energia é comemorado em 29 de maio. No mês escolhido para celebrar a data, Goiás tem um forte motivo para comemorar: o estado atingiu 300 megawatts (MW) de potência instalada de geração distribuída solar fotovoltaica e mais de 20,4 mil sistemas conectados em 242 municípios. Essa marca alcançada é resultado de um trabalho que teve início em 2015, com a criação do Fórum de Discussão Permanente do Setor Energético do Estado de Goiás. A plataforma de debates foi uma iniciativa do então presidente da Comissão de Minas e Energia do Legislativo goiano, Simeyzon Silveira.

O Fórum do Setor Energético foi criado para debater o fomento de fontes energéticas renováveis e não degradáveis com objetivo de integrá-las à matriz hidráulica. Em Goiás, grande parte do crescimento do setor se deve ao envolvimento da Assembleia Legislativa, que teve um papel determinante na formulação de políticas de incentivo e no fomento a toda cadeia da energia solar. Apesar da expansão, ainda há um enorme potencial a ser explorado, principalmente nesse momento em que uma iminente crise energética, devido ao baixo nível de água nas hidrelétricas, deixa o Brasil sob um céu de incertezas. Em um País em que o sol brilha 365 dias por ano, o uso da energia solar é uma opção sustentável, econômica e com infinitas possibilidades. 

De acordo com Simeyzon Silveira, a ideia sempre foi aliar o desenvolvimento econômico do estado, em harmonia com a sustentabilidade ambiental. E o trabalho deu resultados. Ele avalia que o Fórum gerou um ambiente propício para a discussão e o consequente avanço da energia fotovoltaica. “O saldo positivo de conquistas só foi possível por causa da atuação conjunta de todos aqueles que fizeram parte do Fórum. A parceria entre Governo estadual, Alego, Prefeitura de Goiânia, entidades fiscalizadoras, do setor produtivo, sociedade civil organizada, universidades, grupos empresariais e instituições financeiras, transformaram o cenário energético do estado. Ver esse legado que deixamos é motivo de muito orgulho e satisfação para mim”, ressalta.

Conforme um levantamento inédito feito pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), 2020 foi um ano de recordes no setor solar fotovoltaico no Brasil. O estudo apontou que o País saltou de 4,6 gigawatts (GW), no final de 2019, para 7,5 GW ao findar 2020, um crescimento de 64%, considerado um percentual excepcional, se tratando de um ano em que houve retração econômica em função da pandemia de covid-19.  

Os negócios em torno da cadeia produtiva da energia solar fotovoltaica se anunciam como uma importante ferramenta na recuperação econômica do Brasil, devido as perdas provocadas pela pandemia. “Esse será um ano radiante para o mercado solar fotovoltaico brasileiro. A solar é a fonte renovável mais competitiva do País e uma verdadeira alavanca para o desenvolvimento econômico, social e ambiental, com geração de emprego e renda, atração de investimentos, diversificação da matriz elétrica e benefícios sistêmicos para todos os consumidores brasileiros”, diz o presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia. 

Mudanças na legislação

Atualmente, a Comissão de Minas e Energia e o Fórum do Setor Energético são presididos pelo deputado Virmondes Cruvinel (Cidadania). Segundo ele, apesar da pandemia de covid-19, o trabalho continua. As reuniões oficiais ainda são realizadas mensalmente, só que, agora, de maneira virtual. “A comissão tem seguido a agenda de visitas periódicas a empresas e entidades que demonstram boas práticas energéticas e, também, tem realizado encontros com os membros do Fórum. Continuamos com o objetivo de apoiar os avanços voltados à sustentabilidade no setor de energias renováveis, viabilizando, cada vez mais, o acesso a essas práticas por parte de empresários e do poder público”, diz o parlamentar. 

Entusiasta da energia solar, Cruvinel também acredita que a cadeia de geração fotovoltaica pode ter um papel importante na retomada da economia do País. Para ele, a aprovação do substitutivo ao PL 5829/19, que vai instituir o Marco Legal da Energia Solar Fotovoltaica, será mais um incentivo ao crescimento do setor, já que beneficiará, em especial, os consumidores que produzem sua própria energia elétrica e injetam o excedente na rede de distribuição local.

“Dados que recebi da Absolar indicam que o marco legal deve resultar na abertura de um milhão de novos postos de trabalho, nos próximos 30 anos, nas 27 unidades da Federação. Além da geração de empregos, a aprovação da matéria movimentaria, sobremaneira, a economia ligada ao setor de energia elétrica. E não tenho dúvidas de que, com crise na saúde e na economia, o projeto se faz ainda mais necessário, pois gera empregos em todo o Brasil, contribuindo para o equilíbrio social e para a distribuição de renda em todas as regiões”, analisa Virmondes Cruvinel. 

Em um cenário em que a retomada da economia é uma das maiores expectativas das empresas, dos governos e das pessoas, o aumento da geração de energia solar tem um outro papel de grande relevância. Crescimento econômico pressupõe aumento no consumo de energia elétrica e, no momento, a geração de energia pelas hidrelétricas está no movimento contrário, de uma possível redução, em função da escassez de chuvas e a consequente redução nos níveis dos reservatórios.  

No momento em que indústria, comércio, serviço, turismo e outros setores voltarem a crescer, a matriz fotovoltaica desponta como uma alternativa limpa que poderá suprir a demanda por mais energia. Mais um motivo para que a atividade seja incentivada com a aprovação do projeto, que tramita na Câmara dos Deputados. “Para a existência de um cenário mais alvissareiro é imprescindível se possuir viabilidade jurídica, técnica e, principalmente, econômica. Dessa forma, a criação de um marco legal, com regras claras e justas, poderá alavancar a energia solar ao seu potencial máximo, mediante maior atratividade dos investidores, em especial em nosso estado de Goiás”, avalia Virmondes. O substitutivo está pronto para ser votado em Plenário. O texto constava na pauta da Câmara Federal na sessão de quinta-feira, 27, mas teve sua votação adiada. 

O sol que aquece: energia solar fotovoltaica em números

Os resultados do ano passado geraram confiança e uma previsão animadora para 2021. Segundo análise da Absolar, até o fim do ano, serão adicionados mais de 4,9 gigawatts (GW) de potência instalada, somando as usinas de grande porte e os sistemas distribuídos em telhados, fachadas e pequenos terrenos, as chamadas micro e pequenas usinas de geração distribuída.

Isso representará um crescimento de mais de 68% sobre a capacidade instalada atual do País. Dados do primeiro quadrimestre divulgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que as previsões devem se confirmar. Até o fim de abril, foram 90.669 novos sistemas de micro e mini geração solar conectados à rede elétrica. O volume, que soma quase 903 MW de potência, é o maior já registrado desde a criação do segmento de geração distribuída, em 2012, e quase 28% acima do conectado em 2020.

Além da economia para famílias e empresas, a cadeia da energia gerada a partir da matriz fotovoltaica também tem se mostrado um dos mais promissores segmentos econômicos em desenvolvimento no Brasil. Os dados da Absolar mostram que o setor atraiu mais de R$ 13 bilhões em investimentos em 2020, um crescimento de 52% em relação aos investimentos acumulados no País desde 2012, que foram na ordem de R$ 25 milhões.

Nesses nove anos, foram mais de R$ 38 bilhões em negócios e a criação de mais de 224 mil postos de trabalho. Só em 2020, surgiram 86 mil novas vagas, espalhadas por todas as regiões do território nacional; 62% a mais de contratações em relação aos empregos acumulados no País desde 2012. E, para esse ano, as projeções são de chegar ao final de 2021 com um total acumulado de mais de 377 mil empregos no Brasil desde 2012, distribuídos entre todos os elos produtivos do setor. A maior parte destes postos de trabalho deverá vir do segmento de geração distribuída, que será responsável por mais de 118 mil empregos nesse ano. Dos R$ 22,6 bilhões de investimentos previstos para 2021, a geração distribuída corresponderá a uma média de R$ 17,2 bilhões. Isso mostra a pujança dos pequenos empreendimentos de geração de energia. 

Se para os empresários do setor e para os consumidores a energia solar já deu provas de que é um excelente negócio, também os governos se beneficiam. A Absolar prevê que a produção de energia solar será responsável por um aumento líquido na arrecadação dos governos federal, estaduais e municipais de mais de R$ 6,7 bilhões este ano. O valor já contabiliza a economia dos consumidores em suas contas de energia elétrica.

Goiás acompanhou esse crescimento da cadeia da energia solar. Dados da Absolar mostram que, em dezembro de 2018, eram gerados no estado apenas 20 MW. E isso é só o começo. Levantamentos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que Goiás se destaca com sua incidência solar entre 2.000 e 2.500 horas de insolação ao ano, acima da média nacional. Todavia, por estar situado em uma das regiões mais privilegiadas do País para a geração de energia solar, a produção ainda é baixa em comparação com outros estados com menor potencial energético. Ou seja, o segmento pode multiplicar a geração de energia fotovoltaica, gerando empregos, tributos e desenvolvimento econômico.

Mesmo ainda dependendo da segurança jurídica que só a legislação poderá trazer, quem já investiu na geração fotovoltaica não se arrepende e sabe que terá energia elétrica de qualidade por muito tempo. O empresário José Luiz Martins é um deles. Buscando alternativas para reduzir o elevado custo com energia elétrica de sua emissora de rádio, o empresário chegou à opção da energia solar fotovoltaica.

José Luiz fez os cálculos e, pela eficiência e sustentabilidade, decidiu investir nessa matriz energética. Em agosto do ano passado, uma pequena usina entrou em funcionamento, produzindo entre 13 e 14 quilowatts (KW) de energia mensalmente, potência suficiente para abastecer, com sobra, o transmissor da rádio. “Está sendo muito vantajoso. Atualmente, o payback, que é o tempo de retorno do pagamento, varia entre quatro e cinco anos. Esse payback já foi muito mais alto, de dez a 12 anos. Então hoje em dia é muito vantajoso, porque no máximo em cinco anos você já pagou o investimento que gastaria com energia elétrica. Está nos atendendo muito bem”, comemora o radialista.  

A alternativa encontrada por José Luiz está sendo cada vez mais procurada como solução para a redução no preço da conta de luz e, ainda, para a autonomia no uso de energia elétrica por parte de empresas e residências. “Estou muito feliz porque hoje nós somos autossuficientes em energia. Geramos, inclusive, um pouquinho acima do que consumimos no nosso transmissor e temos uma solução sustentável. Dizem que a usina tem 25 anos de durabilidade, mas não é verdade. Daqui a 25 anos ela terá perdido apenas 20% da sua eficiência. Então é só ir aumentando o número de painéis se quiser ter a mesma geração. Eu, inclusive, aconselho, quem tiver essa condição de investir, que o faça. Eu estou muito feliz”, compartilha o empresário.

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