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Cuidar dos ossos é preciso

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A Lei nº 20.390, sancionada pelo governador Ronaldo Caiado (DEM) no dia 3 de janeiro de 2019, instituiu em Goiás a Semana Estadual de Prevenção e Controle da Osteoporose, a ser realizada, anualmente, no final do mês de março. Os eventos a serem promovidos durante o período previsto na legislação têm os objetivos de promover a conscientização da população sobre diagnósticos preventivos, controle e tratamento da doença, por meio de ações informativas e educativas, como eventos, palestras, audiências públicas e seminários.

O projeto que resultou na lei teve origem na Assembleia Legislativa, a partir de propositura do deputado Jeferson Rodrigues (Republicanos). Segundo o parlamentar, a ideia central é promover a prevenção da osteoporose, uma das doenças ósseas metabólicas mais comuns e a principal causa de fraturas devido à fragilidade imposta. “Tal moléstia avança silenciosamente, podendo ocasionar rupturas em qualquer parte do esqueleto, inclusive na coluna vertebral, surgindo, com o tempo, consequências mais graves. Assim, veio a necessidade da busca do combate e prevenção de sua ocorrência”, justificou Rodrigues.

A preocupação do parlamentar em se antecipar à doença tem razão de ser. Segundo dados da Fundação Internacional de Osteoporose (IOF), a enfermidade atinge cerca de 10 milhões de pessoas no Brasil e, de cada três pacientes que sofreram fratura no quadril, um tem o diagnóstico de osteoporose.

É uma doença que atinge mais as mulheres no pós-menopausa. A estimativa de proporção é de seis muheres para um homem a partir dos 50 anos, e de duas mulheres para um homem acima de 60 anos. Isso acontece porque o estrogênio é o hormônio que ajuda a equilibrar a saúde dos ossos nas mulheres. Após a menopausa, os níveis desse hormônio caem, deixando as estruturas mais finas e frágeis, o que pode levar à osteoporose.   

Segundo a ginecologista Joice Lima, diretora da Sociedade Goiana de Ginecologia e Obstetrícia, a osteoporose é uma doença que atinge o esqueleto do nosso corpo, provocando uma mudança na qualidade e na “arquitetura” do osso, tornando-o mais frágil e, como consequência, mais quebradiço. 

A profissional explica que esse é um processo que acontece porque, até os 20 anos de idade, o ser humano atinge o pico da massa óssea. Em outras palavras, até essa idade, o nosso organismo constrói um importante reservatório de massa óssea e, a partir daí, o corpo vai gastar ou, no máximo, manter essa massa adquirida nas duas primeiras décadas de vida. 

Para adquirir um osso de qualidade, a alimentação é um dos fatores mais importantes, sendo que a ingestão de alimentos ricos em cálcio, como os derivados do leite e as folhas verdes, é fundamental e faz toda a diferença. A médica ensina ainda que depois da idade em que os ossos são formados, os cuidados com a alimentação devem continuar, para que a manutenção da massa óssea seja efetiva. “As pessoas que não ingerem laticínios ou que têm uma alimentação pobre em leite e derivados, têm um risco maior para a osteoporose.”

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Fatores de risco e prevenção 

Além da alimentação, a médica alerta que a idade é um dos fatores que aumentam o risco da ocorrência da osteoporose, já que com o passar do tempo, a massa óssea vai se desgastando. Mas existem ainda outras condições que colaboram para o aparecimento da doença. 
Hábitos prejudiciais à saúde como o excesso de álcool, o tabagismo e o sedentarismo também  atuam como fatores de risco para o mal. “No caso do sedentarismo, há ainda um fator secundário, já que a atividade física, além de auxiliar na remodelagem óssea, vai contribuir na prevenção de outras  doenças, como o diabetes, que também podem levar à osteoporose”, detalha Joice de Lima. 

Além do diabetes, outros males podem desencadear a osteoporose, como as doenças autoimunes, a artrite reumatoide, o hipertireoidismo, o hiperparatireoidismo e a menopausa precoce, por causa da redução na produção do estrogênio. Pessoas que fazem uso de alguns medicamentos também devem ter ainda mais cuidado. Entre eles, os corticoides e alguns remédios para o câncer de próstata e de mama, porque também interferem na produção hormonal. 

De acordo com a médica, quase todos esses fatores podem ser revertidos ou minimizados, reduzindo, dessa forma, a possibilidade de instalação da osteoporose. Até mesmo os efeitos da menopausa podem ser combatidos com as terapias de reposição hormonal.

Por último, a médica cita a importância da exposição ao sol para prevenir a doença. A absorção de cálcio pelo organismo necessita da vitamina D e o sol é a maior fonte dessa vitamina. “É necessário ficar ao sol por, pelo menos, 10 a 15 minutos diários E uma parte do corpo deve ficar exposta sem o protetor solar, porque esse produto interfere na absorção da vitamina D. Então seria interessante colocar o pé ou uma parte do braço, por exemplo, sem o protetor, por no máximo um quarto de hora diariamente. Isso seria suficiente para absorvermos uma quantidade ideal de vitamina D, que vai auxiliar na prevenção da osteoporose.” 

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Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da doença é feito basicamente pela densitometria óssea, um exame de imagem, em que a qualidade do osso, especialmente do fêmur e do quadril, é avaliada. Ele vai mostrar importantes dados sobre a densidade do osso. 

A médica explica que o exame ainda é uma oportunidade de se detectar a osteopenia, uma condição  anterior à osteoporose. Nesse caso já existe uma perda óssea menor, que quando detectada pode ser tratada para impedir o avanço e a instalação da osteoporose. Segundo a profissional, a indicação é de que todas as pessoas a partir dos 50 anos façam a densitometria.

Ela alerta que um sinal importante a ser observado e que pode indicar que a osteoporose está se instalando é a diminuição da estatura corporal:  “Se esse paciente está diminuindo o tamanho dele, pode ser um sinal. Ele pode ter fraturas silenciosas, levando a um achatamento da coluna e diminuindo a estatura desse paciente. É preciso ficar atento”.

Depois de instalada, a osteoporose precisa ser tratada para evitar a evolução da doença e, em alguns casos, até recuperar a massa óssea. Além das mudanças de hábitos de vida, existem medicamentos que ajudam nessa recomposição óssea, terapias que devem ser associadas ao uso de suplementação do cálcio e de vitamina D. 

Um último alerta feito pela ginecologista diz respeito ao envelhecimento da população.  Ela lembra que dentro de poucos anos, o Brasil terá a sexta maior população de idosos, o que vai exigir uma maior atenção no sentido da prevenção da doença. Segundo a médica, o impacto da osteoporose e das consequências, especialmente, as trazidas pelas fraturas, é muito relevante. São pacientes que permanecem acamados por um longo tempo, com risco até de morte, como nas fraturas de fêmur, que comumente evoluem para embolias gordurosas, que podem levar o paciente ao óbito. 

“Além disso, a osteoporose pode ser um quadro doloroso, que leva a limitações e interferências na qualidade de vida. É muito importante que tenhamos programas de alerta, que visem incentivar essas mudanças no hábito de vida, que as pessoas possam fazer atividade física, ter uma boa alimentação pensando em manter essa qualidade óssea por muito mais tempo. E é possível sim fazer uma prevenção adequada”, finaliza a profissional. 

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