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Combatendo a meningite

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Em 2012, a pedagoga Beatriz Ferreira Cavalcante teve um grande susto quando o filho Miguel, na época com apenas 4 anos, foi diagnosticado com meningite. Ela relembra que ficou muito apreensiva porque sabia que se tratava de uma doença séria, que poderia ter graves complicações. O garoto ficou internado por cinco dias no Hospital de Doenças Tropicais HDT), em Goiânia e, felizmente, se recuperou completamente, com um tratamento relativamente simples. 

Depois desse sufoco, o que ela não esperava era que enfrentaria a mesma situação, novamente, cinco anos depois com Valentina, a filha caçula. A menina começou a ter febre e reclamar de dor na cabeça. Levada ao pronto-socorro, a história se repetiu, mas com um ingrediente a mais. “Eu não acreditei quando a médica começou a fazer o exame clínico e pediu para ela abaixar a cabeça, da mesma forma como tinha acontecido com o Miguel. E, a princípio, ela foi tratada como meningite bacteriana, que é mais grave, pode deixar sequelas, mas, felizmente, depois foi constatada que também era viral e eu fiquei mais tranquila. Mesmo assim, foi terrível.” 

Assim como o irmão, a pequena Valentina passou por uma internação no mesmo hospital, que é referência em doenças infectocontagiosas no estado, só que, como havia uma suspeita de meningite bacteriana, teve que ficar 11 dias num leito de isolamento.  

A doença que acometeu os irmãos Miguel e Valentina se caracteriza pela inflamação das meninges, que são uma espécie de capa que protege o cérebro. Segundo o médico infectologista Marcelo Daher, a meningite pode ter causas variadas, podendo ser bacteriana, viral, fúngica, química ou até mesmo traumática ou pós-traumática. 

As meningites bacterianas são mais graves e podem levar ao óbito, já as meningites virais costumam ser mais leves e atingem mais as crianças, mas têm grande potencial de causar surtos.

O especialista explica que o agente causador da meningite entra no corpo humano e penetra no sistema nervoso central, provocando a inflamação das meninges. O contágio se dá pelas vias respiratórias, por meio de tosse, espirros ou ainda, por um contato mais próximo entre as pessoas. 

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De acordo com o infectologista, os sintomas são bem característicos e no caso de ocorrência é preciso buscar atendimento médico o quanto antes. “Essa inflamação das meninges causa um grande desconforto, dor de cabeça, febre, vômito e prostração. É uma doença muito grave. Algumas delas, como na meningocócica, o índice de óbitos é alto e é muito rápido também. Outras, como as causadas por pneumococos, deixam muitas sequelas. Então, toda atenção é necessária quanto a esses sintomas”, ensina.

Incidência

 Segundo o Ministério da Saúde, entre 2007 e 2020, foram confirmados mais de 26 mil casos da  meningite meningocócica no Brasil, números que, felizmente, vêm caindo, desde que a vacina contra a doença passou a ser disponibilizada nos postos de saúde. 

Os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) mostram que depois do começo da imunização, a incidência da enfermidade passou de 1,5 caso a cada 100 mil habitantes, entre 2007 e 2010, para 0,4 caso a cada 100 mil habitantes, entre 2017 e 2020. 

Marcelo Daher explica que, apesar de não haver vacinas para todos os tipos de meningites, a imunização para as formas bacterianas, que são as mais graves, estão disponíveis inclusive na rede pública de saúde. Além disso, existem vacinas para alguns vírus que causam doenças que podem levar à meningite, como a caxumba.

A preocupação do médico é com a queda na cobertura vacinal, que vem ocorrendo nos últimos anos, no Brasil, o que pode causar uma reversão na tendência de queda das estatísticas relativas à doença. Segundo ele, é um problema muito sério, porque se está falando de doenças que estão totalmente sob controle.

“Meningite por Haemophilus Influenza na década de 90, era uma causa muito comum de internação hospitalar. E a gente observa uma redução quase total de casos a partir do início dos  anos 2000, após a instituição da vacinação contra o Haemophilus B, então, tendo redução dessa cobertura, corremos o risco de volta dessas doenças e causando quadros que a gente não deseja”, analisa Daher. 

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Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações, as vacinas disponíveis contra a meningite são as seguintes: 

– Vacinas combinadas à tríplice bacteriana (penta ou hexa): Exclusivas para crianças menores de 7 anos, protegem da meningite por Haemophilus influenzae b e de outras doenças.

– Vacinas pneumocócicas conjugadas (VPC10 e VPC13): Protegem da meningite pneumocócica — a segunda forma mais comum de meningite bacteriana no Brasil. São recomendadas para crianças a partir dos 2 meses. 

– Vacinas meningocócica C conjugada, meningocócica conjugada ACWY e meningocócica B: Protegem da doença meningocócica. São recomendadas na rotina de vacinação infantil a partir dos 2 ou 3 meses. 

– Vacinas meningocócica C conjugada, meningocócica conjugada ACWY e meningocócica B: Protegem da doença meningocócica. São recomendadas na rotina de vacinação infantil a partir dos 2 ou 3 meses. 

– Vacina BCG: Previne as formas graves de tuberculose, como a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar. 

Tratamento 

Depois de instalada, a meningite precisa ser tratada o quanto antes. Segundo o infectologista Marcelo Daher, as terapias vão depender do tipo da doença. No caso da doença viral, o principal é a observação do paciente, já a meningite bacteriana é tratada com a administração de antibióticos. 

Nos casos mais graves, a doença pode exigir internação e até cuidados intensivos.  

Uma informação importantíssima é que as doenças meningocócicas e outras meningites bacterianas, por se tratarem de doenças transmissíveis, são de notificação compulsória imediata, ou seja, precisa ser comunicada às secretarias municipal e estadual de Saúde em até 24 horas. Isso possibilita que seja feita uma investigação epidemiológica, com adoção de ações de prevenção e controle. 

Embora os tratamentos disponíveis sejam eficazes, o médico faz questão de ressaltar que a meningite pode levar à morte ou causar sequelas graves, por isso, o melhor é prevenir. “E a vacinação é a melhor forma de prevenção da doença”, resume o médico. 

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