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BC: 96% da população adulta têm relacionamento com bancos

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O acesso da população ao Sistema Financeiro Nacional (SFN) cresceu nos últimos três anos, com 261 milhões de novas contas, atingindo a marca de 96% dos adultos (mais de 15 anos) com algum relacionamento bancário. Em 2017, esse percentual era de 86,5%. Foram 14 milhões de cidadãos incluídos no SFN só no ano passado, de acordo com Segundo Relatório de Cidadania Financeira, publicação trienal divulgada hoje (11) pelo Banco Central (BC).

De acordo com o BC, entre 2018 e 2020, houve grande diversificação nos tipos de instituições utilizadas pela população, com aumento expressivo da participação das instituições de pagamentos (IPs). O número de relacionamentos nas IPs apresentou crescimento de 179%, enquanto, considerando todo o SFN, o crescimento foi de 49%.

Segundo o BC, isso evidencia o crescimento da demanda por canais de relacionamento digitais. “Mesmo as faixas de renda mais baixas têm procurado cada vez mais relacionamentos com IPs, que se concentram bastante na oferta de serviços financeiros digitais. Essas faixas também adotaram de forma crescente o Pix nos primeiros meses após sua implementação. A migração para o digital ocorre mesmo em um cenário em que a renda se configura como principal entrave do brasileiro no acesso à internet e a meios de pagamento digitais”, diz o relatório.

As instituições e pagamento são empresas que viabilizam serviços de compra e venda e de movimentação de recursos, mas sem a possibilidade de conceder empréstimos ou financiamentos a seus clientes. Elas são classificadas de acordo com os serviços prestados, como cartões pré-pagos, aplicativos de celular e também equipamentos de pagamento para empresas.

Além dos bancos e IPs, o sistema financeiro também inclui cooperativas, instituições de crédito e movimentações no mercado de capitais.

Auxílio emergencial

Além da diversificação das instituições, em 2020, o auxílio emergencial acelerou a inclusão financeira da população, quando levou à abertura de milhões de novas contas para o recebimento do benefício. O período mais forte de expansão no ano passado aconteceu entre os meses de maio e julho, início do pagamento do auxílio, quando quase dez milhões de pessoas acessaram pela primeira vez o sistema financeiro.

“Entre os beneficiários do auxílio pago ao longo de 2020 [68 milhões], praticamente a totalidade passou a ter um relacionamento com o SFN (97%), um avanço importante em comparação com o ano anterior, quando 81,8% possuíam uma conta em instituição financeira. Mesmo entre os beneficiários do auxílio oriundos do Bolsa Família, a proporção de pessoas com relacionamento subiu de 75,1% para 89,6%”, diz o relatório.

Segundo o BC, dos quase 80 milhões de relacionamentos criados em 2020 para esse público, cerca de 30 milhões de contas foram criadas na Caixa, instituição pagadora do benefício. Essas novas contas, porém, incluem pessoas que já possuíam algum relacionamento anterior com o sistema financeiro.

De acordo com o BC, percebe-se ainda que a diversificação de instituições e busca de canais de acesso remoto durante a pandemia também ocorreu no segmento de baixa renda. O relatório aponta que 30,9% da população do Cadastro Único, que reúne beneficiários de programas sociais do governo, possuía conta em instituição de pagamento em 2020, contra 9,4% em 2018.

Canais digitais

Ao longo dos últimos três anos, houve queda na quantidade de agências, enquanto observou-se expansão no número de postos de atendimento e de correspondentes bancários. Da mesma forma, os canais digitais de acesso continuam sendo amplamente utilizados.

Em 2019, houve queda de 14% no número de transações pelo internet banking, ao mesmo tempo em que transações realizadas por meio de telefones celulares (smartphones) aumentaram em 56% no período de 2018 a 2020. “Essa tendência evidencia que a população, principalmente a parcela mais jovem, está cada vez mais conectada ao sistema financeiro pelos celulares, utilizando os aplicativos para realizar suas transações”, explicou o BC.

O Brasil continua a ter pelo menos um canal de atendimento em todos os municípios. Em 2020, 408 municípios eram atendidos apenas por correspondentes. A queda na quantidade de agências é observada para todas as faixas, porém é menos acentuada nos municípios menores, de até 200 mil habitantes. Por outro lado, houve aumento expressivo, de quase 20%, na quantidade de correspondentes em municípios com até 10 mil habitantes e variação positiva no número de postos de atendimento e correspondentes para todas as faixas de tamanho dos municípios.

Desigualdade no crédito

Quanto ao uso de produtos e serviços, no último triênio houve leve crescimento da população com alguma operação de crédito, passando de 44% para 49% entre 2017 e 2020. De acordo com o BC, analisado pela ótica da renda, o uso do crédito é um aspecto importante da cidadania financeira e reflete a desigualdade do país, tendo os 50% da população de renda mais baixa aproximadamente 12% do saldo da carteira de crédito em 2020.

A carteira de crédito per capita cresceu entre 2018 e 2020 em todas as faixas de renda, sendo um crescimento de 23% para as faixas que representam renda baixa e renda alta, e de 26% para a faixa de renda média.

Ao final de 2020, o saldo de crédito era de R$ 258 bilhões para a população de baixa renda e de R$ 914 bilhões para a população de renda média. O saldo de crédito acumulado pelos 10% da população de renda alta foi de aproximadamente R$ 1 trilhão, cerca de quatro vezes a carteira da faixa de menor renda, sendo que o saldo do estrato de 1% com renda mais alta foi de R$ 396 bilhões.

Já em relação à carteira de crédito, observa-se que, para a população de baixa renda, as modalidades de cartão de crédito à vista e de cartão de crédito parcelado e rotativo somam os maiores volumes. Para a porção de renda mais alta, nota-se que o volume do crédito consignado é pequeno e que a modalidade rural e agroindustrial se sobressai.

Além do panorama da cidadania financeira no Brasil, esta edição do Relatório de Cidadania Financeira também faz um recorte dos principais desafios enfrentados por populações específicas na sua relação com o sistema financeiro: os jovens, os microempreendedores individuais (MEIs) e os idosos. O BC explorou ainda as inovações no sistema financeiro que “ajudarão a delinear o futuro da cidadania financeira no Brasil”, como as IPs, as fintechs de crédito, o open banking e o Pix.

O documento completo está disponível na página do BC.

Edição: Aline Leal

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