Campanha alerta para alta de mortes em acidentes com motocicletas

Motociclistas representam quase 40% das vítimas fatais no trânsito em Goiás

Sinistros com motocicletas matam, em média, 600 pessoas por ano em Goiás. É como se, a cada cinco anos, uma cidade do porte de Três Ranchos, Aparecida do Rio Doce ou Buriti de Goiás desaparecesse do mapa. Para chamar a atenção da sociedade sobre a necessidade de mudança de comportamento no trânsito, o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) lançou a campanha publicitária No trânsito, a pressa deixa marcas.

De 2023 a 2024, 1.205 motociclistas ou garupas morreram em sinistros no estado. Apenas de janeiro a junho de 2025, foram registrados 243 óbitos, segundo dados preliminares do Observatório da Segurança Pública, número que deve aumentar no balanço final. Essas mortes representam quase 40% do total de vítimas fatais em acidentes de trânsito no período, quando foram registradas 633 mortes e mais de 42 mil ocorrências gerais.

O excesso de velocidade aparece como principal fator determinante. Só no primeiro semestre deste ano, foram lavrados 2,1 milhões de autos de infração, sendo 1,33 milhão por velocidade acima do permitido. O índice representa cerca de 60% das multas aplicadas por todos os órgãos autuadores.

“A ideia da campanha é estimular a reflexão sobre a pressa. Às vezes, para ‘ganhar’ três ou quatro minutos, colocamos em risco nossa vida e a vida de terceiros”, disse o presidente do Detran-GO, Waldir Soares.

SEQUELAS E IMPACTO NO SISTEMA DE SAÚDE

Além das mortes, os acidentes deixam um passivo silencioso: os sequelados. Não há levantamento oficial sobre o número de pessoas que ficaram com incapacidades permanentes, mas estima-se que a quantidade de feridos graves seja quatro a cinco vezes maior que o número de óbitos.

“Se partirmos desse pressuposto, só no primeiro semestre tivemos mais de mil pessoas gravemente feridas em acidentes envolvendo motociclistas”, afirmou Soares.

Dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) mostram que os motociclistas representam a maioria dos atendimentos hospitalares de vítimas de trânsito no primeiro semestre de 2025:

  • Hugol (Goiânia): 2.662 vítimas, sendo 1.948 motociclistas (73,18%).
  • Hospital de Aparecida de Goiânia (Heapa): 997 vítimas, 736 motociclistas (73,82%), com custo estimado de R$ 4,1 milhões.
  • Hospital de Jataí (HEJ): 949 vítimas, 736 motociclistas (77,55%), gasto aproximado de R$ 3 milhões.
  • Hospital de Formosa (HEF): 842 vítimas, 478 motociclistas (56,77%).
  • Hospital de Anápolis (Heana): 1.394 atendimentos, 1.086 motociclistas (77,9%).

AÇÕES EDUCATIVAS

A campanha do Detran-GO traz relatos reais de pessoas que vivem com sequelas ou perderam familiares em acidentes de motocicleta. Uma das ações de rua utiliza um urso de pelúcia com capacete, pinos e membros engessados, simbolizando o risco do transporte de crianças em motos.

O Código de Trânsito Brasileiro permite o transporte de crianças a partir de 10 anos, desde que tenham condições de cuidar da própria segurança e utilizem os equipamentos obrigatórios.

Além da campanha, o Detran-GO mantém blitzes diárias, palestras em escolas e empresas, cursos de direção defensiva e parcerias com forças de segurança. “Temos investido em fiscalização e acreditamos que, se cada um fizer sua parte, o trânsito muda”, acrescentou Waldir Soares.

DADOS DE ACIDENTES EM GOIÁS

  • Acidentes de trânsito registrados: 104.477 (2023); 108.216 (2024); 42.821 (jan-jun/2025).
  • Mortes no trânsito: 1.670 (2023); 1.553 (2024); 633 (jan-jun/2025).
  • Mortes de motociclistas: 620 (2023); 585 (2024); 243 (jan-jun/2025).

 

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