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Política

Alerta para o bem-estar mental

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Um transtorno que provoca alterações entre fases de euforia e de depressão. Essa é a principal característica do Transtorno Afetivo Bipolar (TBA), mal que atinge de 1% a 2% da população mundial e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a terceira causa de incapacidade dentre as doenças mentais. Pelos inúmeros prejuízos causados pela doença na vida familiar, profissional e na saúde física, o International Society for Bipolar Disorders instituiu a data. É celebrado no dia 30 de março, data de nascimento do pintor holandês Vincent Van Gogh, diagnosticado tempos depois de sua morte, como provável portador de transtorno bipolar.

O TAB é uma doença mental crônica e não há cura, apenas tratamento de  controle. Leva a graves consequências, de ordens diversas, para quem sofre do mal. Na fase da euforia, alguns pacientes compram sem controle e acabam endividados ou fazendo dívidas para a família, outros enfrentam as pessoas e até policiais.

Esses comportamentos acabam levando a dificuldades para o convívio em sociedade, encontrar ou manter trabalho e parceiros amorosos. Já na fase antagônica, que é de depressão, o paciente fica mais suscetível a doenças ou ao agravamento dos males dos quais já sofre. Por conta da instabilidade emocional, muitos ficam sozinhos e o quadro se agrava. Nesse momento, alguns pacientes chegam a tentar o suicídio. 

Segundo a médica psiquiatra Gabriela Balduíno, o transtorno bipolar se caracteriza pela ocorrência de episódios depressivos alternados com momentos de euforia (também chamada de mania ou hipomania, dependendo da intensidade e da duração) e, ainda, há casos em que ocorre uma mescla dos episódios depressivos com os de euforia. A doença pode ter causas biológicas, neuroquímicas e psicossociais. 

Alteração no ânimo

A médica explica que nas crises depressivas, além do humor irritável, pode ocorrer uma alteração do ânimo, desinteresse ou falta de prazer nas atividades habituais, falta de concentração, esquecimentos, dificuldade para tomar decisões, isolamento social, uma experiência subjetiva de grande sofrimento, perda ou aumento de apetite, além de sentimento de culpa, pensamentos de morte e de suicídio e outros, que comprometem a vida como um todo.

A psiquiatra diz que os episódios depressivos são marcados pelo humor deprimido e pela melancolia, com os pacientes apresentando angústia, ansiedade, desânimo e falta de energia, pessimismo, ideias de culpa, baixa autoestima, sensação de inutilidade e fracasso. “Já nos episódios de euforia, além da exaltação do humor (eufórico, expansivo ou irritável), pode ocorrer aumento de energia, aceleração do pensamento, fala rápida e difícil de ser interrompida com frequentes mudanças de assunto, maior interesse sexual, desinibição exagerada e delírios em casos de mania mais graves”.

Existem, ainda, as manifestações mistas, quando os sintomas são concomitantes, mesclando as características dos episódios depressivos com as de crise de mania.

Essas ocorrências podem ter frequência curta ou longa, dependendo do caso, e, no geral, a média é de dois a quatro episódios por ano. De acordo com a profissional, o TAB pode se manifestar em diferentes fases da vida, porém há um pico entre os 15 e 19 anos, período mais comum de aparecimento das primeiras manifestações. “A prevalência nas extremidades deste pico é bem menor, porém crianças pequenas podem ter o problema, assim como é possível seu início já na fase adulta.”

Causa desconhecida

Gabriela Balduíno ensina, ainda, que a causa exata do transtorno afetivo bipolar é desconhecida. No entanto, estudos sugerem que o problema possa estar associado a um desequilíbrio de substâncias químicas do cérebro, tais como noradrenalina e serotonina, entre outras. Esse desequilíbrio de substâncias químicas reflete uma base genética ou hereditária para o transtorno. 

Os episódios de sintomas bipolares podem ser desencadeados por fatores ambientais e pessoais denominados “triggers” ou desencadeadores, como um evento estressante ou a interrupção dos padrões de sono. No entanto, por vezes, uma crise pode ter início sem um fator desencadeador. 

Uma outra informação preocupante quanto à doença é que se trata de uma enfermidade incurável, mas é passível de controle, com um acompanhamento multiprofissional constante. A médica explica que é preciso aliar diversas terapias. De início, o tratamento medicamentoso é fundamental e prioritário, pois sem ele não é possível alcançar o controle da sintomatologia da doença e levar o paciente a uma estabilidade clínica, ou seja, manter o indivíduo estável e prevenir a ocorrência de novas crises. 

A médica lembra que, na maioria das vezes, a doença causa um impacto negativo no funcionamento psicossocial, envolvendo aspectos sociais e psicológicos, familiar, profissional e na saúde física dos acometidos. São situações que acarretam prejuízos na qualidade de vida, como problemas nos relacionamentos emocionais e interpessoais, como separações, problemas de saúde, a exemplo da associação com doenças clínicas e outros transtornos mentais, como abuso de álcool e drogas e problemas no trabalho, como queda de produtividade, faltas, perdas salariais, perda de emprego. 

“Por isso é importante o tratamento. Além do tratamento medicamentoso, para tratar das consequências psicológicas e sociais dos transtornos de humor, são indicados os tratamentos psicossociais, ou seja, as intervenções psicoeducacionais e as psicoterapias individuais ou em grupo, tanto para os doentes como para familiares. Esse paciente precisa de acompanhamento multidisciplinar, se possível, além do médico psiquiatra, de um psicólogo, de um assistente social e de um educador físico”, defende a especialista. 

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