Nacional
Tecnologia permite esterilização automática de ventiladores pulmonares
Nova tecnologia permite que os filtros de ventiladores pulmonares usados em hospitais sejam esterilizados automaticamente. Atualmente, os filtros são trocados de forma manual, o que aumenta o risco de contaminação dos profissionais envolvidos, além de paralisar o uso do aparelho.
A iniciativa é da startup Innovatus, de Campinas (SP), e foi apoiada pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), por meio do Campus Integrado de Manufatura e Tecnologia (Cimatec) do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em Salvador (BA). O protótipo desenvolvido mostrou eficácia da esterilização do ar por micro-ondas em 100% das amostras.
O ventilador pulmonar funciona de forma similar a um aspirador de pó. “Você fica aspirando e, com o tempo, no filtro tradicional, você tem que trocar de tempos em tempos. O aspirador de pó acumula sujeira e esse filtro [do ventilador pulmonar] vai acumular bactérias, vírus”, explica Carlos Eduardo Pereira, diretor de operações da Embrapii.
A nova tecnologia permite que os micro-organismos sejam eliminados com ondas eletromagnéticas. “Você passa o ar numa espécie de micro-ondas em que, dentro dele, você tem uma esponja com material cerâmico”, exemplifica o diretor. As ondas fazem com que o ambiente interno atinja temperaturas de 800 graus Celsius (ºC).
Outra vantagem, segundo a Embrapii, é “não utilizar partes móveis ou filtros, o que simplifica a operação, reduz custos e elimina riscos de contaminação, numa abordagem diferente das soluções atuais que utilizam filtros convencionais”.
O objetivo do novo aparelho é aumentar a segurança nas unidades de Terapia Intensiva (UTIs), especialmente no contexto da pandemia de covid-19, mas também de outras infecções. O projeto foi selecionado em edital no primeiro semestre de 2020. A Embrapii apoia 60 projetos com foco em solução para a pandemia de covid-19, totalizando cerca de R$ 40 milhões.
O próximo passo do projeto é o desenvolvimento do produto final e que demanda novos investimentos. “Como é uma startup pequena, eles procuram parceiros inclusive para essa etapa. Estamos ajudando nisso: encontrar empresas brasileiras que produzem equipamentos médicos, que já tem essa experiência até na certificação, porque isso é algo que tem potencial muito grande para uso”, disse Pereira.
O diretor explica que a Embrapii incentiva a busca de patentes e propriedade intelectual, mas que os investimentos não preveem contrapartidas nesse sentido. “A gente entende que a nossa contribuição é ter um produto que vai ter um impacto importante no dia a dia das pessoas. A empresa, uma vez iniciando a produção, vai contratar gente, vai ter que ampliar quadro, geração de impostos, muitas vezes, depois que somar tudo, é ordem de grandeza acima daquilo que se investe.”
Edição: Fábio Massalli
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