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Podcast Último Segundo: crescimento do discurso de ódio na política brasileira
De uns anos para cá, é possível observar um aumento expressivo de extremismo e conservadorismo no discurso político brasileiro . Um tom ameaçador, que busca atingir os grupos designados como “minoritários”, faz com que a manifestação de ódio ganhe cada vez mais espaço nesse ambiente.
Neste cenário, as mulheres são o principal alvo desses discursos misóginos, preconceituosos e intolerante. Para tratar sobre o tema, o iG convidou a vereadora Erika Hilton (PSOL-SP), a política Manuela d’Ávila e a deputada estadual Renata Souza (PSOL-RJ) para contar um pouco sobre suas experiências atuando nesse espaço.
Recentemente, a vereadora Marta Costa (PSD), desenvolveu a PL504, que visa proibir em qualquer veículo de comunicação propagandas que contenham “alusão a preferências sexuais e movimentos sobre diversidade sexual relacionado a crianças”. A vereadora Erika Hilton , é presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Alesp e enviou uma moção de repúdio contra o Projeto de Lei. Ela fala sobre como a ação pode ser considerada um discurso de ódio velado e o porquê de ser um retrocesso aos direitos da comunidade LGBT.
“Sem sombra de dúvida é um discurso de ódio e ele aprofunda estas mazelas, ele aprofunda a discriminação, a violência. É um discurso de ódio muito mascarado, porque crianças LGBTs existem e elas precisam se reconhecer, que não tem problema ser LGBT. Infelizmente, nós ainda vemos parlamentares a serviço de um discurso de ódio, da negação de direitos, de ferir a Constituição, mas nós não podemos aceitar, admitir, que uma parlamentar nos trate dessa maneira”, diz Hilton.
Já Manuela d’Ávila , que desde o início de sua vida política teve que encarar discursos misóginos e fake news, conta como a rede de apoio entre mulheres que são alvo dessas manifestações cresceu ao longo do tempo, mas que isso também foi seguido por um aumento no número de ataques a medida em que elas se tornavam mais fortes e resistentes a esse tipo de manifestação.
“O ódio que os homens sentem das mulheres parece se organizar mais intensamente quanto mais nós, mulheres, nos organizamos. Desde 2016, foi aberta uma caixa que utiliza o ódio as mulheres e a violência política de gênero como um instrumento preferencial de construção da extrema direita no Brasil. Então, contraditoriamente, é mais violento, mas hoje as mulheres, nós nos acolhemos mais para enfrentar essas violências. Então, é muito difícil, mas é menos solitário do que foi”, afirma Manuela.
A deputada estadual Renata Souza sempre foi atuante na conquista de espaço das mulheres pretas em ambiente de poder, como o da política. Segundo ela, somente com as mulheres sendo colocadas em espaços de poder, não só no mundo político, mas em todos os espaços de poder, essa violência no discurso pode caminhar para uma mudança e um espaço mais igualitário.
“Eu costumo dizer, que o pragmatismo político ele é racista, ele é machista, é misógino, ele é classicista, ou seja, nós mulheres, mulheres pretas, de favela e periferia, nunca vão ser protagonista ou ser colocadas como protagonistas nos espaços de poder em especial na política, em especial nos espaços de poder que compõe a nossa sociedade. Então ter caras pretas, mulheres pretas construindo narrativas sobre a sociedade com a sociedade e fundamente para que a gente tenha aí diversidade nos olhares sobre essa sociedade”, diz a deputada.
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