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Revista científica diz que Bolsonaro provocou uma ‘crise épica de saúde pública’
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A revista Nature, uma das publicações científicas mais prestigiadas do mundo, dedicou uma reportagem de sua edição desta semana à frustração sentida por pesquisadores brasileiros, que enfrentam a “fase mais negra” da pandemia do coronavírus no país, diante do colapso do sistema de saúde pública e das atitudes negacionistas do presidente Jair Bolsonaro.
O Brasil tem apenas 3% da população global, mas registrou 13% de todos os óbitos por coronavírus, alertou a publicação. O elevado índice de mortalidade teria relação com Bolsonaro, que minimizou a pandemia, chamando-a de gripezinha, e afirmou que vacinas eram perigosas – sobre o imunizante da Pfizer, disse à população que, “se você virar um jacaré, é problema seu”.
“Bolsonaro, uma figura polarizadora que foi comparada ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, vem contradizendo a opinião científica desde o início da pandemia”, afirmou a revista, destacando que o presidente cortou fundos para as universidades públicas e os ministérios da Ciência e Educação após assumir o mandato, em 2019.
A reportagem destacou que Bolsonaro se recusa a usar máscara facial, mesmo após ter sido infectado, em julho. E, ainda, que não determinou o fechamento de negócios não essenciais, alegando que a medida seria prejudicial à economia. Já os governadores que tomaram esta medida foram chamados de “tiranos”.
A microbiologista Natalia Pasternak,presidente do Instituto Questão de Ciência e colunista do GLOBO, revelou à reportagem que “nenhum de nós (cientistas) poderia prever que (a pandemia) seria tão ruim”.
“É muito difícil implementar medidas preventivas quando a desinformação vem diretamente do governo federal”, afirmou Pasternak, citada como um dos cientistas que preferiu “deixar de lado suas pesquisas para fazer aparições na TV nas quais promove práticas como o distanciamento social”.
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De acordo com a reportagem, o surto do coronavírus foi alimentado com a disseminação de suas variantes, principalmente a chamada P.1., que surgiu na Amazônia em novembro do ano passado.
De acordo com o virologista Mauricio Nogueira, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, o governo federal cortou recursos para fazer pesquisas que mostrariam a ação e o potencial de contaminação das variantes.
“Temos as ferramentas ou pelo menos a capacidade de ajudar o país, mas estamos sendo ignorados, e não apoiados”, lamentou.
A “Nature” ressaltou, também, que apenas um em cada dez brasileiros recebeu a vacina contra a Covid-19 até agora.
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