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Letícia Datena fala sobre machismo no automobilismo: “Levei cantada de chefe”

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Letícia Datena tem 14 anos de carreira e já enfrentou o machismo por diversas vezes
Rafael Munhoz

Letícia Datena tem 14 anos de carreira e já enfrentou o machismo por diversas vezes

O mundo do automobilismo ainda é predominantemente masculino, mas as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço entre pneus e asfalto. Letícia Datena , de 34 anos, brinca que teve um “amor à primeira corrida” quando foi convidada a participar como repórter de campeonato de rally no Chile, em 2006, e nunca mais deixou os pitstops. Hoje, 14 anos depois, ela fortalece o espaço do público feminino em meio aos roncos dos motores.

A jornalista foi contratada como a nova apresentadora da segunda temporada do “De Olho no Sertões”, para cobrir o Rally dos Sertões, a maior competição de rally na América Latina, mas o sucesso na carreira não a blindou de sofrer com o machismo e os assédios no meio esportivo. Em entrevista exclusiva ao iG Gente , ela conta que já ouviu todo tipo de cantadas.

“Quando estou trabalhando, fico 100% comprometida com a minha função, com a empresa para a qual estou trabalhando e não dou abertura para nenhuma distração. Já levei cantada de superiores, inclusive em meio a uma reunião”, lembra.

Letícia também relata que o machismo atrapalha seu trabalho, uma vez que a mulher tem de provar para o público e para seus colegas que sabe sobre o assunto que cobre. Além disso, ela ressalta que a vasta presença de mulheres bem preparadas nas pistas tem naturalizado a presença delas nestes ambientes.

“Diferente dos homens, elas não são incentivadas desde cedo a correr de kart, por exemplo. Elas começam mais tarde, depois de convencer a família a deixar que corram, treinem. De todo modo, isso está mudando e a mentalidade dos pais tem de continuar assim com relação às meninas, que são tão boas e competentes quanto os homens. Um exemplo disso é o talento da Laia Sanz no Dakar”, comenta referindo-se à piloto espanhola que foi 13 vezes campeã mundial feminina de Trial e 10 vezes campeã europeia de Trial feminino em provas de motocicleta ao ar livre. 

“Foi amor à primeira corrida”

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A jornalista ressalta que não tinha qualquer familiaridade sobre o mundo esportivo quando foi destacada para trabalhar no evento no Chile, o Rally Mobil. Na época, a organização a convidou porque precisavam de alguém com a linguagem do esporte e que falasse inglês e espanhol com fluência. A partir daí, ela mergulhou de cabeça no tema, já cobriu diversas etapas do mundial, do campeonato chileno, a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016.

Agora, na cobertura do Rally dos Sertões, o desafio é mostrar ao público o melhor da competição. “Não segui a caravana porque precisam de mim no estúdio, em São Paulo. Atuei como apresentadora e editora do programa ‘De Olho no Sertões’ e meu maior desafio era montar dois programas diários rapidamente. Esse material demora para chegar devido às condições precárias da rota”, detalha. 

Para ela, assistir 38 mulheres competindo no Rally é algo incrível e torce para que este número aumente mais, pois avalia que elas são excelentes no volante e devem se aventurar nos próximos anos. “Eu adoraria participar um dia, quem sabe?”, acredita.

“Meu pai é uma pessoa, eu sou outra”

Filha de  José Luiz Datena , apresentador do Brasil Urgente , da Band, Letícia acha natural lembrarem de quem é filha, mas sua carreira está mais centrada em coberturas internacionais, onde muitos não fazem ideia de quem ele é e não sabem do parentesco entre os dois.

“Nada mais natural que eu seja lembrada como a filha dele, afinal é meu pai! De todo modo, fazemos trabalhos completamente diferentes, então não tem muita comparação”, diz.

Quando está no Brasil, a relação entre os dois surge nas perguntas dos jornalistas que a entrevistam. Letícia afirma que no pit, no estúdio, nas corridas ou em entrevistas com pilotos e navegadores, ninguém menciona o nome de seu pai. Contudo, a imagem de durão de José Luiz Datena já colocou “medo” em algumas pessoas que evitaram conflitos com a jornalista.

“Às vezes, em determinados trabalhos, escutava que algumas pessoas não tinham coragem de falar nada na minha cara por causa do meu pai. Mesmo assim, isso nunca foi um problema. Sempre abri minhas próprias portas, com muito incentivo dos meus pais, claro.”

Ela finaliza dizendo que a relação entre os dois é muito próxima e costuma pedir conselhos pessoais e profissionais para seu pai, que já tem 35 anos de carreira no jornalismo. “Nossa relação é de pai e filha. Ele me dá conselhos e conto muitas coisas. Falamos sobre tudo e é uma troca muito engrandecedora”, declara.

Fonte: IG GENTE

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