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86% de trabalhadoras negras relatam casos de racismo

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O Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial, celebrado em 21 de março, tem intuito de reconhecer a batalha e as conquistas de direitos sociais para todas as raças. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em memória ao Massacre de Sharpeville, que ocorreu na África do Sul em 1966.

Segundo a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, discriminação racial define-se por “toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto ou resultado anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício em um mesmo plano (em igualdade de condição) de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública”.

De acordo com a pesquisa feita pela consultoria Trilhas de Impacto, 86% das mulheres negras já sofreram casos de racismo nas empresas em que trabalham.

A coleta de dados foi realizada em 2021 e 2022, por meio da rede social Linkedin, e contou com a participação de 155 mulheres na faixa etária de 19 e 55 anos, sendo a média prevalente entre 30 e 45 anos. Do total das participantes, 50,3% possuem nível superior e pós-graduação ou especialização; 13,5% mestrado e doutorado; e 24,5%, ensino superior completo. Suas áreas de trabalho são educação, recursos humanos, tecnologia da informação (TI) e análise de sistemas, telemarketing, relações-públicas, administração e comércio. 

MITO

Para a diretora-presidente da consultoria, Juliana Kaizer, a pesquisa faz cair o mito da democracia racial que indica que, se a pessoa tiver um bom nível de educação, não vai sofrer racismo. O objetivo foi conhecer a realidade das mulheres pretas e pardas no mercado de trabalho.

 

Na avaliação de Juliana, também foi possível perceber que alguns aspectos se repetiam nos relatos. Dessa forma, ela decidiu dividi-los em categorias para melhor compreensão dos resultados qualitativos: 

  • Mais de 70% das mulheres relataram que, durante a jornada profissional, precisavam explicar porque o cabelo estava alisado, era black, ou a razão de terem colocado lace nos cabelos (prótese feita fio a fio em uma tela de microtule);
  • 68% das profissionais disseram ter sido confundidas, em algum momento, com a faxineira ou moça da limpeza da empresa;
  • Mais de 50% afirmaram que a cor da pele e o lugar onde moravam foi perguntado durante as entrevistas online no recrutamento;
  • Apesar de mais de 70% das respondentes terem pós-graduação, estão a anos no mesmo cargo ou não conseguem crescer na carreira profissional.

Juliana ainda destacou que 52% dos estudantes de universidades federais são negros e questionou por que essa prática não se repete nas empresas, com pessoas pretas em cargos de liderança, ganhando um bom dinheiro. De acordo com estudo do Instituto Ethos de 2020, mulheres negras representam 9,3% dos quadros das 500 maiores companhias do Brasil, mas estão presentes apenas em 0,4% dos altos cargos.

Foto: Marcello Casal Jr

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