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Zezé Di Camargo sente falta do pai: “Ainda dói muito”
Nesta segunda-feira (19), a música que abriu as portas da MPB para Zezé Di Camargo e Luciano completa 30 anos. ‘É o Amor’ se tornou mais que um sucesso, virou uma ‘história na vida das pessoas’ como define o próprio compositor, o filho mais velho de Seu Francisco .
Em conversa exclusiva com a coluna, Zezé lembra de como compôs a canção e que chegou a escutar do diretor artístico de uma gravadora que a música era ‘boazinha’. O cantor também falou da saudade do pai, que morreu há cinco meses: ‘Doí muito. Ainda dói muito a falta do meu pai ‘.
- A música ‘É o Amor’ se tornou um hino e acumula números impressionantes. Lógico que quando um compositor pensa em fazer uma canção, ele pensa em torná-la popular. Mas, você esperava que fosse esse sucesso e que perdurasse por tantos anos?
“Não. Quando a gente faz uma música por mais experiência que você tenha não dá para dimensionar o tamanho que ela vai ser e isso depende de vários fatores. Quando eu cantei ‘É o Amor’ pela primeira vez, depois de ter levado três horas compondo desde a concepção até a última estrofe, eu sabia que tinha feito uma grande música, uma música bonita. Tanto que eu cantei várias vezes só com a minha voz e o violão e fiquei emocionado. Não tinha noção de um possível sucesso até porque era o nosso primeiro disco e a gente não tinha força na mídia. Quando você já tem sucesso e é famoso, fica mais fácil emplacar uma música. Juro que pensei que um ano depois dela aparecer e estourar, as pessoas esqueceria ‘É o Amor’, mas ela foi se perpetuando, foi virando tema de casamentos e aí vieram as regravações. Já são regravações em 14 idiomas! Eu nunca imaginei que teria uma música gravada em árabe ou russo (risos). Não previa nada disso. Eu acho que ´É o Amor’ já passou essa coisa de sucesso, ela virou uma história na vida das pessoas”.
- O que você lembra da composição? Teve algum trecho trocado ou que você demorou a concluir?
“Eu lembro que eu cheguei em casa da rua com a música na cabeça e esperei o povo dormir lá em casa. Aliás, a maneira que ‘É o Amor’ foi concebida é uma das poucas partes do filme, ‘Dois Filhos de Francisco’, que foi ficção e não retrata o que exatamente aconteceu. Talvez por opção do diretor aquela maneira que foi colocada no filme seria mais interessante, mais emocionante. Eu compondo e a minha mulher vendendo roupas na sala e eu não conseguindo trabalhar direito e saindo de casa. Essa cena não aconteceu. Eu cheguei em casa, voltando da rua e eu tinha escutado uma música da Maria Betânia, que estava fazendo muito sucesso na época, ‘Negue’. A música ficou na minha cabeça , aquela coisa incisiva, de repetir as palavras e ‘vê se você é capaz de me esquecer’ como diz a letra de Adelino Moreira. Cheguei e esperei todo mundo dormir porque eu morava em um apartamento de 45 metros quadrados e imagina com duas crianças em casa, a Wanessa e a Camilla, não dava para concentrar. Muito barulho. Me lembro que o Luciano já morava com a gente e nós íamos mostrar o repertório para a gravadora. Naquele dia, ele disse que iria me acompanhar a compor. Eu sentei no chão com o violão, um papel e o som e ele ficou deitado no sofá, mas depois desistiu e foi dormir. Eu fiquei e na parte B da música, ‘Você é a minha doce amada, minha alegria, meu conto de fada…’, eu travei. Não conseguia chegar ao refrão. Deu trabalho, mas não troquei uma palavra. A letra veio”.
Você viu?
- Chegou a escutar que a música não faria sucesso?
“Não cheguei a escutar. Pelo contrário. Assim que ela saiu, as pessoas começaram a se apaixonar pela música. Quando eu fui mostrar o repertório na gravadora, eu tinha medo que o diretor artístico tirasse a canção porque ela estava gravada em fita cassete e com voz e violão e as outras foram trabalhadas em estúdio. Mas, antes mesmo dele ouvir a música eu já tinha feito uma propaganda danada, disse que tinha praticamente psicografado e fiz toda uma história para ele não tivesse a coragem de tirar e aí ele disse: ‘boazinha’ (risos)”.
- Como é estar entre os maiores artistas do século XX para um goiano que lá atrás só queria ter as suas músicas tocadas nas rádios?
“Não paro para pensar nessa história de que estou entre os maiores artistas do século XX. Sei que ‘É o Amor’ está entre as 100 músicas do século XX isso me deixa muito feliz porque sou o compositor e o intérprete, mas eu nunca parei para pensar em que lugar eu estaria na MPB. Me sinto muito feliz porque eu sou um menino que saiu lá de Sitio Novo, interior de Goiás, passei por muitas dificuldades e chegar onde a gente chegou é motivo de muito orgulho, prazer, responsabilidade e gratidão. O sentimento que mais tenho no coração é gratidão. Gratidão a Deus por ter me dado o privilégio de mudar a situação da minha vida e da minha família através da minha música e gratidão ao povo brasileiro que nos colocou até aqui e me deu a oportunidade de mostrar a minha história musical”.
- Como você está quase cinco meses após a morte de seu Francisco?
“Tive o privilégio de viver com o meu pai os últimos meses de vida dele e isso me fez muito feliz. Claro, que eu não esperava que ele fosse embora porque eu acreditava que ele poderia ainda viver um bom tempo com a gente, mas a vida é assim e temos que estar preparados para tudo que a ela coloca no nosso caminho. São cinco meses, mas parece que foi ontem porque ainda não cicatrizou a ferida e acho que nunca vai cicatrizar. Pode diminuir o tamanho, mas é uma ferida que vai ficar aberta. A saudade aumenta a cada dia e eu vejo muito ele aqui na fazenda. Evito ao máximo de ver as minhas postagens com ele. Ainda dói muito a falta do meu pai. Já acordei várias vezes assustado em saber que ele não está mais aqui. A mesma sensação que tive com o Emival, que morreu muito novo. O que me alenta é que eu honrei muito o meu pai e a minha mãe e que amei ele demais”.
- De todo seu repertório são várias músicas marcantes. Tirando ‘É o amor’ que música você tem aquele xodó?
“É muito difícil falar porque música é igual a filho e nós temos muitos sucessos, muito clássicos como ‘Você vai ver’, ‘Pão de Mel’, ‘Sem Medo de Ser Feliz’, ‘Toma Juízo’, ‘Vem Cuidar de Mim’ e a grande parte das músicas é composição minha. Mas, o meu xodó no momento é uma canção que gravei com duas meninas de Uberlândia, Lorena e Rafaela, que o meu pai gostava muito de vê-las na internet. O sonho do meu pai era conhecê-las e vê-las cantando ao vivo para ele e não deu tempo. Eu mandei a música para elas, elas gravaram e que se chama ‘O Matuto’. Eu fiz para o meu pai”, encerrou Zezé Di Camargo .
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