Urgência em otorrino

O presidente da Comissão de Saúde, deputado Gustavo Sebba (PSDB), realizou na tarde desta sexta-feira, 17, no auditório Solon Amaral, a audiência pública com o tema: “Urgência em Otorrinolaringologia no Serviço Público de Saúde de Goiás”. O objetivo da reunião foi de discutir e sensibilizar os gestores públicos da necessidade de se ter um serviço de urgência em otorrinolaringologia em um hospital público de Goiás.

Fizeram parte da mesa diretora dos trabalhos, além do deputado: o Presidente do Conselho Estadual de Saúde, Venerando Lemes de Jesus; o Presidente da Associação Goiana de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial, Dr. Stênio Antônio de Lima; a presidenta do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (COSEMS-GO), Verônica Savatin Wottrich e o Secretário Municipal de Saúde, Durval Ferreira Fonseca Pedroso.

Discussões

Ao iniciar os trabalhos da audiência pública, o deputado Gustavo Sebba afirmou não haver melhor lugar para esse debate que a Assembleia Legislativa, casa de ressonância da população, onde acontece a busca de soluções para os problemas dos goianos.

“Acredito na necessidade de intervenção do poder público e da intermediação do Legislativo. Não se trata de uma demanda de classe e sim de uma demanda de saúde pública”, afirmou.

Em seguida, o parlamentar cedeu a palavra a Dra Maria Cristina Santo Fanty, que reforçou que os serviços de urgência, são de situações dramáticas, que não se pode esperar, como por exemplo; uma criança que engoliu algo, um inseto que entra no ouvido, algo inusitado e que pega a pessoa desprevenida.

“Apenas um quinto na população brasileira possui plano de saúde, o restante depende do atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), e precisa que esse atendimento seja eficiente. O debate que fazemos nesse momento é uma ação humanitária, que irá salvar vidas”, reforçou a médica.

A doutora disse ainda espera sair dessa audiência com um norte, uma direção e com a certeza de que algo será feito. “Sabemos que isso depende de vontade política, quero agradecer ao deputado Gustavo por somar na solução desse problema social”, concluiu.

Logo após, o chefe do serviço médico de cabeça e pescoço e otorrino do Hospital das Clínicas, Claudiney Cândido Costa, reforçou a preocupação do médico em atender da melhor forma possível os pacientes do SUS.

“Existe a angustia de não podermos resolver o problema de um paciente na urgência, seja um sangramento ou um corpo estranho. Esse debate é fundamental, não adianta nós, especialistas, ficarmos discutindo isso entre a gente, é preciso de um respaldo público e político”, enfatizou o otorrino.

Claudiney destacou ainda que é de suma importância que Goiás tenha uma referência de pronto socorro em otorrinolaringologia. “Esse é um momento fundamental para somarmos forças, aqui na Alego com o deputado Gustavo. Queremos uma solução definitiva e não paliativa”, pontuou.

Também falou na audiência, a presidenta do COSEMS-GO, Verônica Savatin Wottrich. Ela lembrou que enquanto secretaria municipal de saúde, teve uma imensa satisfação de discutir esse tema com os profissionais da área, ainda mais quando esse assunto surge da classe médica.

“Introduzir um serviço, no sistema de urgência, partindo dos profissionais é de extrema importância. Posso garantir que existe uma enorme dificuldade de se conseguir médicos especialistas para atenderem urgência e emergência no estado. Quando vejo isso saindo da categoria, me enche de esperança” frisou Verônica.

O Dr. Stênio Antônio afirmou que a audiência pública se tratava de momento ímpar, uma vez que ele luta há tempos pela implementação de um serviço de emergência em otorrinolaringologia em Goiânia, sem resultados.

“Atualmente, pacientes ficam rodando de UPA em UPA, por até cinco dias e não conseguem atendimento. A região metropolitana de Goiânia tem próximo de 2,5 milhões de habitantes. Não consigo entender uma região desse tamanho não ter uma urgência pública de otorrinolaringologia, a demanda é enorme. Precisamos evitar que os pacientes fiquem perambulando e correndo risco, sem atendimento”, destacou Stênio.

Também usou da palavra o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás, Dr. Lorival Mendes Bueno, que agradeceu ao deputado Gustavo Sebba pelo convite e destacou a importância de ter um aliado da saúde na Alego. “Já me reuni com diversos representantes de pastas da saúde, com boas promessas, mas que nunca foram levadas adiante. Estamos agora, tentando de novo, na Casa do povo, e vejo no Gustavo um político envolvido na causa”, pontuou.

O presidente do Conselho Estadual de Saúde, Venerando Lemes de Jesus enfatizou que a proposta da reunião é gigante e garantiu que ela está na pauta de debate do próximo encontro do Conselho. “Entendemos a importância dessa discussão, principalmente pós pandemia, onde mais de 75% da população brasileira depende do SUS”, disse.

O médico e secretário municipal de Saúde, Durval Ferreira Fonseca Pedroso garantiu que a Secretaria já realizou uma manifestação documental ao Hospital das Clínicas para a necessidade de um pronto atendimento em otorrinolaringologia. Ele explica que Goiânia possui maternidades que são hospitais da sua gestão direta, mas que os demais, públicos, são da gestão estadual.

“Não seria o foco ter o médico otorrino numa unidade primaria de saúde, mas sim uma linha de encaminhamento para os pacientes serem atendidos em unidades hospitalares. É importante ter essa unidade que possa atender os casos emergenciais. Podem ter certeza que ao que compete a Secretaria Municipal de Saúde, vamos apoiar e tentar as possíveis negociações para resolver esse problema” se comprometeu Durval.

Falando em nome do secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino, a servidora Daniele Jaques lembrou que o Estado possui unidades de urgência que atendem traumas relativos a otorrinolaringologia e que possui uma previsão de abertura de unidade para atender criança e adolescente que também fará os atendimentos de otorrino. Daniele lembrou ainda que para realizar um convênio com o Hospital das Clínicas, o Estado precisaria de solicitação do município de Goiânia e que é de interesse da Pasta esse convênio.

Por fim, a Dra. Melissa Ameloti Gomes Avelino, chefe de residência do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, falou da esperança que sentia ao participar da audiência pública, agora que tinha um deputado envolvido na luta.

“O problema da urgência de otorrino é um problema de saúde pública, crônico e até mesmo de ensino. Não temos profissionais que querem trabalhar na urgência. Já assumiu uma dimensão pública, educacional e aqui é o momento de discutirmos e procurarmos soluções”, enfatizou a doutora.

Melissa disse ainda que, como profissionais, é muito angustiante não saber onde mandar o paciente e como solucionar esse problema. “Às vezes não entendemos o caminho, e espero sair daqui com uma luz, obrigado por isso Gustavo Sebba”, agradeceu.

Resoluções

Ao final da audiência, em entrevista à Agência Assembleia de Notícias, o deputado Gustavo Sebba falou da sua satisfação com a reunião e de quanto ela foi produtiva, ao debater essa demanda importante para a sociedade.

“A ausência de uma unidade de referência de um pronto socorro 24 horas, de serviço de otorrinolaringologia. A gente sabe que existe uma demanda de unidade especializada nesse sentido e que ela não existe no nosso estado”, enfatizou Sebba

O parlamentar falou ainda da presença dos diversos representantes da área e de profissionais envolvidos na luta (acima citados) e que ficou definida a necessidade da intervenção por parte do Poder Público.

“Vamos agendar uma nova reunião com o secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino e com o secretário municipal, Durval Ferreira Fonseca, para janeiro, onde iremos definir um serviço nesse sentido. Qual hospital teria esse aporte? como seria feito? via município ou, via estado? com suporte financeiro, seja por convênio ou execução direta. Essa discussão mais técnica será levada aos gabinetes dos secretários e esperamos que por volta de março, já possamos ter esse serviço de pronto socorro de 24h em otorrinolaringologia em Goiás”, definiu Gustavo Sebba.