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São Paulo ganha estátua da sambista Madrinha Eunice
Dançando, com saia rodada, turbante, colares e pulseiras. É assim que está retratada, em uma escultura de bronze de aproximadamente 1,70 m de altura e 60 cm de largura, a sambista Madrinha Eunice, homenageada com uma estátua inaugurada no último sábado (2), na Praça da Liberdade, no centro de São Paulo.
Sambista e ativista do movimento negro, Deolinda Madre ficou conhecida como Madrinha Eunice por batizar dezenas de crianças. Foi fundadora da Sociedade Recreativa Beneficente Esportiva da Escola de Samba Lavapés Pirata Negro, a mais antiga da capital paulista ainda em atividade, e é considerada um símbolo do carnaval paulistano.
Saiu da sua cidade natal, Piracicaba, no interior paulista, e foi para São Paulo aos 12 anos. Passou a morar na Liberdade. Ali, fundou a Lavapés, que celebra 85 anos em 2022, fazendo-a uma grande figura para o bairro. Por sua importância e por ser simbólico para a comunidade negra, o local foi o escolhido para a instauração da obra, a primeira a ser instalada ali em homenagem a personalidades negras.
Esta primeira obra inaugurada faz parte do projeto do Departamento de Patrimônio Histórico (DPH), da Secretaria Municipal de Cultura, que homenageia personalidades negras da cultura paulistana. As criações também foram feitas por artistas negros. A escultura de Madrinha Eunice foi produzida por Lídia Lisboa, criadora de um trabalho de ação sociopolítica.
Liberdade
Neta de Madrinha Eunice, Rosemeire Marcondes falou da importância da avó para o samba. “Ela é a história do samba paulistano, a matriarca de todas as escolas de samba. Isso para nós é muito importante. Sem falar do povo preto no bairro da Liberdade, que foi esquecido quando o Japão imigrou no Bairro da Liberdade, onde as pessoas pensavam que liberdade era por causa do Japão e, na verdade, o bairro da Liberdade é por conta dos negros. É muita honra, principalmente para São Paulo”, disse Rosemeire.
Mulher negra à frente de seu tempo, Madrinha Eunice lutava pelo melhor, completa a neta da sambista. “Ela estava sempre buscando a sua independência daquela época, havia muita discriminação sobre a mulher de modo geral. Ela era uma negra que queria mudar isso tudo e para nós é gratificante demais. Foi uma grande mulher, que batalhou pela sua independência e trabalhava sozinha em suas bancas de venda de limão. Deixou esse legado para nós estarmos continuando com a mesma altivez e garra que ela tinha”, afirmou Rosemeire, que presidiu a Lavapés por 23 anos e atualmente é presidente de honra da escola de samba.
Para a secretária Municipal de Cultura, Aline Torres, a estátua é uma homenagem ao samba paulistano. “Ao trazer essas figuras, somamos ao acervo municipal diversidade e representatividade e exaltamos as diversas vivências da nossa população. Além disso, homenageamos o samba paulistano, patrimônio cultural e imaterial da nossa cidade desde 2013″, justificou.
Geraldo Filme
A segunda obra a ser instalada é a de Geraldo Filme, retratado de pé, olhando para o horizonte, com a mão direita no bolso da calça, tirando para cantar um samba recém composto, e com a mão esquerda segurando um microfone para cantar para o público.
A inauguração da escultura do sambista Geraldo Filme será no dia 21 de abril, na Praça David Raw, no bairro Santa Cecília, centro da capital paulista.
O projeto do DPH teve a sua primeira escultura entregue em dezembro de 2021, em tributo ao cantor Itamar Assumpção, e fica no Centro Cultural da Penha. Estão previstas mais duas obras para este ano, ainda sem data de inauguração, homenageando a escritora Carolina Maria de Jesus e o atleta Adhemar Ferreira da Silva.
Edição: Kleber Sampaio
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