Política
Quarto poder
Nesta terça-feira, 1º, é comemorado o Dia da Imprensa. A data começou a ser celebrada oficialmente em 1999 a partir da Lei nº 9831/99 sancionada pelo governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Conhecida por muitos como o “quarto poder”, a imprensa é um pilar fundamental para a garantia dos direitos democráticos da sociedade.
História
O Dia da Imprensa era comemorado em 10 de setembro, quando começou a circular no país o primeiro jornal publicado em terras brasileiras, Gazeta do Rio de Janeiro, em 1808.
A nova data escolhida – 1º de junho – marca a primeira publicação do Correio Braziliense, jornal de caráter ideológico editado, também em 1808, pelo brasileiro Hipólito José da Costa, em Londres. O periódico foi lançado três meses antes do jornal A Gazeta do Rio de Janeiro, com o intuito de informar a população brasileira sobre os eventos da Europa, sem a censura da Coroa Portuguesa.
Reflexões
A jornalista Jordânia Bispo afirma que não existe sociedade democrática sem um jornalismo livre e independente. “Há ameaças à liberdade de imprensa. Existe uma série de pressões contra esses profissionais. Muitos tem sua própria vida ameaçada, outros sofrem retaliação no mercado a partir de questões políticas, por exemplo. Isso atinge toda a sociedade. Falar de liberdade de imprensa é falar sobre como deixar esse jornalista trabalhar. É falar sobre o bem da sociedade como um todo”, disse a professora do curso e Jornalismo da Universidade Paulista (Unip) e assessora de comunicação da Maple Bear.
“A informação empodera. Não basta a informação ser crua, precisamos de uma informação traduzida. Quem se prepara para exercer esse papel é justamente a figura do jornalista. Ele é o melhor tradutor da realidade e uma vez que ele consegue traduzir essa realidade da melhor forma possível, ele consegue empoderar o cidadão. Tendo um cidadão empoderado sobre o mundo a sua volta, ele consegue tomar decisões mais seguras e conscientes. Também por isso a imprensa é um pilar importante da sociedade e merece um olhar cuidadoso”, sustentou Jordânia.
Para Galtiery Rodrigues, repórter do Portal Metrópoles, em um País que tem uma democracia tão jovem, como o Brasil, e que vem sofrendo ataques frequentes, a imprensa é de suma importância. “A atuação dos profissionais de imprensa é, sem dúvida, um dos pilares democráticos. A imprensa é a mediadora, é a investigadora, é a que torna públicas informações que interferem na vida coletiva e que alguns querem esconder, é quem escarafuncha o poder e traduz os fatos para o entendimento das pessoas. Democracia e imprensa caminham juntas. Sem uma, não tem a outra, e vice-versa”, destacou o jornalista.
Galtiery acredita que a imprensa, como qualquer instituição ou categoria profissional, está suscetível a falhas e erros, mas cumpre sua função, mesmo diante de tantos desafios. “No geral, a imprensa brasileira é aguerrida, forte e resistente. Acho que cumpre a função, sim, apesar das peculiaridades do dia a dia profissional. Estamos falando de uma categoria que enfrenta realidades diversas de trabalho, nem sempre as mais favoráveis para a melhor execução da função. Além disso, infelizmente, o Brasil tem vasto histórico de ataques e investidas contra o trabalho jornalístico. Em Goiás mesmo, isso já ocorreu, como o caso do jornalista Valério Luiz, assassinado em julho de 2012 e que até hoje não foi julgado pela Justiça goiana”, disse ainda.
Ele também falou sobre a dificuldade que a imprensa brasileira tem de atingir toda a população na transmissão de informação. “Vale dizer: vivemos em um país gigantesco, com grandes vazios noticiosos. A imprensa ainda não consegue estar e chegar em todos os locais. Isso dificulta que todas as realidades e peculiaridades de uma nação tão desigual sejam reportadas adequadamente”, explicou o jornalista que atua como repórter há 11 anos.
Assim como os dois jornalistas já citados, o repórter do Jornal Opção, Felipe Cardoso, sustenta que “acesso à informação talvez seja o mais precioso insumo para a construção de um indivíduo capaz de ser, pensar e agir com base em suas próprias convicções e não conforme os interesses de outrem”.
Felipe também afirma que não há como se falar em democracia sem o pleno exercício da atividade jornalística. “Ambos caminham de mãos dadas. Porém, esse papel também precisa ser sempre observado sob um ponto de vista crítico. É fundamental que todos entendam, sobretudo, o poder desse instrumento – especialmente no diz respeito a seu alcance – e saibam o quão danoso ele pode ser se utilizado ao bel-prazer daqueles que o detém”, disse.
Por fim, reflete sobre a jovem democracia brasileira e a necessidade de amadurecimento da atividade jornalística. “É fundamental que a atividade jornalística caminhe a passos largos rumo ao amadurecimento. Só assim teremos, amanhã, uma imprensa totalmente desprovida de amarras políticas, interesses pessoais e intervenções econômicas. Que o dia 1° de junho sirva como uma nova oportunidade para o exercício da reflexão”, finalizou.
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