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Cidades

Prefeitos e vereadores terão desafio de combater fome no Brasil

Publicado

em

Arquivo/Agência Brasil

O combate à fome será um dos maiores desafios para os prefeitos e vereadores que assumirem seus cargos em 1º de janeiro de 2025. No Brasil, 21,6 milhões de lares enfrentavam algum grau de insegurança alimentar em 2023, com 7,4 milhões desses lares lidando com um quadro moderado ou grave, que inclui a redução da quantidade de alimentos ou a interrupção dos padrões alimentares, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Leonor Pires Faria, de 67 anos, é um exemplo de como a insegurança alimentar afeta muitas famílias brasileiras. A aposentada, que cuida de suas três netas em uma favela na região metropolitana do Rio de Janeiro, enfrenta grandes dificuldades para garantir uma alimentação adequada para sua família com um salário mínimo. “Se minhas netas tivessem direito ao Bolsa Família, já ajudaria muito. Eu fui no Cras [Centro de Referência da Assistência Social] e descobri que, por ser aposentada, elas não têm direito ao benefício. Uma aposentadoria não sustenta quatro pessoas”, lamenta Leonor.

Eduardo Lúcio dos Santos, fundador do Projeto União Solidária, defende que políticas públicas voltadas para o combate à fome são essenciais e que a colaboração entre ONGs e municípios poderia criar uma cidade mais humana e menos violenta. “Espero que os futuros prefeitos e vereadores tenham empatia e realmente queiram resolver os problemas dos menos favorecidos, não apenas na questão da fome, mas também nas áreas básicas como saúde e educação”, afirma Santos.

A Ação da Cidadania, fundada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, é uma das principais ONGs no combate à fome no país. Segundo Kiko Afonso, diretor executivo da ONG, os municípios desempenham um papel crucial, especialmente na gestão dos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) e no cadastramento dos beneficiários do Bolsa Família. “Os Cras, que são geridos pelas prefeituras, são a porta de entrada para programas sociais. No entanto, muitas prefeituras têm desvalorizado esses centros, que estão frequentemente sem equipe e infraestrutura”, explica Afonso.

Além do trabalho dos Cras, a merenda escolar também é um ponto crítico. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é financiado por verbas federais, mas são as prefeituras que gerenciam e implementam a alimentação nas escolas. “Em muitos casos, as escolas públicas oferecem alimentos inadequados, como macarrão com salsicha e biscoito de água e sal”, destaca Afonso.

Juliana Lignani, professora adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ressalta a importância do papel dos municípios no combate à fome. “Os municípios conseguem entender melhor as necessidades locais e atuar de maneira específica. É importante que eles repensem a produção de alimentos e o apoio aos produtores locais”, afirma Lignani.

Os conselhos municipais de Segurança Alimentar são ferramentas importantes para mapear a condição de insegurança alimentar e adotar políticas eficazes. “Prefeitos e vereadores devem articular a insegurança alimentar com outros sistemas, como Assistência Social e o SUS, para criar políticas que realmente atendam às necessidades locais”, conclui Juliana.

Kiko Afonso reforça que o papel das prefeituras é essencial para que os programas sociais cheguem efetivamente à população. “Sem o envolvimento das prefeituras, muitos programas não alcançam a ponta, apesar dos recursos e da vontade política dos governos federal e estadual”, conclui Afonso.

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