Nacional
PM morto supostamente envolvido com milícia foi homenageado por Flávio Bolsonaro
A principal linha de investigação da Polícia Civil na morte do 2º sargento da PM Luiz Carlos Felipe Martins, assassinado na porta de casa na manhã deste sábado (20), em Realengo, na Zona Oeste do Rio, é de execução. Investigações do Ministério Público do Rio ligam o PM ao miliciano Adriano da Nóbrega, morto em fevereiro do ano passado na Bahia.
Assim como Nóbrega, Martins também recebeu a Medalha Tiradentes, conhecida por ser a mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), das mãos do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. O assassinato do policial ocorre pouco mais de um ano após a morte do amigo, depois de uma série de escutas telefônicas revelarem que ele era o gestor do espólio criminoso do ex-capitão da PM.
Em fevereiro do ano passado, seis dias após a morte de Adriano, Luiz Carlos usou o telefone para contar a um interlocutor que “Adriano dizia que se fodia por ser amigo do Presidente da República”, Jair Bolsonaro (sem partido). Na época, o portal The Intercept Brasil obteve o documento com exclusividade e revelou que as escutas foram encerradas após o nome de Bolsonaro ser mencionado.
Adriano da Nóbrega era acusado de liderar o grupo miliciano conhecido como ‘escritório do crime’, que recebia contratos para matar as pessoas.
Carreira
Com 22 anos de carreira na Polícia Militar do Rio, o 2º sargento Luiz Carlos Felipe Martins era lotado no 16º BPM (Olaria). Em 2003, ao lado de Adriano da Nobrega, Martins recebeu a Medalha Tiradentes a pedido do então deputado Flávio Bolsonaro, hoje senador da República.
Martins era um dos policiais que fazia parte do Grupamento de Ações Táticas (GAT) liderado por Adriano da Nóbrega. Na ocasião, os policiais ficaram conhecidos como a ‘guarnição do mal’ por aterrorizar as principias comunidades da Zona Norte do Rio.
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Ainda em 2003, os policiais que faziam parte da ‘guarnição do mal’ foram acusados do homicídio do guardador de carros Leandro dos Santos da Silva, de 24 anos, morto a tiros na porta de casa um dia depois de denunciar o grupo liderado por Adriano na Corregedoria da PM.
Adriano e Martins foram condenados em 1ª instância pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, mas os outros militares foram absolvidos. Em 2007, Martins foi considerado inocente e o caso foi arquivado dez anos depois.
Em 2011, Luís Carlos Felipe Martins voltou a ser preso em uma operação contra o jogo do bicho. Ele foi investigado por fazer parte de um grupo liderado por Shanna Harrouche Garcia, filha do bicheiro Waldomir Paes Garcia, o Maninho, morto em 2004. O bando foi acusado de formação de quadrilha armada e tentativas de homicídio qualificado.
A denúncia do MP diz que Martins e outros policiais, entre PMs e civis, receberam ordem de Shanna Harrouche para matar Rogério Mesquita. Eles chegaram a interceptar o carro usado por Mesquita em maio de 2008, mas não conseguiram matá-lo. Na ocasião, o carro de Rogério foi atingido por mais de 30 tiros. Além dele, outras três pessoas também estavam no carros e sofreram ferimentos leves. Rogério Mesquita foi executado no ano seguinte com um tiro na nuca.
Morte
O PM Luís Carlos Felipe Martins foi morto na porta de casa, na Rua Carumbé, em Realengo. Segundo testemunhas, homens armados passaram em um veículo branco, modelo HB20, e atiraram em sua direção. Um segundo policial militar e uma mulher que passava pelo local foram atingidos pelos disparos. Os dois foram levados para o Hospital Municipal Albert Schweitzer. Segundo a direção do hospital, o estado de saúde deles é estável.
À policia, a esposa do 2º sargento contou que ele estava em uma motocicleta e seguia para o trabalho. A Delegacia de Homicídios da Capital investiga o caso.
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