Variedades

PESCA: Brasil terá cota maior de captura de atum em 2024

Publicado

em

a rodada final de negociações da Comissão Internacional de Conservação dos Atuns do Atlântico (ICCAT), encerrada na segunda-feira, no Cairo, Egito, o Brasil conseguiu aprovação dos demais países membros para aumentar na temporada de pesca de 2024 o limite de captura de albacora bandolim (thunnus obesus), espécie de atum abundante na costa brasileira.  

Pelo ordenamento pesqueiro internacional dos atuns, o Brasil seria penalizado em 2024 por vir excedendo a cota de 6 mil toneladas desde 2019, período em que o país abandonou os tratados internacionais de sustentabilidade. Assim, em 2024, deveria “devolver” 1.587 toneladas e pescar apenas 4,41 mil toneladas, o que traria um impacto social e econômico relevante na cadeia de produção. 

Para evitar isso, a delegação brasileira apresentou um plano de devolução ao longo de cinco anos (2024-2028).  Relatou os vários avanços no monitoramento da pescaria obtidos desde janeiro, com a recriação do ministério e a volta do país à comunidade internacional, além das medidas de controle e pesquisas sobre capturas e desembarques de albacora bandolim implementadas este ano. Também elencou os investimentos de mais de três milhões de euros em ferramentas de gestão pesqueira. A comissão de cumprimento da ICCAT se declarou impressionada com o relato. E o plano brasileiro foi aprovado. 

O excedente de captura dos últimos anos chegou a ameaçar o direito brasileiro de pescar atuns nas primeiras reuniões da ICCAT, ocorridas em março e junho. Havia, então, várias propostas na mesa. O Brasil subscreveu uma delas, junto com Japão, África do Sul e Uruguai. Ela estabelecia a cota global de pesca de atum em 73 mil toneladas, distribuindo fatias maiores para os países em desenvolvimento. 

READ  Figueirense perde para o Cascavel e se despede da Copa do Brasil

Na reunião do Cairo, porém, não houve consenso sobre nenhuma das propostas apresentadas. Os países, assim, mantiveram as cotas atuais.  

“Conseguimos aprovar o plano de devolução do excedente em 5 anos, o que nos garante um cota maior em 2024 ’, diz a secretária de Registro, Monitoramento e Pesquisa, Flávia Lucena Frédou, que liderou a comitiva brasileira dentro do plenário, no Cairo. “Mas ainda mais importante é a volta do nosso país ao fórum mundial de negociação, com posição altiva, com voz e com consistência técnica”, completa.  

Além dela, a comitiva do MPA contou com o Secretário da Pesca Industrial, Amadora e Esportiva , Expedito Netto, o diretor do Departamento de Pesca Industrial, Amadora e Esportiva, Édipo Cruz, com a diretora do Departamento de Registro e Monitoramento, Elielma Borcem, com o chefe da Assessoria Internacional, Ricardo Bacelette, com o assessor internacional, André Bispo, e com o coordenador geral de estatística, Alex Lira.  

Havia também representantes da Marinha do Brasil e do Ministério das Relações Exteriores. O setor privado enviou analistas da Associação Brasileira da Indústria de Pesca (Abipesca) para atuar como observadores. Técnicos do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima participaram remotamente, a partir de Brasília. O secretário-executivo, Carlos Mello, coordenou toda a missão lá no Egito.  

READ  Mortes violentas caem 6% no Brasil em 2021, aponta anuário

“Precisamos registrar com ênfase a participação brasileira no ICCAT. O papel do Brasil foi fundamental nas discussões técnicas e na defesa dos interesses dos nossos pescadores”, frisa Mello. “Como estávamos com uma equipe multidisciplinar e multiministerial, o Brasil conseguiu fazer uma abordagem muito mais completa em diversos painéis de discussão”, explica o secretário-executivo.  

A pescaria de atum é difundida em todo o litoral brasileiro. Ela envolve tanto pescadores artesanais quanto industriais. É uma das principais pautas de exportação do pescado nacional. Os principais estados produtores são Rio Grande do Norte e Ceará.  

Os métodos utilizados nessa pescaria são variados. No litoral Sul, é mais comum a pesca do peixe um a um, com vara e isca viva. No Nordeste, a técnica mais difundida é o espinhel de superfície. Vem ganhando terreno a pesca conhecida como “cardume associado”, que foi regulamentada no ano passado. 

Arte: ASCOM/MPA

Arte: ASCOM/MPA

Até o último dia 17, a captura nacional de atuns havia atingido a marca das 5.001 toneladas. A atividade vem obtendo receitas cada vez maiores com a exportação. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, as vendas para o exterior só neste ano renderam quase R$ 39 milhões ao país. A expectativa é que ao final do ano a marca ultrapasse os US$ 41 milhões de 2022.

Comentários do Facebook
Propaganda

CIDADES

PLANTÃO POLICIAL

POLÍTICA

ECONOMIA

MAIS LIDAS DA SEMANA