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Paulo Gustavo parcelou cenário de “Minha Mãe é Uma Peça” no início da carreira
Antes da fama, Paulo Gustavo, que morreu na terça-feira (04) por conta da Covid-19 , passou por tempos difíceis. Ainda na infância ele teve que entregar quentinhas que a mãe, Déa Lúcia, vendia para sustentar o futuro artista e sua irmã, Juliana Amaral.
“Quando a gente era criança, a vida da minha mãe foi luta atrás de luta. Além do trabalho como professora, ela fez quentinha, que eu entregava em Niterói, criou painel para festa infantil, foi corretora de imóveis, porteira do prédio em que morávamos e cantou na noite (…). Antigamente, ela cantava para angariar um dinheiro extra. E não é fácil cantar na noite, ninguém olha na cara, às vezes, nem aplaude”, explicou o ator em uma entrevista ao jornal O Globo em março de 2019, antes de estrear o espetáculo “Filho da mãe”, onde cantou músicas ao lado da matriarca, Déa Lúcia .
Na mesma entrevista, Déa Lúcia lembrou que o filho tinha vergonha das funções que ocupava para garantir o sustento da família. “Ele era adolescente e tinha ódio e vergonha de eu ser a porteira do prédio. Já na época das quentinhas, virou-se para mim e disse: ‘Vou entregá-las sim, mas de patins’. No que eu o agarrei e respondi: ‘Se você cair com uma quentinha, vou esfregar sua cara no fogão do mesmo jeito que esfrego o meu umbigo desde as seis da manhã'”, lembrou a mãe de Paulo, em tom de humor.
Quando adulto, Paulo Gustavo ainda passou por muitos perrengues. Empenhado em ser ator, ele estudou na Casa de Artes de Laranjeiras, a CAL, em 2002. Lá, conheceu Fábio Porchat, com quem estreou a peça “Infraturas” em 2005, porém, a montagem foi um fracasso de público.
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Um ano antes de colocar “Minha Mãe É uma Peça” em cartaz, Paulo já tinha criado sua personagem de maior sucesso: Dona Hermínia. Convidado por Samantha Schmütz para fazer uma participação especial na peça “O Surto”, o ator apresentou a mulher inspirada em sua mãe em um esquete de oito minutos. A boa recepção incentivou ele a investir em um monólogo com Dona Hermínia.
Entretanto, sem dinheiro para montar o espetáculo, o artista procurou a diretora do Teatro Candido Mendes, apresentou o projeto de ”Minha mãe é uma peça” e pediu uma oportunidade. Deu certo. Porém, sem equipe, Paulo Gustavo ofereceu 2% de bilheteria para cada um que trabalhasse com ele até fechar o dobro do valor que receberiam pelo trabalho.
Já o cenário da peça foi parcelado com cheques de parentes. Como Paulo Gustavo esperava, a peça foi um sucesso de público e precisou até de sessões extras. Depois do sucesso, o ator ganhou seu primeiro programa de humor no Multishow e, não muito depois, transformou o sucesso dos palcos em filme. A trilogia ”Minha mãe é uma peça” se tornou uma das mais bem-sucedidas do cinema nacional, e o último filme, lançado em janeiro de 2020, é o filme brasileiro mais visto nos cinemas.
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