Novo documentário mostra Britney Spears controlada pelo pai até para engravidar

Framing Britney Spears  (algo como “Enquadrando Britney Spears”, em tradução livre) é um documentário produzido pelo jornal The New York Times que conta a história da ” princesa do pop ” e sua vida controlada pelo próprio pai, Jamie Spears.

Desde 2008, a cantora tem sido impedida legalmente de tomar decisões por conta própria e a tutela legal está nas mãos do pai que administra os bens imobiliários e financeiros da filha e a obriga a pedir consentimento para quase tudo, inclusive sair de casa e engravidar. A situação da artista gerou um movimento de fãs em todo o mundo, denominado Free Britney, que foi ainda mais fortalecido pela obra ao mostrar que ela realmente precisa de ajuda contra o próprio pai e pessoas ligadas à indústria da música. O documentário — lançado na plataforma Hulu e no canal FX no início deste mês — entrevistou pessoas próximas a Britney, além de figuras importantes da indústria da música pop, como paparazzi . Ao final, os produtores informaram que houve uma tentativa de contato com a cantora para que ela participasse ativamente do projeto, mas que “não ficou claro se ela recebeu os pedidos”.

A sequência também aborda o comportamento machista de parte da mídia ao falar sobre Britney durante toda a carreira dela. Fãs brasileiros assistiram à obra e agradeceram ao New York Times por falar de forma realista sobre o antes era chamado apenas de “teoria da conspiração” ou “fanfic” [ficção de fã].

“O documentário traz pessoas que têm ou tiveram um vínculo afetivo com Britney, o que nos ajuda a entender que estávamos no caminho certo [no movimento Free Britney]”, comenta Alan Mangabeira, professor de comunicação da Universidade Federal da Paraíba e um dos criadores do único fã-site brasileiro em atividade da cantora, o Britney Online Brasil . A produção é direcionada não apenas aos admiradores da princesa do pop, mas para todos aqueles — segundo Alan — que querem entender o que acontece com uma artista que foi abusada pela indústria da música.

“Isso tem gerado uma série de desculpas, como de paparazzi , artistas, gravadoras, revistas, editores e todos aqueles que se sentiram culpados por terem sido responsáveis, de alguma forma, com o que houve com Britney”, opina o fã.

Para ele, é importante que o público entenda que o movimento Free Britney é, sim, capitaneado por fãs, mas que não é menos sério ou importante por causa disso. “Quero que todos vejam o documentário e entendam que esta não é uma autopromoção dos fãs e sim dar liberdade à nossa diva.” O criador do fã-site brasileiro ainda alerta que muitas informações sobre os abusos sofridos pela cantora ficaram velados na produção audiovisual, inclusive nomes de empresas e pessoas importantes não foram sequer citadas. “Acho que ele poderia ter sido mais crítico porque não aponta nenhuma empresa, nenhum nome vinculado a Hollywood, gravadoras ou toda a indústria que a gente sabe que está por trás de tudo pelo que Britney vem passando. A grande função do Framing Britney Spears parece ser culpar a própria mídia. A indústria da música pop é muito castrativa e violenta e a gente ainda precisa discutir isso em larga escala”, finaliza Alan.

Entenda o movimento Free Britney

Em 2007, após ter um surto público, Britney Spears foi internada em uma clínica psiquiátrica e a expressão Free Britney começou a ser utilizada. Ela foi criada pelo fã-site norte-americano Breath Heavy, expressando um desejo de que Britney recebesse alta médica. Para retomar a carreira, os contratos que tinha perdido e a guarda dos filhos, a justiça determinou que a tutela legal da cantora ficaria com o pai. Em 2019, a expressão “Free Britney” voltou a aparecer no podcast BritneyGrain, após denúncias anônimas de que a cantora estava sendo submetida novamente a internações compulsórias.

Nesse momento, o Free Britney começou a tomar forma de um movimento de fãs de todo o mundo pelos direitos da cantora. Ao mesmo tempo, denúncias de irregularidade na tutela de Jamie Spears sobre a filha começaram a chegar ao judiciário norte-americano e as investigações tiveram início. Desde então, a cantora vem participando de audiências judiciais nas quais pede para retomar alguns de seus direitos.