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Nacional

Lava Jato omitiu conversa grampeada para não “beneficiar Lula”, mostram diálogos

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Moro e Dallagnol, duas peças-chave que envolvem a Lava Jato e as condenações do ex-presidente Lula
Wikimedia Commons/Montagem iG

Moro e Dallagnol, duas peças-chave que envolvem a Lava Jato e as condenações do ex-presidente Lula

Novos diálogos apreendidos pela Operação Spoofing mostram que a Operação Lava Jato teria “escondido” um diálogo grampeado que poderia coincidir com os argumentos apresentados pela defesa de Lula sobre o envolvimento com o triplex no Guarujá (SP).

No dia 13 de setembro de 2016, mensagens mostram procuradores do MPF-PR discutindo se incluiam ou não um trecho obtido por meio de interceptação telefônica de Mariuza Marques, funcionária da OAS, engarregada de supervizionar o edifício. A defesa de Lula alega que provas de inocência de Lula foram descartadas para favorecer condenação.

“Pessoal, especialmente Deltan [Dallagnol, coordenador da Lava Jato], temos que pensar bem se vamos utilizar esse diálogo da MARIUZA, objeto da interceptação. O diálogo pode encaixar na tese do LULA de que não quis o apartamento. Pode ser ruim para nós”, escreveu o procurador Athayde Ribeiro Costa. 

Marisa, esposa de Lula, possuía cota para um apartamento simples em um edifício da cooperativa Bancoop na cidade do litoral paulista. Marisa desistiu de sua cota dois anos depois, em 2015.

Por esse motivo, procuradores da Lava Jato avaliaram que o diálogo poderia “beneficiar” a tese da defesa do ex-presidente e afastá-lo do imóvel. 

“Concordo com Athayde. eu não usaria esse dialogo [sic]. ao menos nao [sic] na denuncia”, escreveu a procuradora Jerusa Viecili. Athayde, então, pergunta ao procurador Julio Noronha: “vamos tirar o dialogo [sic] da MARIUZA ne?” Noronha responde: “vamos”.

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Segundo outro trecho interceptado pela operação Spoofing, os procuradores também teriam aberto denúncias simultâneas para ocupar a defesa e “bater em Lula”. Tudo isso de forma premeditada.

Denúncias simultâneas

Em um dos diálogos transcritos, a procuradora Laura Tessler afirma: “Estava aqui pensando se era o caso de já ir preparando a terceira denúncia do Palocci. Talvez isso o anime um pouco mais…”.

Em outro trecho, procuradores falam sobre o pedido de Lula de que seu depoimento ao ex-juiz Sergio Moro fosse transmitido ao vivo. Tessler diz: “Dá pra gritar gol quando ele se ferrar? kkkkk”. 

“OAS tem que mijar sangue”

 OAS
Reprodução/Facebook

OAS

Em 27 de agosto de 2016, um dos procuradores falou sobre endurecer as negociações de delação premiada com a empreiteira OAS, cujo presidente, Leo Pinheiro, havia sido preso e foi peça central na acusação envolvendo o triplex localizado do Guaruj, processo que levou Lula à prisão.

No dia 27 de agosto, logo depois de Janot suspender a delação, o procurador Diogo Castro de Mattos pediu em um grupo de WhatsApp: “Tão querendo jogar uma sociedade contra um jato de lava. E distorcendo tudo”.

Um colega dele responde: Essa reportagem só me convence que a OAS tem que mijar sangue para voltar para mesa “. E acrescenta:” Pelo menos fica claro que não fomos nós [a fonte da informação da revista] “.

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