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Nacional

Jairinho pediu para irmã “cuidar” de ex-esposa antes de ela admitir agressões

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Vereador Dr. Jairinho, acusado de tortura e morte do menino Henry Borel
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Vereador Dr. Jairinho, acusado de tortura e morte do menino Henry Borel

Ao decretar a prisão preventiva da professora Monique Medeiros da Costa e Silva e do namorado, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), a juíza Elizabeth Machado Louro, do II Tribunal do Júri, sinaliza a “possível coação de testemunhas no curso das investigações” sobre a morte de Henry Borel Medeiros.

Mensagens de telefones recuperadas pela Polícia Civil mostram o parlamentar pedindo a irmã, a fisioterapeuta Thalita Fernandes Santos, que faça “carinho” na dentista Ana Carolina Ferreira Netto, sua ex-mulher, mãe de seus dois filhos e que prestaria depoimento ao delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), admitindo ter sido agredida por ele, dois dias depois: “Cuide da Ana. Precisamos dela”, escreveu.

A conversa entre os irmãos tem início às 15h56 do dia 6 de abril. “Quero falar com você quando puder”, diz Jairinho. Talita responde: “Acabei de receber” e anexa uma foto de uma intimação para depor delegacia. E o vereador continua: “Me liga depois. Cuida da Ana. Cris e André não estão acolhendo a Ana”, sobre a assessora Cristiane Isidoro e o advogado André França Barreto, que até então o representava, e completa: “Amanhã tem que passar o dia com ela. Tá atacada” e Talita responde: “Pqp.”

Às 13h57 do dia seguinte, o vereador então envia o que seria a versão dele sobre o registro de violência doméstica feio por Ana Carolina há sete anos. Na ocasião, a dentista relatou que ele teve um “ataque de fúria”, a segurando pelo braço, a arrastando até a cozinha, a ofendendo e a chutando “por várias vezes com muita força”. Um laudo de corpo de delito confirmou lesões. Dias depois, no entanto, alegando que o episódio tratou-se de uma crise de ciúmes, negou querer representar criminalmente contra o parlamentar.

“No dia 29/12/2013, ela briga por causa de ciúmes da (ex-namorada). Ela tenta me agredir, eu seguro. Eu saio de casa no ano novo. Ela faz o registro 4/01 e se arrepende. Pois eram marcas da bicicleta e porque eu a segurei para contê-la”, escreveu Jairinho, sem ser respondido por Talita.

À 00h07 do dia 8, o vereador orienta a fisioterapeuta: “Tem que fazer carinho na Ana. Conseguiu falar com ela? Cuida da Ana. Precisamos dela” e a fisioterapeuta responde: “Estou.” Menos de seis horas depois do diálogo, Jairinho e Monique foram surpreendidos pelos policiais da 16ª DP, que cumpriram mandados de prisão temporária contra o casal pelo homicídio de Henry.

Na tarde do dia 9, Ana Carolina retornou a delegacia e confirmou que fora agredida após desistir de viagem de lua de mel. Ela contou que a “infelicidade” e as “traições” de Jairinho geraram um relacionamento “conturbado”, visto que as amantes do vereador a “perseguiam” e a “afrontavam”. Segundo ela, ele sempre teve um perfil de “namorar as amantes”. A dentista disse que o casal namorou por seis anos, morou junto por nove e então marcaram a cerimônia religiosa de casamento para 27 de dezembro de 2013

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Ana Carolina relatou que, dois dias após o enlace, ela estava fazendo as malas para a viagem de lua de mel quando recebeu uma ligação de um número restrito na qual uma mulher a ofendia e dizia que Jairinho, que saira de casa sob a alegação de encontrar um amigo, estava, na verdade, indo encontra-la. A moça contou ter descido até a garagem e encontrado o companheiro no carro, falando com uma mulher no telefone.

A dentista lembrou ter dito: “Acabou” e retornado a cobertura onde moravam para desfazer as malas. Ao perceber que a mulher havia desistido da viagem, Jairinho teria a agredido com chutes. Apesar de ter narrado na ocasião que ele “sempre foi violento”, já a agrediu diversas vezes e tentou enforcá-la em uma ocasião, a dentista afirmou, no mês passado, que esse comportamento violento do parlamentar só ocorreu no dia 29 de dezembro de 2013, negando, inclusive, que ele tenha batido nos dois filhos do casal. Ana Carolina mencionou um episódio de fuga de sua filha, em 2016, mas afirmou que o motivo seria a falta de vontade da menina em participar das aulas de inglês.

Como o EXTRA mostrou, em 2019, vizinhos da família denunciaram que a dentista e a menina sofriam “violências, humilhações, insultos e ofensas” por parte de Jairinho. Uma ligação a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) citava xingamentos e barulhos de objetos sendo quebrados no apartamento.

A denúncia foi encaminhada também a Ouvidoria do Ministério Público estadual, que a remeteu a 1ª Central de Inquéritos, que por sua vez acionou o Conselho Tutelar. Um documento assinado pela conselheira Elizabeth do Nascimento Silva Soares, em 22 de agosto daquele ano, afirma que foi feita uma visita à residência do casal. Recebida por Ana Carolina, a profissional relatou que a dentista negou a veracidade do conteúdo da denúncia.

Ela foi notificada e, dias depois, compareceu à sede do Conselho levando a filha. A menina garantiu que o relacionamento dos pais era “normal” e que às vezes eles chegavam a discutir, mas, se assim não fizessem, não seriam um “casal normal”. A adolescente também negou que tenha presenciado a mãe sofrer “algum tipo de violência”.

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