Política
Homenagem ao nosso idioma
Neste sábado, 21, o Brasil comemora o Dia da Língua Nacional. Adotada como o idioma oficial do País, em razão da colonização de Portugal, a Língua Portuguesa, falada, atualmente, por mais de 200 milhões de brasileiros, tem forte influência da miscigenação com outros povos. Dentre esses, destaque para as contribuições legadas por idiomas nativos, especialmente os integrantes do tronco linguístico Tupi-Guarani e, também, os africanos, como os pertencentes aos grupos étnicos banto e iorubá.
Demais misturas foram sendo acrescidas, posteriormente, favorecendo a polifonia de sotaques regionais, que, hoje, se ouve pronunciar entre os diferentes estados brasileiros. Esse sincretismo contou, ainda, com a participação de colonizadores franceses (especialmente no Maranhão) e holandeses (em Pernambuco), além de imigrantes europeus, como alemães e italianos, bem como japoneses, árabes, dentre muitas outras nacionalidades.
Essas marcas foram sofrendo outras influências e vêm se modificando, de forma continuada, com o passar dos anos. O fenômeno demonstra quão dinâmica é a formação de uma língua nacional, algo que, em menor escala, também se reproduz na esfera regional.
“Goianês”
Em Goiás, essas influências vêm especialmente de migrações internas. O sincretismo linguístico que marca a fala regional tem início durante a mineração do ouro. Dela decorre o consequente contato entre bandeirantes paulistas e indígenas que habitavam o território. Esses últimos se subdividiam em nações de origem Tupi e outras pertencentes ao tronco Macro-Jê.
As primeiras eram formadas, em geral, por populações litorâneas, que se refugiavam no interior do País, fugindo dos conflitos com os colonizadores, após o primeiro século de contato. Incluíam representantes dos povos Amoipira, Tupinãe e Tabajara. Já as demais, mais numerosas e também mais conhecidas na região, eram formadas por Akroá, Xacriabá, Xavante, Javaé e Kayapó.
As informações foram extraídas de pesquisa histórica realizada pela estudante Larissa Tunes da Silva para a conclusão do curso de Letras na Universidade de Brasília, em 2017.
Outra pesquisa, com recorte mais contemporâneo, foi apresentada pela Faculdade de Letras da Universidade Federal Goiás (UFG), em 2016. No estudo, intitulado “Fala Goiana”, foram analisadas marcas importantes do regionalismo no estado. Além do “r” retroflexo, da ocultação de pronomes reflexivos e do uso corriqueiro dos famosos “uai” e “trem”, uma série de expressões típicas da goianidade, como “quando é fé”, “tem base?” e “aném”, também estiveram no radar.
Coordenadora do projeto, a professora Vânia Cristina Casseb Galão defendeu, a despeito de qualquer preciosismo, a naturalidade presente no “goianês” falado pela população do estado. “Desde que a fala atinja o objetivo, não há certo ou errado, não há julgamento de valor”, argumentou, na época.
Discussões na Alego
Na Assembleia Legislativa de Goiás, parte das discussões tem se concentrado na defesa da manutenção da gramática padrão. Alguns deputados têm perspectivas contrárias à chamada “linguagem neutra”, usada por simpatizantes de movimentos que militam em prol da democratização linguística e da igualdade de gênero.
Quatro projetos de lei sobre o tema estão em tramitação. O primeiro foi defendido pelo deputado Cairo Salim (PSD), em 2020, e se encontra em diligência na Comissão de Educação, Cultura e Esporte. A matéria recebeu como apensada uma propositura similar protocolada por Jeferson Rodrigues (Republicanos). Há, ainda, uma proposta do deputado Delegado Humberto Teófilo (Patriota), que também foi convertida em diligência pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) e carrega como apensada uma proposta de igual teor, essa que, por sua vez, é assinada pelo deputado Amauri Ribeiro (UB).
“A proposta primacial dos defensores dessa ideia (de democratização da linguagem) baseia-se na premissa de que discursos direcionados a grupos de pessoas sejam alterados para que não se utilize mais o plural masculino. Nesse diapasão, estabelece-se uma identificação artificial de gênero neutro, substituindo-se o artigo “o” por “x”, “@” ou outro símbolo que, supostamente, afaste a marcação binária de sexo masculino ou feminino”, explica Amauri Ribeiro, na justificativa da propositura, ao contestar a pauta.
Uma outra discussão é a que vem sendo capitaneada pelo projeto de lei 2167/19, da deputada Lêda Borges (PSDB). A matéria visa fortalecer o ensino da Língua Portuguesa, por meio da inclusão da disciplina “Redação” no currículo da rede pública de Goiás.
Diversidade linguística
Por já se fazerem presentes no território, antes mesmo do início da colonização, os idiomas indígenas foram os primeiros a se misturarem com a língua imposta pelos colonos portugueses. Nesse processo, muitos deles acabaram sendo extintos.
Isso é o que diz o Instituto Socioambiental (ISA), uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), que, desde 1994, vem se destacando na luta em defesa de povos e territórios tradicionais no Brasil. A instituição afirma que, antes da chegada dos portugueses, o País contabilizava algo próximo a mil línguas nativas faladas.
De acordo com o último Censo Nacional, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, o Brasil conta, hoje, com 274 línguas indígenas. Embora a redução, decorrente de fenômeno chamado linguicídio, tenha sido, aparentemente, drástica, ainda se observa uma grande diversidade linguística no País. Uma informação que, provavelmente, seja conhecida por poucos.
Comemorações similares
A comemoração desse sábado, 21, tem relações com outras similares. Uma delas foi celebrada no início do mês, em 5 de maio. Trata-se do Dia Mundial da Língua Portuguesa, que foi instituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2009. O idioma, falado por mais de 265 milhões de pessoas, é oficial em nove de seus estados-membros. Além do Brasil e de Portugal, é praticado, também, em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Outra celebração diz respeito ao Dia Nacional da Língua Portuguesa no Brasil, em 5 de novembro. A comemoração foi instituída, em 2006, pela Lei nº 11.310, de 12 de junho. Nesse mesmo ano foi criado o Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz, em São Paulo. A data lembra o nascimento de Rui Barbosa, em 1849.
O jurista homenageado também foi ilustre escritor e político brasileiro, tendo dedicado, ao longo da vida dele, profundos estudos à língua nacional. Ele faleceu em 1º de março de 1923, na cidade de Petrópolis, localizada no estado do Rio de Janeiro.
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