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Nacional

Governos estudam ações para mitigar efeitos da seca no Piauí

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A seca que atinge o Piauí com maior intensidade desde o primeiro semestre preocupa autoridades estaduais e federais. Cinquenta cidades do Semiárido piauiense afetadas pela estiagem estão em situação de emergência, reconhecida pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, e, esta semana, a Defesa Civil Nacional enviou equipes técnicas para a região a fim de traçarem um diagnóstico da situação e das necessidades da população.

“O estado teve uma quadra chuvosa muito irregular, insuficiente para recarregar os açudes e as lagoas, o que afetou gravemente as pessoas que vivem no semiárido, onde há 50 municípios em estado de emergência devidamente reconhecido pelo governo federal”, disse o secretário de Defesa Civil do Piauí, José Augusto Nunes, à Agência Brasil.

De acordo com o secretário, a seca, comum na região, motivou as prefeituras destas 50 cidades piauienses a pedirem ajuda da União em março deste ano, quando a situação se agravou. Segundo o Monitor de Secas, coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), as condições resultantes da seca, seja fraca ou moderada, vêm “avançando” desde o fim de abril, em decorrência de chuvas abaixo da normalidade.

“O prejuízo maior é para quem vive da lavoura familiar, que sofre de forma intensa. Na agricultura familiar, a perda da produção foi total”, afirma Nunes.

A Agência Brasil entrou em contato com a assessoria da secretaria estadual da Agricultura Familiar (SAF), que informou acompanhar a questão, mas ainda não ter um levantamento dos prejuízos causados aos produtores.

De acordo com Nunes, a situação exige que as autoridades públicas forneçam água potável às famílias que vivem no Semiárido até que o governo estadual, com ajuda federal, consiga furar poços artesianos e construir adutoras nas regiões afetadas. Embora as autoridades estaduais ainda estejam avaliando os impactos da falta d´água, o secretário estima que em torno de 500 mil pessoas já tenham sido diretamente afetadas.

“Onde é possível encontrar água no subsolo, estamos fazendo pequenas adutoras e poços tubulares. Onde não é possível, em lugares remotos e onde o sistema d´água colapsou, estamos atendendo à população com carros-pipa”, explicou Nunes, detalhando que já foram contratados aproximadamente 100 carros-pipas e que há “vários” projetos de abertura de poços em licitação.

Nunes esteve em Brasília recentemente, solicitando apoio ao governo federal. Em razão do pedido, a Defesa Civil Nacional enviou, esta semana, três equipes de técnicos para o estado a fim de “avaliar o cenário de seca ou estiagem e auxiliar a tomada de decisões por parte do governo federal”. Os técnicos visitarão mais de 30 dos 50 municípios cuja situação de emergência já foi reconhecida.

Em nota, o Ministério do Desenvolvimento Regional lembrou que o Piauí é uma das unidades federativas contempladas pelo Programa Água Doce, iniciativa federal que visa a garantir o abastecimento de água para consumo humano por meio do aproveitamento sustentável das águas subterrâneas, mediante o uso de sistemas de dessalinização capazes de produzir cerca de 3,5 milhões de litros de água potável por dia. Cerca de 70% dos poços da região têm altos índices de salinidade, ou seja, de sais mineiras

No estado, o programa é coordenado pelo Instituto de Assistência Técnica de Extensão Rural (Emater). A água potável produzida é distribuída a escolas, postos de saúde e para famílias do Semiárido. De acordo com a Emater, desde 2013, o programa já destinou R$ 12,9 milhões ao estado. A previsão é que, até o fim do convênio com o ministério, em 2023, o montante investido chegue a R$ 13,9 milhões, proporcionando a implantação de 67 sistemas de dessalinização. O projeto, de acordo com o diretor-geral do instituto, Francisco Guedes, também beneficia também o setor produtivo.

“Estamos montando três unidades de transferência de tecnologias no Semiárido piauiense voltadas aos ambientes salinos, ou seja, usar água salobra para beneficiar plantas e animais. Em breve, teremos tanques de peixe e camarão no Semiárido, além do plantio de palma. São unidades piloto que serão referência para o Brasil e o mundo Semiárido e, consequentemente, melhorarão o IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] desses municípios”, afirmou Guedes durante um webinário sobre o programa, realizado em junho deste ano.

Edição: Lílian Beraldo

Fonte: EBC Geral

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