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“Gaza é o inferno na terra”, diz órgão da ONU após ataque de Israel a Rafah

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Pelo menos 45 pessoas, incluindo mulheres e crianças, foram mortas em um ataque aéreo israelense a um acampamento para palestinos desalojados na cidade de Rafah, no sul de Gaza. A informação é do Ministério da Saúde do território administrado pelo Hamas.

 

Vídeos do ataque, ocorrido na noite do último domingo (26) no bairro de Tal al-Sultan, mostram uma grande explosão e fortes chamas consumindo o local.  Em cenas familiares de uma guerra que está em seu oitavo mês, mulheres choravam e homens faziam orações ao lado dos corpos envoltos em mortalhas.

 

“O mundo inteiro está testemunhando Rafah sendo queimada por Israel e ninguém está fazendo nada para impedir isso”, disse Bassam, um morador da cidade, em mensagem na internet, sobre o ataque a uma área do oeste que havia sido designada como zona segura.

 

As Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram ter matado dois líderes do Hamas e que estavam analisando os relatos de que civis foram feridos no ataque.

 

Horas antes, o Hamas havia disparado oito foguetes de Rafah em direção a Tel Aviv — os primeiros ataques de longo alcance à cidade israelense desde janeiro.

 

Isso ocorreu dois dias após a Corte Internacional de Justiça (CIJ) ter determinado que Israel suspendesse imediatamente sua ofensiva militar em Rafah, onde se acredita que centenas de milhares de pessoas ainda estejam refugiadas.

 

O Crescente Vermelho Palestino informou que o ataque aéreo de domingo teve como alvo tendas para pessoas desalojadas perto de uma instalação da ONU em Tal al-Sultan, a cerca de 2 quilômetros a noroeste do centro de Rafah.

 

Vídeos com imagens fortes mostram várias estruturas em chamas ao lado de uma faixa que dizia “Acampamento de Paz do Kuwait ‘1’”, assim como socorristas e civis carregando vários corpos.

 

“Estávamos sentados na porta de casa em segurança. De repente, ouvimos o som de um míssil”, contou Fadi Dukhan, uma testemunha do ataque, à agência de notícias Reuters. “Corremos e encontramos a rua coberta de fumaça. Não vimos nada”, ele disse, acrescentando que ele e outros avistaram, na sequência, uma menina e um rapaz que haviam sido mortos na explosão.

 

Em comunicado, as FDI disseram no domingo que realizaram um ataque aéreo em Tal al-Sultan que eliminou dois líderes do Hamas — Yassin Rabia, chefe dos combatentes do grupo armado na Cisjordânia ocupada, e Khaled Nagar, outra autoridade do grupo na Cisjordânia.

 

“As FDI estão cientes dos relatos que indicam que, como resultado do ataque e do incêndio que foi desencadeado, vários civis na área foram feridos. O incidente está sob análise”, acrescentou o comunicado.

 

Um comunicado inicial insistia que o ataque foi “realizado contra alvos legítimos no âmbito do direito internacional, utilizando munições precisas e com base em informações de inteligência precisas que indicavam a utilização da área pelo Hamas”.

 

Em discurso nesta segunda-feira (27), o advogado-geral das FDI classificou o incidente em Rafah como “muito difícil” e disse “lamentar qualquer dano a civis que não estejam envolvidos na guerra”.

 

O Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, afirmou na tarde desta segunda-feira que pelo menos 45 pessoas, incluindo 23 mulheres, crianças e idosos, foram mortas no ataque ao acampamento.

 

Um alto funcionário do departamento de Defesa Civil de Gaza, Mohammad al-Mughayyir, disse à agência de notícias AFP que as equipes de resgate haviam visto “corpos carbonizados e membros desmembrados”, assim como “casos de amputações, crianças, mulheres e idosos feridos”.

 

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) disse durante a noite que 15 pessoas mortas e dezenas de feridos haviam sido levados a uma unidade de estabilização de traumas que a instituição apoia. “Estamos horrorizados com este acontecimento mortal, que mostra mais uma vez que nenhum lugar é seguro. Continuamos a pedir um cessar-fogo imediato e sustentado em Gaza”, acrescentou o MSF.

 

A agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) — a maior organização humanitária em Gaza — classificou os relatos como “assustadores” e disse que não foi capaz de estabelecer uma comunicação plena com sua equipe em campo em Rafah. “Gaza é o inferno na terra. As imagens da noite passada são mais uma prova disso”, diz uma postagem da UNRWA no X (antigo Twitter).

 

O chefe do gabinete de comunicação do governo administrado pelo Hamas, Ismail al-Thawabta, afirmou que o acampamento ficava longe das recentes ações militares e em uma zona designada como segura, para a qual as FDI haviam orientado os civis no leste de Rafah a fugir.

 

Enquanto isso, o Catar alertou que o ataque poderia complicar suas tentativas de mediação para alcançar um cessar-fogo e um acordo de libertação de reféns.

 

Com informações da BBC News

 

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