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Saúde

Estratégia de vigilância de cães reforça combate à doença de Chagas

A coleta de sangue dos cães é simples e não invasiva

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A doença de Chagas, causada pelo parasita Trypanosoma cruzi, é um desafio de saúde pública em várias regiões do Brasil. Para enfrentar esse problema, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) desenvolveu uma metodologia inovadora que usa cães como sentinelas para detectar áreas com risco de transmissão do parasita. A estratégia foi selecionada para integrar o projeto Integra Chagas Brasil, coordenado pelo Ministério da Saúde, e está sendo implementada em cinco cidades: Espinosa e Porteirinha (MG), São Luís de Montes Belos (GO), São Desidério (BA) e Iguaracy (PE).

A pesquisadora Samanta Xavier, chefe do Laboratório de Biologia de Tripanossomatídeos do IOC/Fiocruz, explica que os cães são eficazes para sinalizar áreas de risco de transmissão do T. cruzi entre animais silvestres. “Os cães, ao circularem nas áreas de convivência humana, como quintais e campos, podem ser infectados pelo parasita, o que indica a presença de risco nas regiões frequentadas por pessoas”, afirma Samanta. Embora os cães não apresentem ou transmitam a doença de Chagas, sua função como sentinelas é essencial para a vigilância sanitária.

A metodologia de monitoramento canino está sendo aplicada com a colaboração de agentes de combate a endemias, que passam por uma capacitação especializada para o diagnóstico e controle da doença. Durante a “Semana de Formação” do projeto Integra Chagas Brasil, os profissionais de saúde das cinco cidades receberam instruções práticas sobre como identificar áreas de risco, coletar amostras de sangue dos cães e realizar testes rápidos de triagem, como o Teste Rápido Chagas – Bio-Manguinhos/Fiocruz.

Caso a presença de anticorpos contra o T. cruzi seja detectada em 30% ou mais dos cães em determinada área, a equipe de saúde intensifica as investigações para identificar a origem da infecção, envolvendo a captura de pequenos mamíferos silvestres e a análise da paisagem local. “Esses dados ajudam a orientar ações preventivas para reduzir os riscos de infecção humana”, explica a pesquisadora.

A coleta de sangue dos cães é simples e não invasiva, além de ser uma estratégia de fácil implementação, que pode ser combinada com outras campanhas de saúde pública, como a vacinação antirrábica e o controle da leishmaniose.

Além dessa abordagem, o IOC/Fiocruz também contribui com a plataforma “Achou um barbeiro?”, uma ferramenta interativa para ajudar a população a identificar e lidar corretamente com os insetos transmissores da doença. A plataforma oferece orientações sobre como capturar os barbeiros e localizar postos de informação para entrega do vetor, além de permitir o envio de fotos do inseto para avaliação de especialistas.

O projeto Integra Chagas Brasil é uma iniciativa do Ministério da Saúde, coordenada pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), com o apoio da Universidade Federal do Ceará (UFC). Seu objetivo é ampliar o diagnóstico e tratamento da doença de Chagas por meio de uma abordagem integrada, envolvendo vigilância entomológica, monitoramento de cães, testagem e engajamento comunitário.

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