Geral
Espaços para reeducar os autores de violência doméstica
“Encontrei profissionais preparados, que sabem falar da maneira certa com a gente e nos ensinam como resolver as situações, sem precisar extrapolar” José (nome fictício), sobre experiência no Núcleo de Atendimento à Família e aos Autores de Violência Doméstica (Nafavd)
O desentendimento com a esposa fez com que José (nome fictício), 39 anos, fosse denunciado por violência doméstica. Ele não tinha ideia de que a agressão verbal também poderia causar à sua companheira uma série de danos psicológicos. Durante o processo na Justiça, o pintor foi encaminhado para o Núcleo de Atendimento à Família e aos Autores de Violência Doméstica (Nafavd) da cidade do Distrito Federal onde mora e começou a escrever um novo capítulo de sua vida matrimonial.
“Tenho 21 anos de casado e 2 filhos com a minha esposa. São muitas histórias vividas juntas”, lembra José. “Eu ficava cego em certas situações e não sabia como resolver. Ir para o Nafavd foi a melhor coisa que eu já fiz. Encontramos profissionais preparados, que sabem falar da maneira certa com a gente e nos ensinam como resolver as situações, sem precisar extrapolar”, elogia.
Ao todo, a capital tem 9 unidades (confira abaixo) que acompanham mulheres e homens envolvidos em situações de violência doméstica e familiar contra elas, tipificadas pela Lei Maria da Penha.
Sede própria
Nos espaços cedidos aos núcleos, em sedes do Ministério Público do DF e do Tribunal do DF, há acompanhamento interdisciplinar a partir das perspectivas de gênero e de Direitos Humanos, por meio de espaços de escutas, reflexão e empoderamento das mulheres, assim como o trabalho de responsabilização, reeducação e reflexão com os autores.
A secretária da Mulher, Ericka Filippelli, adianta que o Nafavd vai ganhar sede própria. A pasta ainda estuda onde será a nova unidade.
“A assistência aos autores contribui para a diminuição da reincidência de casos. É uma das formas de combater a violência contra mulher. Agora, vamos implantar um espaço para atender demandas espontâneas, sem a necessidade de ser um caso judicializado”, explica.
“Precisamos entender as diferenças de gênero. Os homens são fruto de uma sociedade machista. Eles acham que não precisam pedir e receber ajuda. Com os nossos servidores de excelência, podemos fazer com que eles reconheçam e se responsabilizem por essas ações. Dessa forma, transformando o número de reincidência a quase zero”, destaca a secretária.
“Não podemos colocar essa mudança deles nas costas das mulheres. O homem não é a vítima. É um processo de reflexão para que eles entendam os privilégios e as diferenças”Victor Valadares, psicólogo do Nafavd de Samambaia
Atendimento remoto
Devido à pandemia do novo coronavírus, o atendimento tem acontecido de forma remota. João (nome fictício), 50 anos, é um dos autores que está recebendo essa assistência na segurança de sua casa. Ele conta que teve uma briga com a filha quando ela fugiu para ir a uma festa.
“Ela estava embriagada. Meu intuito era protegê-la e levá-la para casa. Os vizinhos acharam que eu exagerei e me denunciaram. Além de usar a tornozeleira eletrônica, também fui orientado a ter esse acompanhamento no núcleo”, lembra o almoxarife.
“Foi muito importante para mim. Lá aprendemos a lidar com vários sentimentos, como a raiva, o medo, a angústia. Também conversamos e trocamos experiência com outras pessoas que passaram por situações parecidas”, comenta João. “Agora eu sei como lidar com esse episódios, que há outras maneiras de resolver sem violência”, afirma.
As reuniões virtuais ocorrem uma vez por semana por cerca de 1h30 com até 12 pessoas. Psicólogo do Nafavd de Samambaia, Victor Valadares, explica que o atendimento vai desde o acolhimento da pessoa até o acompanhamento. “Durante os encontros debatemos sobre vários temas, como os tipos de violência, a Lei Maria da Penha, estupro, objetificação da mulher, entre outros. Também trazemos casos reais para que possamos discutir sobre o assunto. São formas de estratégias para que eles reflitam e mudem o comportamento”, comenta.
“Muitos deles não acham que um empurrão é uma forma de violência, por exemplo, ou que a agressão é só se for a física. É fundamental trabalhar essas questões com os homens porque eles são os vetores da violência. Não podemos colocar essa mudança deles nas costas das mulheres. O homem não é a vítima. É um processo de reflexão para que eles entendam os privilégios e as diferenças”, destaca o psicólogo.
Endereços
Confira os endereços dos Núcleos de Atendimento à Família e aos Autores de Violência Doméstica:
Plano Piloto
Endereço: Edifício Fórum Desembargador José Júlio Leal Fagundes – SMAS Trecho 3, lote 4/6, Bloco 1, Térreo, Sala 30
Telefones: (61) 3343-6553 e (61) 99323-6567
E-mail: [email protected]
Brazlândia
Endereço: Edifício Fórum de Brazlândia, Área Especial 4, 1º andar, Sala 175 – Setor Tradicional
Telefones: (61) 3479-6506 e (61) 99199-7518
E-mail: [email protected]
Gama
Endereço: Quadra 1, lotes 860/880, Sala 101 e 103 – Setor Industrial Leste – Edifício da Promotoria de Justiça do Gama
Telefones: (61) 3384-7469 e (61) 99120-5114
E-mail: [email protected]
Paranoá
Endereço: Quadra 4, Conjunto B, Sala 109/111 – Grande Área – Edifício da Promotoria de Justiça do Paranoá
Telefones: (61) 3369-6850 e (61) 99206-6281
E-mail: [email protected]
Planaltina
Endereço: Edifício da Promotoria de Justiça de Planaltina – Área Especial 10/A, Térreo, Sala 120/124 – Setor Tradicional
Telefones: (61) 3388-1984 e (61) 99199-4674
E-mail: [email protected]
Samambaia
Endereço: Quadra 302, Conjunto 1, Lote 3, Sala 1.170, 1º andar – Edifício Fórum Desembargador Raimundo Macedo – Samambaia Sul
Telefones: (61) 3358-7476 e (61) 99530-9675
E-mail: [email protected]
Santa Maria
Endereço: QR 211, Conjunto A Lote 109 – Edifício da Promotoria
Telefones: (61) 3394-3006 e (61) 99516-1772
E-mail: [email protected]
Sobradinho
Endereço: Promotoria de Justiça de Sobradinho – Quadra Central, Bloco 7, Térreo – Edifício Sylvia
Telefones: (61) 3591-3640 e (61) 99501-6007
E-mail: [email protected]
Taguatinga
Endereço: Coordenadorias das Promotorias de Justiça de Taguatinga, Setor C Norte, Área Especial para Clínicas, Lotes 14/15, Sala 221 – Taguatinga Norte
Telefones: (61) 3552-2064 e (61) 99527-1962
E-mail: [email protected]
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