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Política

Cuidado e amor

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Além do Dia Internacional da Família, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) e comemorado no dia 15 de maio, no Brasil, o 8 de dezembro marca, também, o Dia Nacional da Família. Nesta data, a atenção vai para os direitos da criança dentro do núcleo familiar, que muitas vezes são negligenciados pelos pais. 

Os jornalistas Afonso e Joyce (os nomes dos personagens dessa reportagem são fictícios, a pedido dos entrevistados) viveram juntos por 15 anos. Da união nasceu Luca, que hoje, com 7 anos, está vivendo uma situação nova, com a separação dos pais. 

Em comum acordo, o casal resolveu pela guarda compartilhada do filho. Segundas, quartas e sextas são dias de trocas de casa. Funciona mais ou menos assim: em uma semana, na segunda-feira, o pai busca o filho na escola e fica com o menino até quarta-feira. Nesse dia, a mãe busca Luca na escola e fica com ele até sexta, dia em que o pai pega a criança na unidade escolar e fica com ela até segunda-feira. Na semana seguinte, os pais trocam os dias em que cuidam do filho. Isso para que o pequeno possa estar sempre com os pais. E para os pais também terem a presença constante do filhote.

Segundo Afonso, desde antes da decisão da separação, o casal já tinha optado pela guarda compartilhada, porque tanto ele quanto a ex-companheira estão convencidos que é a melhor forma de resguardar a criança em um momento delicado. 

E tem dado certo. O pai explica que até agora o pequeno Luca tem lidado bem com a separação e, ele acredita, que, pelo menos em parte, isso se deve ao fato do menino não ter percebido a situação. “Para ele, ele passou a ter duas casas com os pais morando em casas separadas. Eu não sei que relação que ele faz com isso. Eu acredito que a guarda compartilhada está contribuindo para que esteja tudo tranquilo com ele. O Luca não sente exatamente como uma separação, ele continua vendo um dos pais a cada dois dias, a única diferença que em casas separadas” analisa o jornalista. 

O compromisso de Afonso e de Joyce com o filho é tamanho, que o acordo entre os dois foi feito informalmente, ainda não foi oficializado na justiça, mas mesmo assim tem sido cumprido à risca pelos dois. 

Para a psicóloga Karina Maristela Barbosa, essa é a atitude correta. Apesar de ter restrições à guarda compartilhada, que foi o formato adotado pelos pais de Luca, ela aprova a prioridade que o casal deu aos interesses da criança. 

A profissional ensina que, independentemente do sofrimento que os pais enfrentam no momento de se separarem, a criança precisa continuar tendo a imagem de uma mãe e de um pai amorosos, dedicados e cuidadosos. “O ponto principal seria os pais internalizarem: a dor é minha e não do meu filho. A dor da separação precisa ser vivida pelos adultos e problemas de adulto as crianças não devem ter ciência. Entendendo que uma boa relação com os genitores será de grande sucesso para essa criança.” 

Mas mesmo fora desses momentos excepcionais, como o divórcio do casal, muitas outras situações também evidenciam que nem sempre as crianças são prioridade na vida familiar. É consenso que o papel dos menores nas famílias ganhou um protagonismo, que foi negado por séculos. Porém, esse reconhecimento da criança como pessoa de direito, acabou, em muitos casos, ultrapassando limites e se tornando um outro problema. “Hoje existe uma realidade contraditória: uma maior preocupação com as crianças e a infância, mas também uma terceirização da educação de filhos. Então, ao mesmo tempo em que as crianças ganharam força para serem ouvidas, também ganharam força em uma ‘autoridade’ desmedida por falta de um olhar materno e paterno dentro da própria casa”, aponta a psicóloga.

Outra distorção no ambiente familiar que afeta diretamente os pequenos é a desigualdade nas atribuições do pai e da mãe, no cuidado com as crianças. No Brasil, culturalmente, a responsabilidade pela manutenção da casa e pela educação dos filhos tem sido delegada às mulheres. Uma situação que vem mudando muito lentamente e que causa prejuízo para as crianças. 

A profissional explica que os papéis do pai e da mãe são complementares na formação dos menores, sob vários aspectos. “O pai, na visão sistêmica, é o que leva a criança ao mundo, quem apresenta o sucesso! Quando o pai se faz presente, a criança, inconscientemente, entende que é capaz de conquistar seus desejos e ambições. A mãe é o acolhimento e a nutrição. Ou seja, a junção da família formará um adulto saudável emocionalmente, fisicamente e profissionalmente”, detalha Karina Maristela. 

Por fim, a psicóloga alerta para a necessidade de maior atenção às crianças. Ela lembra que, em muitos casos, além da terceirização da educação, os adultos se afastam dos filhos. Por vezes, com a contribuição dos eletrônicos e de uma rotina exaustiva de atividades.  

Ela observa que os pais não estão conseguindo escutar e entender as necessidades dos filhos, chama a atenção para a gravidade dos efeitos desse distanciamento e ainda ajuda com uma “receitinha” simples, que pode ter resultados muito positivos: “Nossas crianças estão gritando por socorro e atenção. Uma geração que mais tem acesso a coisas e menos tem presença. Você, como pai e mãe ou qualquer cidadão de bem, esteja aberto a fazer a diferença na vida de uma criança: não precisa de presente. SEJA o presente. Ame, escute, brinque e ajude a cuidar e a preservar a infância”.

Fonte: Assembleia Legislativa de GO

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