Política
Comissão de Minas e Energia
O Fórum Permanente de Assuntos Relacionados ao Setor Energético do estado de Goiás, da Comissão de Minas e Energia do Legislativo estadual, realizou nesta sexta-feira, 29, a 36ª reunião. O encontro, comandado pelo presidente do fórum, deputado Virmondes Cruvinel (UB), teve como tema: Sustentabilidade e Eficiência Energética na Edificação e no Urbano. O encontro contou com uma audiência de mais de 60 pessoas.
Virmondes ressaltou o papel do fórum como interlocutor com entidades e instituições na busca de melhores soluções sustentáveis. E, ainda, a importância da co-organização do evento com a participação das entidades parceiras. “O Brasil necessita da união de esforços. Temos que trabalhar nossa pauta, que além de energias renováveis, é voltada ao setor da mineração”, afirmou o parlamentar.
Enquanto mediador da reunião virtual, o professor doutor Enes Gonçalves Marra, da Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação (EMC) da Universidade Federal de Goiás (UFG), abordou a importância do Fórum Energético, como uma iniciativa do Estado, na Alego, na busca de soluções sustentáveis e inovadoras.
O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU/GO), Fernando Chapadeiro, em sua contribuição, reforçou a importância da realização de eventos como este para tratar de soluções de eficiência energética para o meio urbano. A doutora Danúsia Arantes Ferreira, pesquisadora do Laboratório Vivo Campus Sustentável da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com abordagem voltada aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), em sua apresentação, fez uma breve retrospectiva do período em que teve início a discussão sobre a sustentabilidade e transição energética.
Para Danúsia, “discutir os ODS e promover mudança de comportamento tem sido um desafio”. A pesquisadora ressaltou a necessidade da conversão em práticas objetivas, com foco na construção de um futuro mais resiliente e defendeu que na Agenda 20/30, não há por que destacar um objetivo em detrimento de outro. Ela reforçou a importância do diálogo em perspectiva de rede, nas pesquisas interdisciplinares. Outro ponto importante, salientado pela doutora, é a necessidade de mudança de comportamento da sociedade quanto ao consumismo exacerbado. E, ainda, assinalou a importância de olhar os aspectos social, ambiental e econômico.
Por fim, compartilhou a experiência em desenvolvimento no Laboratório Vivo de Sustentabilidade Energética Campus Sustentável da Unicamp. Ela citou o projeto de pesquisa, que traz como exemplo várias práticas, entre elas o uso de ônibus elétrico e o sistema de geração de energia, com histórico e ganhos para contribuir com o desenvolvimento econômico e social de um país. “Essa experiência no campus, com 60 mil pessoas, de conviver com mais sustentabilidade, pode ser replicada em bairro ou cidade. Depende da vontade política do cidadão”, afirma Danúsia.
Planejamento
A doutora Loyde Vieira de Abreu-Harbich, arquiteta, professora e pesquisadora da FAU-Mackenzie, abordou o tema “Eficiência Energética na Edificação e no Urbano”, com afirmativas voltadas à necessidade de planejamento nas construções em relação ao conforto térmico e redução de consumo de energia elétrica, além de alertar para a importância do plantio de árvores, a fim de reduzir os impactos provocados pelas mudanças climáticas. Loyde explicou a importância da escolha dos materiais para uma edificação, a fim de que eles não demandem uso exagerado de equipamentos para aumentar o conforto térmico, ou seja, para se obter uma temperatura menor no interior dos prédios.
Ao tratar das cidades, defendeu a vegetação como uma aliada importante para se conseguir a melhoria da qualidade da temperatura. Loyde também ressaltou a necessidade da implementação de fontes alternativas de geração de energia nas cidades, como o uso de painéis solares ou até a captação de energia eólica. Ainda ao tratar desse aspecto, a doutora defendeu o desenvolvimento integrado de projetos, que tratem de paisagismo, abastecimento e transporte.
A arquiteta falou da necessidade de levantamentos que levem em conta variáveis sobre o impacto das emissões de CO2, a mobilidade urbana, o potencial dos painéis solares, maior eficiência no transporte, e, ainda, o planejamento paisagístico. “As pessoas precisam entender, por exemplo, que uma árvore é uma sujeira boa”, afirmou. Ao finalizar, Vieira abordou as normas para edifícios e que, dentre elas, a normativa voltada ao desempenho térmico, com revisões constantes para melhorar as condições das construções.
Cooperação alemã
Doutor Philipp Hoeppner, representante do projeto Eficiência Energética para o Desenvolvimento Urbano Sustentável, Foco em Habitação de Interesse Social (EEDUS) – desenvolvido pela agência de colaboração alemã (GIZ), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional apresentou as áreas de atuação da empresa. ”Todos os anos são apresentados projetos de cooperação. Trabalho para mudar abordagens, políticas, projetos, programas e regulamentos. Na Alemanha, também aprendemos muito. Estamos com vocês numa parceria”, afirmou.
Hoeppner também demonstrou uma prévia de diversos projetos de eficiência energética desenvolvidos não apenas no Brasil, mas em outras regiões do planeta em atuação. Dentre os projetos, se destaca o de habitação social, nos protótipos do Programa Casa Verde Amarela, com 450 habitações sustentáveis, a preço acessível, que está em fase de construção em três cidades. Outro citado por ele é o de eficiência energética no abastecimento de água: roteiro digital que leva à leitura automática das contas de energia e análise dos potenciais de economia.
A engenheira Jéssica Gama, da GIZ, detalhou a eficiência energética no abastecimento de água, ao tratar das ferramentas, por meio de planilhas empregadas no desenvolvimento do projeto, em que são observadas as maiores despesas das empresas de abastecimento, a exemplo das estações elevatórias, além da falta de gestão e da necessidade de atualização dos equipamentos.
Gama apontou o fato de as concessionárias não se aterem ao uso de energia elétrica em horários inadequados, o que aumenta os custos das empresas, e precisam ser observados para se adequarem a uma maior eficiência no investimento dos recursos. “É possível intervir para melhorar o sistema de água”, afirmou. A engenheira apontou a questão dos recursos para financiamento para aplicação de projetos de eficiência energética, a partir da redução das multas que são pagas pelas concessionárias.
Por sua vez, a também engenheira Letícia Oliveira, tratou do projeto de eficiência energética para habitação social. “A gente percebeu que tem um potencial de geração nesses projetos. O conforto, sem recorrer a esse tipo de equipamento – climatizadores e ar condicionado –, é a adequação climática desses projetos, em que é possível avaliar”, assinalou Letícia.
Além disso, os projetos foram reavaliados, por meio de simulações para se encontrar o ideal para que as construções sociais ofereçam mais conforto aos moradores.
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