Esportes
António Oliveira: A carreira como jogador, as experiências pelo mundo e o futuro no Furacão
António José Cardoso de Oliveira, 38 anos, nascido em Lisboa, Portugal. Este será o técnico do Athletico Paranaense na temporada 2021. Mas até chegar ao posto de treinador principal, o profissional teve uma longa caminhada.
Filho de António Conceição Oliveira, popularmente conhecido como Toni, viveu o futebol mesmo antes de nascer, indo ao Estádio da Luz na barriga da mãe. O pai foi jogador e um dos grandes ídolos da história do Benfica, atuando também na Seleção Portuguesa.
Quando pendurou as chuteiras, Toni comandou Benfica, Bordeaux, Sevilla e passou por países como Arábia Saudita, Egito, China, Irã e Emirados Árabes. O futebol está na veia da família Oliveira e não foi diferente com António, que herdou a paixão do pai.
A carreira começou dentro dos gramados, aos oito anos de idade. O novo técnico athleticano fez a formação toda no Benfica, por onde ficou 12 anos e estreou como profissional. Depois, teve passagens pelas equipes portuguesas do Braga, Santa Clara e Oriental. A carreira como atleta foi encerrada aos 29 anos.
Mas antes mesmo de deixar os gramados, António iniciou o curso de Educação Física e Desporto, direcionado ao treinamento esportivo e especialidade em futebol. Durante o mestrado em treinamento esportivo de alto rendimento, fez um estágio no Sub-17 do Benfica.
“Preparar o futuro foi a melhor lição de vida que tive”, disse o profissional, que ingressou na nova carreira no Irã, sendo auxiliar técnico de Toni no Tractor. Por lá, estiveram de 2012 a 2016 e carregam até hoje o carinho da torcida do “trator”.
Depois de uma passagem de seis meses no Rudar, da Eslovênia, António Oliveira assumiu o cago de treinador do Kazma, no Kuwait. Como técnico, conquistou o título da Taça Federação do Kuwait, em 2018, além de alcançar um recorde no clube de apenas uma derrota em 10 meses.
Em 2020, António atravessou o oceano para trabalhar no Brasil, como auxiliar técnico de Jesualdo Ferreira, no Santos. Foram sete meses de trabalho até retornar a Portugal. Mas a “estadia” na terra natal não durou muito tempo. Dois meses depois, recebeu o convite para fazer parte da comissão técnica rubro-negra.
“Na minha primeira conversa com os jogadores, eu disse que tinha aceitado vir por conta das pessoas que estavam me fazendo aquele convite, que eram o Paulo Autuori e o William Thomas, e que viria para ganhar”, destacou.
Ao final do Brasileirão, a equipe que estava na parte de baixo da tabela terminou na nona posição. “Eu sabia que não estava dizendo loucura, por tudo que via do clube e das pessoas. Conseguimos resgatar a confiança dos atletas e fazer com que eles acreditassem no que estávamos apresentando. O que eles fizeram no segundo turno foi fantástico e o mérito foi todo deles”, completou.
Trabalho ao lado do pai
Toni foi jogador de sucesso e seguiu o mesmo caminho fora das quatro linhas. Auxiliar técnico de Sven-Göran Eriksson, lendário treinador sueco, Toni se tornou técnico campeão e pôde passar um pouco da experiência vivida ao filho António.
“Foi uma oportunidade única de poder trabalhar perto de uma das minhas grandes referências. Serei eternamente grato ao meu pai, porque foi quando começou a minha vida no futebol em termos técnicos”, disse.
A vivência por alguns outros países aumentou também as raízes entre pai e filho. “Eu conhecia meu pai daquela distância natural de pai e filho, com muito respeito. E via ele como o ídolo das pessoas. Mas, quando trabalhamos juntos, vivemos só nós na mesma casa e pudemos compartilhar muitos momentos inesquecíveis. Foi ali que conheci verdadeiramente o meu pai”, relembrou.
Passagem pelo Irã
A primeira grande experiência de António Oliveira fora dos gramados foi no futebol do Irã. Como auxiliar técnico do Tractor, aprendeu novas culturas e acompanhou de perto a paixão de um clube com mais de 45 milhões de torcedores.
“Não imaginava que um dia trabalharia no Irã e não sabia que existia uma equipe chamada ‘trator’. O futebol é muito mais do que um esquema tático. Ele nos dá oportunidade de conhecer novas culturas e de fazer novos amigos. E ganhamos o carinho das pessoas do Irã. Entramos e nos comprometemos com o clube e eles enxergaram a gente como mais um deles. Lutávamos pela causa deles. E conseguimos alcançar bons resultados”, destacou.
Além de ajudar na conquista do primeiro troféu da história do Tractor, António Oliveira participou de dois vice-campeonatos nacionais e quatro classificações para a Liga dos Campeões da Ásia.
Objetivos no Furacão
De outubro de 2020 a fevereiro de 2021, António Oliveira foi auxiliar técnico do time principal, mas com grande participação nos treinos e jogos. Na estreia do Campeonato Paranaense 2021, comandou a equipe de Aspirantes.
Agora, será o responsável pela condução do time principal na atual temporada. “Eu sou um apaixonado pelo trabalho, pelo futebol, pelo conhecimento, pelo treino. São as repetições de determinados estímulos que levam a equipe ao sucesso”, afirmou.
A reapresentação dos jogadores ainda não tem data marcada, por conta das restrições impostas pelo decreto em Curitiba, devido à pandemia. “O objetivo para esta temporada é ser uma equipe muito competitiva, em cima dos conceitos e das ideias do Athletico. Queremos, em qualquer circunstância, lutar pelas vitórias e pelos títulos, sendo uma equipe que orgulhará os athleticanos”, destacou.
“Mas muitos podem se perguntar: quem é este ‘portuga’ que veio ao Athletico Paranaense? Ao longo da minha carreira, tive diversos treinadores e por isso observei diversas formas de jogar e diversos processos de treinos. Obtive sempre o melhor de cada um nestes dois pontos e fui ao longo dos anos construindo minha própria forma de jogar”, revelou.
Estilo este que o torcedor poderá ver primeiro na CONMEBOL Sul-Americana, marcada para o segundo semestre de abril. “É uma forma com grandes princípios, claramente definidos em cada momento que compreende o jogo. É um jogar que diferencia dos demais, porque é específico. Agora, existe sempre o lado ideológico e o lado estratégico. O segredo está em aliar um ao outro”, concluiu António.
Créditos: José Tramontin/athletico.com.br
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