Saúde alerta para aumento de acidentes com animais peçonhentos

Saúde alerta para aumento de acidentes com animais peçonhentos

Em 2024, Goiás já registrou 7.352 acidentes envolvendo animais peçonhentos, como serpentes, escorpiões e outros insetos, de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (SES-GO). Entre esses casos, 941 ocorreram com serpentes, enquanto 4.591 envolvem escorpiões.

No mesmo período de 2023 (janeiro a setembro), foram contabilizados 7.542 incidentes. Durante todo o ano de 2023, a SES-GO registrou 11.888 ocorrências de acidentes com animais peçonhentos, dos quais 7.480 envolveram escorpiões e 1.474, serpentes.

O Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), gerido pelo Instituto Sócrates Guanaes (ISG) e vinculado ao Governo de Goiás, atendeu 979 casos em 2023. Em 2024, esse número já subiu para 1.111 até o momento, um aumento de aproximadamente 13,48%. No total, foram registrados 1.382 casos ao longo do ano de 2023.

A infectologista do HDT, Lissa Rodrigues, destaca que cerca de 70% dos acidentes com serpentes ocorrem durante a estação chuvosa.

“Com o aumento da umidade, tanto as cobras quanto as pessoas tornam-se mais ativas. As serpentes saem em busca de alimentos e abrigo, enquanto as pessoas se deslocam mais, principalmente em áreas rurais, o que aumenta o risco de encontros”, explica a especialista.

Na região metropolitana de Goiânia, a maioria das picadas de cobra é causada por serpentes do gênero Bothrops, conhecidas popularmente como jararacas. Outras espécies comuns incluem a jararacuçu e a cascavel.

“A cascavel é menos frequente, mas muito mais perigosa. Raramente observamos acidentes com a cobra coral, que também é venenosa”, acrescenta a médica.

Além das cobras, aranhas e escorpiões também são responsáveis por acidentes durante todo o ano. A ocorrência desses animais não está diretamente ligada ao clima chuvoso, mas a prevenção e os cuidados são igualmente importantes.

O que fazer em caso de picadas de animais peçonhentos?

Caso ocorra uma picada de cobra ou de outro animal peçonhento, é importante lavar imediatamente a área afetada com água e sabão.

“Não se deve amarrar ou fazer torniquete. O atendimento médico deve ser buscado o mais rápido possível. As unidades de saúde locais podem ser acionadas, e o HDT é uma referência no tratamento desses casos”, orienta Lissa Rodrigues.

Em áreas rurais, os hospitais podem solicitar o antiveneno. Se não estiver disponível, o paciente deve ser encaminhado para um centro especializado.

O soro antiofídico pode ser administrado até sete dias após a picada, mas o tratamento precoce é crucial para reduzir as chances de complicações graves. A demora pode causar problemas sérios, como insuficiência renal no caso de picadas de cascavel, e hemorragia severa no caso de jararacas.

“Acidentes com jararacas podem causar inchaço severo no local da picada, às vezes necessitando de cirurgia. A picada de cascavel, se não tratada rapidamente, pode levar à insuficiência renal, e a falta de tratamento pode ser fatal. Por isso, é fundamental buscar atendimento médico o quanto antes”, alerta a infectologista.

Crianças e idosos são especialmente vulneráveis a reações graves em caso de picadas de escorpião, cujas toxinas podem causar arritmias cardíacas e edema agudo de pulmão, resultando em parada cardíaca ou insuficiência respiratória. O tratamento deve ser imediato.

Prevenção

Para evitar acidentes com serpentes, é recomendado o uso de botas de cano alto ou perneiras de couro ao caminhar por áreas de risco, como locais com entulho ou vegetação densa.

Além disso, deve-se evitar mexer em áreas onde a visibilidade é limitada. Para prevenir picadas de escorpiões, mantenha os ambientes limpos, livres de entulho e lixo, e busque orientação do Corpo de Bombeiros ou da Vigilância Sanitária sobre o controle desses animais.