Rafael Gouveia propõe diretrizes para Plano de Desenvolvimento de Florestas Plantadas

Rafael Gouveia propõe diretrizes para Plano de Desenvolvimento de Florestas Plantadas

Instituir diretrizes para um plano de desenvolvimento de florestas plantadas no estado é o que dispõe o projeto de lei nº 3049/20, de autoria do deputado Rafael Gouveia (Progressistas), em tramitação na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).

O parlamentar observa que Goiás é o sétimo estado com maior extensão territorial do Brasil, com localização geográfica privilegiada. Apesar disso, coloca, o estado também apresenta considerável porcentual de áreas degradadas, potencialmente aptas de recuperação com espécies florestais e condições ambientais favoráveis aos cultivos de florestas, como solo fértil, topografia de baixa declividade e terras planas e clima com estações bem definidas. Em que pese isso, a silvicultura teve pouco desenvolvimento durante muitos anos no território estadual.

Rafael Gouveia, que é 2º vice-presidente da Alego, frisa que o início dos plantios florestais em solo goiano se deu na década de 1980, para atender às demandas das unidades fabris ligadas ao agronegócio e no processo de calcinação do níquel. “Entretanto, a silvicultura nunca foi abordada e considerada como estratégica, embora os produtos florestais estejam presentes no dia a dia da população de forma direta ou indireta”, ressalta.

E acrescenta: “Contudo, mesmo que possuindo pouca área plantada, Goiás já tem lugar de destaque na qualidade da produção de madeira e látex. Pelas condições geográficas e ambientais, o estado tem mostrado grande potencial para figurar como referência da silvicultura no país”.

Ele salienta ainda que a demanda por produtos madeiráveis e não madeiráveis tem crescido muito no Brasil e no mundo. “A demanda brasileira tem aumentado principalmente com o intenso desenvolvimento dos setores agrícola, industrial e mineral, a redução dos remanescentes florestais nativos, crescentes fiscalizações restringindo o uso de madeira oriunda de extrativismo e também o aumento populacional”.

Gouveia contabiliza números para ilustrar sua argumentação: 85.152.174 m3 de madeira para atendimento às demandas de polpação de celulose e produção de papel; 48.498.596 m3 para geração de produtos serrados, painéis de madeira, madeiras tratadas, dentre outros; 53.297.902 m3 para uso como lenha para suprimento de demandas do agronegócio e de atividades de beneficiamento de minérios; 4.957.238 toneladas para produção de carvão vegetal, com finalidade de suprir demandas siderúrgicas no processo de produção de ferro-gusa e aço, além do uso doméstico; e 315.629 toneladas de látex coagulado para atendimento às demandas para geração de vários produtos à base de borracha natural. "E esses números só tendem a crescer”, afirma.

Segundo o deputado, a probabilidade do aumento da demanda brasileira por produtos de florestas plantadas está alicerçada não só pela necessidade de disponibilização de madeira e produtos não madeiráveis em quantidade e qualidade para atender as indústrias, mas também pela necessidade da diversificação da matriz energética, com crescente incentivo ao uso de fontes renováveis de energias e redução da dependência dos combustíveis fósseis.

Acresce a isso a crescente pressão de fiscalização e dificuldade na aprovação de planos de manejo em remanescentes nativos; redução na oferta e, consequentemente, na comercialização de madeiras procedentes de espécies de formações nativas; crescentes pressões pela implementação de plantios florestais visando à recuperação de áreas degradadas; aumento de demandas pela recuperação de áreas de preservação ambiental, em consequência à implementação do cadastro ambiental rural (CAR); ações governamentais de estímulo à ampliação dos plantios como estabelecidos pelo Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Programa ABC), pela Política Nacional de Florestas Plantadas e pelo Acordo de Paris.

Afirma ainda que, a título de exemplo e comprovação do potencial da silvicultura, o Mato Grosso do Sul vem desenvolvendo programas para tornar o setor de florestas plantadas como estratégico e prioritário, colhendo como resultado um aumento de 3% para 27% do PIB nos últimos 10 anos.

E conclui: “Diante dessa realidade micro e macroeconômica, o Plano de Desenvolvimento de Florestas Plantadas do Estado de Goiás vem lançar o marco inicial no estabelecimento de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento de Goiás e de toda a cadeia produtiva, contemplando inclusive meios para atração de investimentos e melhoria do clima de negócios”.

Aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ), da Alego, com parecer favorável do deputado Virmondes Cruvinel (Cidadania), a proposição está na pauta prévia do Plenário, em fase de primeira discussão e votação.