Audiência pública discute segurança da Ponte Affonso Pena

A ponte Affonso Penna foi inaugurada em novembro de 1909, sendo considerada a mais antiga ponte pênsil do país

A situação da Ponte Affonso Pena, que liga Itumbiara (GO) e Araporã (MG), foi tema de uma audiência pública virtual realizada nesta segunda-feira (24), por iniciativa do deputado Gugu Nader (Avante). O parlamentar alertou que a estrutura, tombada como patrimônio cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), apresenta riscos e precisa de uma solução urgente.

O debate contou com a participação de representantes do Iphan em Goiás e Minas Gerais, do Ministério Público Federal (MPF) e de engenheiros do instituto. Durante a audiência, Nader defendeu a formalização de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para acelerar as medidas necessárias. “Essa ponte é fundamental para a região. Sem ela, os municípios dependem apenas da BR-153, onde o tráfego é intenso e perigoso”, ressaltou.

RISCO À SEGURANÇA E IMPASSE JUDICIAL

O superintendente do Iphan em Goiás, Gilvane Felipe, destacou que, apesar das más condições, a ponte segue aberta ao tráfego, o que considera inaceitável. Já a superintendente do Iphan em Minas Gerais, Luciana Rocha Feres, lembrou que uma ação civil pública movida desde 2018 resultou na condenação dos municípios para restaurar a estrutura, mas a situação continua sem solução definitiva.

“A Justiça já determinou a restauração, mas a ponte chegou a ser interditada e, ainda assim, segue sendo usada sem controle. A Defesa Civil deveria estar aqui para avaliar uma nova interdição. O risco é real, e não podemos esperar uma tragédia para agir”, alertou Feres.

O engenheiro André Henrique Macieira de Souza, do Iphan, reforçou que a interdição deveria ser mantida até que os estudos e projetos necessários sejam concluídos. “Os municípios precisam apresentar soluções concretas. O recurso é limitado e deve ser bem utilizado para recuperar a ponte, não para pagar multas”, pontuou.

O procurador do MPF em Goiás, Raul Batista, disse que, até o momento, os únicos documentos disponíveis são o laudo do Iphan e o convite para a audiência. Ele mencionou o caso recente da ponte que desabou entre Tocantins e Maranhão, causando mortes, e alertou que a Ponte Affonso Pena pode seguir o mesmo caminho se medidas urgentes não forem tomadas.

ESTRUTURA COMPROMETIDA

Os engenheiros do Iphan relataram que a ponte, com 240 metros de extensão, apresenta deformações em ambos os lados. Apesar da proibição de tráfego pesado, veículos continuam circulando, agravando os danos. “Ela foi desmontada e remontada na década de 1970, e não temos um registro claro do que foi alterado na estrutura original. Isso torna a recuperação ainda mais complexa”, explicou a engenheira Flávia Thais Santana Silva.

A Ponte Affonso Pena, inaugurada em 1909, é a mais antiga ponte pênsil do país e um marco da integração entre Goiás e Minas Gerais. Hoje, sua preservação se tornou um desafio, envolvendo disputas judiciais e indefinições administrativas. Com o alerta de especialistas sobre o risco de colapso, o futuro da ponte depende da ação coordenada entre os governos municipais, órgãos de preservação e a Justiça.