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Nesta quarta-feira, 16, é comemorado o Dia Nacional da Conscientização sobre Mudanças Climáticas

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Comemorado nesta quarta-feira, 16, o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas foi estabelecido pela  Lei nº 12.533, de 2 de dezembro de 2011, a fim de ampliar as discussões sobre as transformações ambientais e seus efeitos. “Nesse dia, as escolas promoverão atos, eventos, debates e mobilizações relacionados a medidas de proteção dos ecossistemas brasileiros”, lê-se no artigo 2º da lei. Sancionada há mais de 10 anos,  essa conscientização torna-se cada vez mais relevante. 

Há décadas, ambientalistas e cientistas de diversas áreas têm alertado sobre os efeitos nocivos da degradação ambiental. Entretanto, o que antes se restringia a ameaças para o futuro agora já pode ser sentido em diversas partes do globo. Furacões, desertificação de regiões férteis, derretimento de calotas polares e inundação de áreas costeiras são alguns dos impactos que já colocam em risco a sobrevivência humana na Terra. 

O engenheiro florestal Tasso Azevedo coordena o Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima, uma rede de Organização não Governamentais (ONGs) que alerta para a urgência das questões climáticas. “O mundo emite mais ou menos 50 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa por ano. O planeta é capaz de absorver metade disso, nas florestas e oceanos. O resto se acumula na atmosfera e demora centenas de anos para retornar. Um dos principais efeitos disso é a elevação da temperatura média do planeta, que já aumentou um grau. Pode parecer pouco, mas o que os cientistas nos dizem é que se aumentar dois graus na temperatura média vai ser muito difícil de nós conseguirmos nos adaptar e conviver com esses impactos”, contextualiza Tasso. 

A fim de chamar a atenção para a necessidade de mudanças nos hábitos contemporâneos de produção e de consumo, ele também elenca as causas da concentração dos gases de efeito estufa. “Dois terços disso vem dos combustíveis fósseis: carvão, petróleo, gás, que são usados para a geração de energia, para o transporte e também para a produção industrial”, aponta o especialista e defensor da utilização de fontes alternativas de energia, em prol do desenvolvimento sustentável. Na lista dos vilões das mudanças climáticas, Azevedo também inclui o desmatamento e a degradação ambiental provocada pela agropecuária e pelo acúmulo de lixo. 

Esforços integrados

Doutor em Ciência, Tecnologia e Sociedade, o professor Allan Veltrone defende que o tema é necessariamente interdisciplinar, ou seja, para atingir resultados práticos, a discussão demanda integração de conhecimentos e de esforços. “Quando os cientistas naturais dizem coisas como: ‘se não forem tomadas imediatamente medidas drásticas, essa espécie de onça desaparecerá deste bioma’, espera-se que as tais medidas drásticas sejam tomadas. Mas não é assim que acontece. Há que se olhar para a rede na qual o objeto está inserido. Há que se olhar para os pareceres da ciência, para os criadores de gado que matam as onças, para quem e porque desmata o habitat do felino, para a dinâmica populacional do animal, para os governos responsáveis por promover a preservação da espécie, etc”, exemplifica o pesquisador.

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Veltrone também considera como desafios o negacionismo e o ceticismo quanto ao aquecimento global, que vêm ganhando espaço na sociedade, apesar de irem na contramão das evidências científicas. “É mais confortável pensar que não existe aquecimento ou que existe, mas que nada podemos fazer. Além disso, os cientistas escrevem para seus pares, enquanto os divulgadores escrevem para o grande público. Sendo assim, mesmo que seus argumentos não tenham muita fundamentação, atingem um público maior e são mais facilmente compreendidos”, pondera o pesquisador. Daí a necessidade de difundir conhecimentos sobre as mudanças climáticas de uma maneira acessível ao maior número possível de pessoas. 

Neste Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas vale a reflexão: como podemos, individual e coletivamente, contribuir para essa inflexão tão necessária? Com algumas alternativas simples, cada cidadão pode colaborar um pouco:

  • Reduzir o uso do carro particular – Você pode organizar caronas solidárias e usar o transporte público em algumas ocasiões. Já para distâncias menores, pode inserir caminhadas e uso de bicicletas;
  • Reduzir o consumo de eletricidade – Você pode utilizar lâmpadas de LED e eletrodomésticos com maior eficiência energética, além de reduzir o uso de eletrônicos;
  • Adotar práticas mais conscientes de consumo – O lixo que acumulamos é proporcional aos gases de efeito estufa que produzimos. Ao consumir apenas o essencial, poupamos recursos naturais e reduzimos nossa pegada ambiental, que são as marcas que deixamos sobre o meio ambiente. 
  • Inserir o causa ambiental na agenda política – Quando os políticos reconhecem que o meio ambiente está entre as preocupações do eleitorado, o tema passa a ter uma presença mais relevante na agenda política. 

Participação parlamentar

A mobilização em prol de alternativas mais sustentáveis de vida e desenvolvimento também permeia os debates na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego). O deputado Virmondes Crunivel (Cidadania), por exemplo, é autor de vários projetos de lei que enfrentam essa temática sob diferentes ângulos. 

No processo 8517/21, ele busca instituir a Política Estadual de Implementação da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), da qual o Brasil é signatário. A política tem por objetivo fomentar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como marcos orientadores das políticas públicas para alcançar, entre outros alvos, a energia limpa e sustentável. “É de suma importância que o estado de Goiás integre essa agenda mundial e contribua para os processos do Estado brasileiro que visam a implementação dos ODS no Brasil”, argumenta o parlamentar em sua justificativa.

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Já com a proposta nº 7782/21, Virmondes quer implementar a Política Estadual de Manejo Integrado do Fogo. A iniciativa visa, por exemplo, à redução da incidência e dos danos dos incêndios florestais no território estadual”. O deputado esclarece que o projeto também prevê a implementação do Comitê Estadual de Manejo Integrado do Fogo. Ao colegiado caberá, entre outras medidas, “propor instrumentos de análise de impactos dos incêndios e do manejo integrado do fogo sobre a mudança no uso da terra, a conservação dos ecossistemas, a saúde pública, a flora, a fauna e a mudança do clima”. 

A escassez de recursos naturais fundamentais também é considerada um dos pontos mais preocupantes nesse cenário. “Nos últimos anos têm-se verificado alterações nas condições climáticas no país, com prolongamento dos períodos de estiagem. Eventos de aumento de temperatura, baixos índices de umidade relativa do ar e diminuição dos índices pluviométricos acumulados tornaram-se comuns e mais extremos a cada período. Atualmente, no período crítico de Setembro e Outubro, a vazão do Meia Ponte chega a menos de 800 Lls, bem abaixo da capacidade produtiva limitada à sua outorga de 2.300 Lls”, detalha o deputado Wagner Camargo Neto (Pros), no projeto 7366/21

Em matéria sobre a construção de cisternas em propriedades rurais, o líder do Governo na Casa, deputado Bruno Peixoto (MDB), também demonstra essa preocupação. “As drásticas mudanças climáticas atualmente em curso dirigem a atenção mundial para uma possível escassez ou desequilíbrio de distribuição dos recursos hídricos. Essas mudanças fazem surgir a necessidade de uso racional da água, compreendida sua finitude e o dever do Estado de propor caminhos para sua melhor utilização e economia” (projeto nº 6916/21). 

Já o deputado Jeferson Rodrigues (Republicanos), com a propositura nº 7232/21, quer estabelecer o “Junho de Preservação e Conservação Ambiental”. Em sua justificativa, ele destaca a necessidade de inserir o tema ambiental na agenda socioeconômica. Na justificativa do projeto, o deputado afirma que a conservação dos recursos naturais é condição indispensável para a sobrevivência das futuras gerações. “A gestão e o uso dos recursos naturais devem ser pensados em nível global, multi-institucional e envolvendo toda a sociedade. Estamos chegando aos limites planetários, em termos ecológicos e de clima. Essa grande mudança de paradigma deverá envolver toda sociedade para que, de fato, haja uma mudança sociocultural”, conclama o parlamentar. 

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