Geral
Ação em Samambaia combate violência doméstica
Acolher mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. Com este objetivo, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Samambaia sediou a sexta edição do ciclo de encontros do grupo Mobilização de Mulheres contra a Violência, encerrada esta semana.
Foram realizados encontros quinzenais durante seis meses. Quinze mulheres, acompanhadas por especialistas da unidade, participaram dessa edição, que tratou de questões como fortalecimento de vínculos, reconhecimento de direitos e formas de inserção em redes de apoio socioassistencial e jurídico.
“A partir do momento em que ocorre a violência, não é mais uma questão de intimidade do casal, já não é no âmbito privado, é uma questão do Estado. A mulher deve entender um fato: não é normal ter um relacionamento abusivo, em que a convivência com o companheiro é de medo e desconforto”Isabela Chaves, promotora do MPDFT
No âmbito psicológico, foram realizadas abordagens como a terapia comunitária integrativa do psiquiatra Adalberto Barreto — rodas de conversa para partilhar experiências de vida e sabedorias de forma horizontal e circular. Nessa metodologia, todas se tornam corresponsáveis na busca por soluções e superações no cotidiano, em um ambiente acolhedor e caloroso.
Além de palestra e orientação sobre segurança jurídica, foi oferecido um momento de autocuidado e bem-estar, com técnicas de maquiagem, penteados e manicure.
Uma das participantes, Delana (nome fictício para preservar a identidade da cidadã, resguardada por medida protetiva), disse que sofreu várias formas de violência no lar. A falta de informações sobre como proceder e a quem buscar quase a fizeram desistir de procurar apoio acerca do que estava acontecendo dentro de casa.
Depois de passar pelo atendimento no Creas, e passar pelo acolhimento e pelo apoio recebido, Delana não pensa mais em como era, apenas em como será.
Para o gerente do Creas Samambaia, Lucas Clementino de Ceia, o principal intuito desses encontros é trabalhar o fortalecimento e o vínculo com as vítimas de violência. “Essas mulheres chegam fragilizadas e desacreditadas. Nesse momento entra o papel do Creas de orientar, apoiar e fortalecer a rede de mulheres, principalmente das regiões do Recanto das Emas e de Samambaia.”
O grupo Mobilização de Mulheres conta com a parceria da Casa Azul, do Instituto Eva, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), da empresa Ondas & Cachos e do Instituto Proeza.
Medidas protetivas
As ordens judiciais de proteção são prerrogativas da Lei Maria da Penha expedidas por juizados dentro do prazo de 48 horas, e em caso de descumprimento, acarretam decretação de prisão ao réu.
As medidas englobam o afastamento do agressor do lar e a proibição de contato e de aproximação, que visa impedir o ofensor de perseguir a vítima tanto de modo presencial quanto virtual. Também, a fixação de uma pensão para aquisição de alimentos provisórios e a suspensão de posse ou porte de armas.
A promotora do MPDFT, Isabela Chaves, orienta que a mulher deve estar atenta a sinais de violência e que não é aconselhável esperar agressões mais graves para tomar uma decisão. “A partir do momento em que ocorre a violência, não é mais uma questão de intimidade do casal, já não é no âmbito privado, é uma questão do Estado. A mulher deve entender um fato: não é normal ter um relacionamento abusivo, em que a convivência com o companheiro é de medo e desconforto”, ressalta.
“A legislação aprimorou as medidas protetivas e cautelares na segurança de mulheres e crianças. Temos também instituições que ajudam homens agressivos, pois a cultura de violência é geracional”, acrescenta a promotora. Segundo ela, os filhos aprendem com os pais a se relacionar com a família, “e tanto os bons quanto os maus comportamentos são continuados.”
Isabela alerta que a violência é escalonada: ela começa com agressões sutis, com comentários que desabonam a conduta da mulher, o familiar age com rispidez, xinga, menospreza, até chegar à agressão física ou até mesmo ao feminicídio.
*Com informações da Secretaria de Desenvolvimento Social
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