Geral
Galeria de todas as cores
O viaduto da Galeria dos Estados deixou de ser só uma estrutura de concreto cinza que sustenta a passagem de veículos. Em seus vãos, cores, formas e estilos se misturaram uma centena de mãos de artistas selecionados para o IV Encontro de Graffiti. Desde a quinta-feira (8), ocupam seus metros quadrados em estado de felicidade. A iniciativa é da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) e tem apoio da Administração Regional do Plano Piloto
“Este evento valoriza os pilares da arte urbana e age efetivamente no processo de reinserção social dos moradores de rua, que estão nos auxiliando neste processo”Carlos Astro, membro do Comitê Permanente de Grafite
Um dos veteranos do grafite no Distrito Federal e membro do Comitê Permanente de Grafite, Carlos Astro considera a oportunidade de grafitar na Galeria dos Estados um privilégio, em se tratando de um local com histórico e recém entregue à população. Em seu painel, o artista resolveu homenagear o Comitê Permanente do Grafite. “Trabalhamos pelo fortalecimento dos valores da cultura Hip Hop, em que um dos principais deles é o resgate social. Este evento valoriza os pilares da arte urbana e age efetivamente no processo de reinserção social dos moradores de rua, que estão nos auxiliando neste processo”, declara.
Neste sábado (10), o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues, e a administradora do Plano Piloto, Ilka Teodoro, foram conferir os trabalhos.
“Reinaugurada, a Galeria dos Estados é um destaque no coração de Brasília. O encontro traz para a comunidade e os artistas participação e inclusão. A Galeria dos Estados recebe essas cores da alegria das expressões artísticas e Brasília se tornará a capital do Grafitti. Viva à arte urbana do DF!”, celebra o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues.
Ilka Teodoro, Administradora do Plano Piloto esteve presente durante as intervenções e ressaltou que grafitti é arte urbana, uma arte super importante para o Distrito Federal. “Expressões artísticas como essas são muito relevantes para a cidade, além de contribuir fortemente com a economia criativa local”, completou.
Em tempos de pandemia, os artistas selecionados estão cumprindo as normas recomendadas pelas autoridades de saúde. Além de receberem os devidos suportes de higiene, equipamentos de proteção individual e de segurança, os grafiteiros atuam em modo de revezamento, a fim de garantir o distanciamento social. Durante toda a ação que vai até este domingo (11), os artistas também recebem alimentação e insumos para a realização das obras.
De Planaltina, a artista plástica e grafiteira Iasmin Kali destaca que sua participação na intervenção tem o intuito de não só revitalizar o local, mas de dar visibilidade ao grafite feminino e das artistas mulheres como um todo. “Apesar de termos nomes muito importantes na cena da arte urbana feminina, ainda acho que o movimento das mulheres dentro da arte precisa ganhar mais força e proporção. Estes painéis representam o nosso sagrado feminino, maternidade, conquistas e desafios enfrentados por nós mulheres”, conta.
O artista urbano de Sobradinho, Alain Silva, conhecido como Oliver Onk, trabalha no grafite há 19 anos e grafitou o foguete do Parque da Cidade, Torre de TV e deu destaque ao contexto do segmento turístico. “Estou muito admirado com a união e com o empenho que todos os grafiteiros estão tendo com esse projeto e com o estímulo que a arte atua para colorir a cidade e movimentar o segmento artístico”, arrematou.
O edital lançado pela Secec selecionou 100 artistas para realizarem intervenção artística de tema livre em uma área de 10 a 20 m² do novo viaduto da Galeria dos Estados. Com investimento total de R$ 150 mil, cada artista selecionado recebeu R$ 1,5 mil.
Coordenadora da iniciativa, a subsecretária de Economia Criativa da Secec, Érica Lewis, considera o evento uma grande oportunidade de estimular o empreendedorismo cultural e colocar os artistas de rua interagindo com os espaços públicos da cidade. “Este é um passo de um projeto muito maior de ressignificação da Galeria, que é um espaço bem representativo e com um grande fluxo de pessoas todos os dias”, relata.
Érica Lewis lembra, ainda, que grandes cidades do mundo passaram por esse processo e conseguiram resgatar a identidade local, tornando-se grandes centros turísticos. “É o caso de Miami e Nova York, por exemplo, que conseguiram recuperar bairros inteiros com a arte urbana e que se transformaram”.
Recém reinaugurada, a Galeria dos Estados se transforma em uma grande exposição de arte a céu aberto. Renovada, com acessibilidade garantida a pessoas com mobilidade reduzida, calçadas, pisos e banheiros novos, paisagismo refeito e, agora, repleta de arte urbana.
*Com informações da Secec DF
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